Revista

Confira a modernização das pin-us

Com quase 100 anos, o estilo pin-up mantém-se mais atual que nunca. Veja como montar um guarda-roupa vintage e da cultura pop

Correio Braziliense
postado em 27/07/2020 08:00
A fotógrafa Violeta Céspedes não incorpora a pin-up, mas é uma admiradora do estilo e costuma fotografar modelos devidamente montadasDos anos 1930 a 1950, mulheres que eram pintadas em quadros ou calendários eram popularmente chamadas de pin-ups. Essas imagens ficaram conhecidas ao serem penduradas nas paredes para embelezar ou para serem admiradas, especialmente pelos soldados da Segunda Guerra Mundial. Ao longo do tempo, muitas pessoas transformaram, porém, esse vocabulário em um estilo de vida.

“Normalmente, são ilustrações de corpos em poses sensuais, mas não vulgares, ou seja, mostrando bastante feminilidade da mulher”, define a piercer profissional e modelo pin-up Luciana Monteiro Maia. “As mulheres aparecem sempre atraentes, com shorts curtinhos e blusinhas mostrando um pouco da barriga. Também podem usar um maiô, um biquíni ou uma roupa mais justinha”, descreve o vestuário de uma clássica pin-up.
 
Luciana Monteiro Maia se inspira em Amy Winehouse na hora de montar o look: sempre impecável 

Ao longo dos anos, o termo evoluiu e, hoje, é muito mais do que um estilo, é uma estética. “Popularizou-se, também, pelo uso das roupas de bolinhas (poá), pelos penteados e roupas parecidas ou inspiradas na época. Também é muito usado como fantasia atualmente”, diz.

Luciana inspira-se em alguns looks e maquiagens da cantora Amy Winehouse para montar os seus looks. Ela dá dicas de como arrasar. “Deve ter um visual caprichado e sempre bem pensado. Uma pin-up gosta de estar sempre impecável e de criar combinações. Não há imposição.”

Do doce ao rock 

Jéssica Pink começou a se interessar pelo estilo rockabilly aos 15 anos: capricho na maquiagem e no penteado
 
A hairstylist Jéssica Pink começou a se interessar pelo estilo rockabilly aos 15 anos. Ela dá uma dica básica de como criar o visual. “A minha combinação favorita é calça jeans de cintura alta, camiseta e um lenço no cabelo. Com a polarização do termo, é muito mais fácil achar looks acessíveis e fazer adaptações com roupas de lojas de departamento.”

O jeito pin-up de ser não está presente só nas roupas, mas, também, no cabelo e na maquiagem. Na cabeça, vale apostar em acessórios ou lenços. E complementar o visual com brincos de bolinha ou uma argola e um batom vermelho.

Para Jéssica, em comparação com as pin-ups antigas, hoje em dia, elas têm mais liberdade de fazer o que quer e escolher ser o que quiser. “Não tem mais a obrigação de ser submissa a um relacionamento. Afinal, gostar do estilo retrô não significa ser retrógrado!”, diz ela, especialista em penteado vintage.

Há mulheres que não se consideram pin-ups, mas são admiradoras do passado e da fotografia antiga, dos desenhos, das ilustrações e dos calendários. Esse é o caso da fotógrafa Violeta Céspedes, 31. “Eu tiro fotos de modelos vestidas e maquiadas nesse estilo. É umas das vertentes em que me inspiro e trabalho nos ensaios temáticos”, conta. Alguns ensaios foram feitos no Parque da Cidade ou até em uma barbearia da cidade, com a modelo em posições sensuais e empoderadas.

Ela diz que se identifica com as décadas 1920 a 1950 e, também, com estilos, como burlesco, rockabilly e de divas de Hollywood. Violeta estuda sobre o assunto e já até escreveu um flyer digital. “Pesquiso sobre os visuais pin-ups para retratar bem nas fotos”, diz.

Deu clique!

Para Ayanne Siqueira, o estilo mudou a sua vida: %u201CEu era uma pessoa antes de ser uma pin-up. Agora, sou outra%u201D 

 

A modelo Ayanne Siqueira, 23 anos, ama o estilo pin-up. “Abriu portas não só para uma estética mais ampla de corpos, mas, também, para um comportamento mais livre das mulheres”, justifica. A jovem observa que esse universo traz com ele a recepção de todos os tipos de corpos e, de quebra, de estereótipos. “Eu era uma pessoa antes de ser uma pin-up. Agora, sou outra, depois que me encontrei, pois a minha autoestima mudou”, constata.

Ela sempre gostou de história, de ver indumentárias de época, saber o porquê de cada estética. “Quando vi, cada vez mais, estava lendo sobre essas décadas, sobre a evolução da visão feminina e das posições das mulheres na sociedade. Eu ficava presa e apaixonada.”

A moradora do Gama começou o processo de testes de novos visuais entre 2012 e 2013. “Um ano depois, resolvi adaptar o meu estilo de vida, o guarda-roupa, por fim, entrar nesse mundo. O meu estilo é uma mistura de cheesecake com rockabilly”, explica.

Segundo ela, o cheesecake ficou conhecido entre os anos 1930 e 1950, ao comparar as mulheres com a sobremesa (um bolinho). “Era aquela mulher doce, meiga e provocativa. O rockabilly, também é dos anos 1950, mas recebeu esse nome porque as mulheres que aderiram gostavam de roupas mais chamativas e iam em ambientes que tocavam músicas.”

Para ela, seja no ônibus lotado, indo para o trabalho, seja na rotina de mãe ou em qualquer outro lugar, a pin-up sempre está presente. “A minha combinação favorita, é uma saia-lápis (justa), blusa ombro a ombro, um acessório na cabeça e um salto.” Antigamente, as pin-ups costumam ser modelos e estavam em pôsteres. “Hoje em dia, elas podem ser manicures, arquitetas, professoras, médicas, etc. e podem estar em qualquer lugar. Não é só mais uma arte, tornou-se um movimento de união de mulheres, ou seja, um lifestyle.”

Alguns tipos de pin-ups

Burlesca
São artistas, atrizes e dançarinas, que costumam estar ligadas à cultura do cabaré e do erotismo. Um exemplo perfeito seria a dançarina Dita Von Teese. São sensuais e provocativas, mas não necessariamente stripers. O estilo tem um toque ligeiramente vitoriano. As adeptas usam roupas mais sóbrias e lingeries sensuais, corsets e espartilhos, muito decote, renda, veludo e tecidos finos.

Cheesecake
São pin-ups extremamente bonitas, meigas, doces, românticas e ingênuas, bem no estilo das ilustrações do artista Gil Elvgreen. No armário, roupas de cores vivas e estampas divertidas, como de frutinhas ou cupcakes. Também vestidos amplos de cintura marcada e saias godê, especialmente se a referência for o New Look dos anos 1950. Uma clássica representante do estilo é a cantora Katy Perry.

Rockabilly
Estilo inspirado nos anos 1950 e diretamente ligado à música e à cultura do rockabilly e do rock’n’roll clássico. É bem no estilo do filme Cry Baby. Calça jeans skinny (cigarrete) de cintura alta e, muitas vezes, de comprimento curto, camisas xadrez, saias de cintura alta e cintos largos. Aparece, também, a saia godê. As rockabillies adoram tatuagens em estilo Old School, com âncoras, cerejinhas e andorinhas. Apesar de a bandana ser um acessório dos anos 1940 e pouco usado nos 1950, as rockabillies dos dias de hoje a usam com frequência, assim como as flores no cabelo. É muito comum a adoção de topetes e da franja rolo, ao estilo Bettie Page.

Clássica ou Classic Hollywood
É o estilo das grandes atrizes do cinema e om que mais disseminou o pin-up. Marilyn Monroe, Elizabeth Taylor, Rita Rayworth, Ava Gardner, Bettie Grable... foram algumas das adeptas, todas divas muito femininas e elegantes. Elas fizeram muito sucesso entre os anos 1930 e 1950. O guarda-roupa inclui peças sensuais e sofisticadas, de material de muito boa qualidade e cortes clássicos. As joias são de tirar o fôlego.

Psychobilly
É uma espécie de rockabilly, só que mais pesada e sobrecarregada. O estilo é uma mistura de rockabilly com elementos do punk rock dos anos 1980. Usam topetes e gostam de mechas coloridas ou até mesmo descoloridas no cabelo e na franja. Maquiagem mais carregada e com delineado mais grosso e sombra mais escura. Amy Winehouse foi uma grande representante.
 
*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Tags