Correio Braziliense
postado em 26/07/2020 04:18
As vitaminas e os minerais são essenciais para o organismo. Fazem parte de importantes processos, que garantem o desenvolvimento e o crescimento ao longo da vida, a produção de hormônios, a prevenção de doenças e a manutenção do correto funcionamento das funções do corpo. Grande parte das substâncias são obtidas durante a alimentação. Por isso, temos que estar atentos às nossas necessidades e evitar prejuízos à saúde por causa da deficiência desses compostos nutricionais.
Não são raros os casos de pessoas que apresentam alguma deficiência e convivem com a condição sem saber. “Isso a gente consegue comprovar por meio de exames de sangue solicitados pelo médico. Nos dias de hoje, é raríssimo uma pessoa não ter deficiência em alguma vitamina básica devido à nossa rotina. Vitaminas C, D e B12 são as mais comuns de faltarem”, afirma a nutróloga Nívea Bordin, da clínica Leger.
A carência desses importantes compostos pode ocorrer em qualquer momento da vida — mas há faixas etárias em que pode representar um risco maior à saúde. Segundo a nutricionista clínica Annie Bello, professora da Universidade Estadual do Rio de Janeiro e pesquisadora do Instituto Nacional de Cardiologia, a falta de vitamina B9 na gestante, por exemplo, pode comprometer a gravidez, enquanto que, na criança, a falta de zinco pode causar deficit de crescimento. “Existem outras deficiências que são subclínicas, como a de vitamina D. Por isso, uma correta avaliação do profissional é importante”, explica.
Mulheres em idade fértil e que menstruam regularmente estão dentro do grupo de risco para deficiência de ferro. Os idosos, de maneira geral, devem estar sempre atentos às deficiências nutricionais. “Com o avançar da idade, acontecem alterações no trato gastrointestinal, que comprometem a capacidade de digerir e absorver bem os nutrientes. Além disso, muitos não têm consumo alimentar adequado para atingir as necessidades diárias recomendadas”, detalha Fernanda Vargas, nutricionista pós-graduada em nutrição clínica funcional.
Ela pontua que a deficiência de vitaminas e minerais inclui vários fatores, como a alimentação inadequada com baixo aporte de nutrientes; comprometimento das funções digestivas e absortivas — por falta de mastigação; uso de medicamentos; estresse; ansiedade — que aumenta a demanda de nutrientes —; desequilíbrios metabólicos, entre outros.
Carência manifestada
Alguns sinais do corpo podem surgir como alerta, mas, muitas vezes, eles não são prontamente associadas à baixa ingestão de vitaminas e minerais. “Se pararmos para pensar, nosso corpo é formado por nutrientes. Para que cada célula funcione, preciso de pelo menos 44 deles. A forma como o obtemos é a partir da alimentação — e, às vezes, suplementação. Se faltam nutrientes, o corpo começa a tirar de lugares que não são essenciais para a vida. Por isso, os primeiros sintomas de deficiência costumam se manifestar nas unhas (fracas, quebradiças, com manchas), nos cabelos (queda além do normal), pele (espinhas, alergias)”, explica Fernanda Vargas.
Mas, se essa deficiência se intensifica, ela pode passar a comprometer o funcionamento de outros sistemas e levar à apatia, à dificuldade de concentração, à memória ruim, à depressão, à ansiedade, a câimbras, a formigamento, à dormência, à alteração do funcionamento intestinal, a refluxo, à fadiga, à insônia, entre outros sintomas.
Alguns dos sinais, inclusive, podem estar presentes na própria alimentação. Segundo a nutricionista, a vontade de comer doce pode estar intimamente ligada à deficiência de ferro, uma vez que esse mineral é necessário para a produção de serotonina, junto com as vitaminas do complexo B, C e magnésio. Se o ferro está baixo, forma-se menos serotonina, o que favorece o aumento da vontade por doce e piora quadros de ansiedade e compulsão alimentar.
A nutróloga Nívea acredita que essa vontade pode ser um sintoma ligado a uma flora bacteriana natural não preservada. “Normalmente, esses pacientes têm constipação ou diarreia, pois não preservam sua flora. Isso tem relação com a alimentação. Os doces e carboidratos simples, ao chegarem ao intestino, fazem com que se produza, nesse meio, um pH alcalino, o que faz com que bactérias patógenas se desenvolvam.” A alimentação precisa se basear na ingestão de legumes, verduras, frutas e proteínas boas.
Annie Bello confirma que a alimentação saudável, o exercício físico e o sono em dia são indispensáveis para evitar a deficiência de vitaminas e minerais. “Ao perceber os sinais, porém, devem buscar um médico para realizar o diagnóstico, e um nutricionista para avaliar a alimentação e propor ajustes. É importante compreender que, em caso de deficiência, o médico vai precisar dar doses altas do nutriente. E, muitas vezes, não será adequado tratar apenas com a alimentação.”
Suplementação
A estudante Isabella Chaves, 24, descobriu que estava com deficiência de ferro, zinco, vitaminas do complexo B, D, selênio e magnésio apenas quando passou a ter acompanhamento nutricional, mas explica que os sinais já começavam a surgir. “Tive queda de cabelo, cabelos opacos, unhas fracas e com manchas, indisposição, eu me sentia cansada sempre. Além disso, tinha formigamento nas pernas.”
Ela precisou fazer suplementação com fórmulas manipuladas para as vitaminas que precisava, além de ômega 3, vitamina D-3 e própolis — tudo orientado pela nutricionista. Na alimentação, ela aumentou a quantidade de hortaliças e vegetais. “A castanha-do-pará também foi um alimento que implementei diariamente na minha rotina e reduzi o consumo de industrializados e açúcares.”
A estudante ainda tem carências, mas passou a notar grandes melhoras dos sintomas físicos. “Nunca imaginei que tivesse deficiência de vitaminas e minerais, acreditava que eram normais os sintomas que estava apresentando. Desde que comecei a fazer a reposição desses nutrientes e mudei meus hábitos alimentares, melhorei muito minha qualidade de vida. Eu me sinto mais disposta, além de ajudar a recuperar minha autoestima. A alimentação é peça chave para manter o equilíbrio do corpo, tanto físico quanto mental.”
*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte
Na hora da alimentação
- Folhas verde escuras, como couve, rúcula, agrião, espinafre, mostarda e chicória, são fontes de magnésio, vitamina K, ferro e ácido fólico.
- Frutas cítricas, como laranja, tangerina e limão, são fontes de vitamina C.
- Nas sementes de abóbora, são encontrados zinco e magnésio.
- Leguminosas, como feijão, lentilha, grão-de-bico, são ricos em ferro, zinco e vitaminas do complexo B.
- Abacate é fonte de vitaminas E, K, B6, ácido fólico e potássio.
- A castanha-do-pará é a principal fonte de selênio.
- Laticínios — leite e derivados —, sardinha, gergelim e as folhas verdes escuras são ricos em cálcio.
- Carne bovina, peixe, frango, ovo, laticínios e outros alimentos de origem animal são fontes de vitamina B12.
- Óleo de fígado de bacalhau, laticínios, ovo, mamão, abóbora, batata-doce, cenoura e outros carotenoides são ricos em vitamina A pronta.
- Fígado, amendoim, camarão e outros frutos do mar são ricos em cobre.
- A vitamina D é obtida basicamente do sol, mas o óleo de fígado de bacalhau, peixes mais gordurosos, como salmão, atum e cavala, ovos, fígado bovino e manteiga também são fontes.
Fontes de nutrientes
Reunimos sintomas citados pelas especialistas que podem surgir em cenários de carência e alguns alimentos que são fontes de vitaminas e minerais. É importante destacar que muitos desses sinais podem estar ligados a mais de uma vitamina ou mineral e que o excesso desses compostos nutricionais também geram prejuízos à saúde e até o desenvolvimento
- de doenças. Por isso, a avaliação e orientação do profissional especializado para a reposição é imprescindível.
- Cálcio: deficiência desse mineral pode causar falta de memória, confusão, espasmos musculares, cansaço extremo e cãibras. Ele é essencial para a formação de ossos e dentes, contração muscular e para regular a coagulação sanguínea.
- Cobre: pode levar à perda de peso, queda de cabelo, dores musculares, pele pálida, fadiga e temperatura corporal baixa. Sua ingestão é importante para o funcionamento de diversas enzimas, para formação de hormônios e regulação de outros compostos no corpo.
- Ferro: interfere no funcionamento da tireoide e na síntese de hemoglobina. Com isso, outros sintomas que caracterizam essa deficiência incluem queda de cabelo, cansaço e fadiga.
- Vitamina B12: afeta principalmente as funções neurológicas e costuma se manifestar com sintomas como memória ruim, fadiga, dores musculares, dificuldade de concentração, dormência ou formigamento e até depressão.
- Zinco: os sintomas mais característicos são unhas fracas, que descamam e que apresentam manchas brancas, queda de cabelo, aparecimento de acne e diminuição do apetite. Situações de estresse e ansiedade aumentam a demanda por zinco, já que ele é necessário para a produção de cortisol – conhecido como hormônio do estresse – e para controlar os radicais livres.
- Magnésio: pode se manifestar com sintomas como câimbras, intestino preso, ansiedade e insônia. Atua no relaxamento do tecido muscular, dos músculos da parte intestinal e dos neurônios.
- Vitamina A: dois dos grandes sintomas ligados à sua insuficiência são a cegueira noturna e o ressecamento da pele. Esse composto é importante para o metabolismo celular, a manutenção da pele e para a diferenciação de tecidos de alguns órgãos.
- Vitaminas do complexo B: com a carência, podem surgir lesões na boca. Outro exemplo é a deficiência de biotina, que é uma vitamina do complexo B e pode causar queda de cabelo. Essas vitaminas atuam em diversos processos do corpo humano e podem ajudar na prevenção de doenças cardiovasculares, congênitas e neurológicas.
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