postado em 23/04/2008 16:21
Quem imaginava que a novela dos casos de doping da nadadora brasiliense Rebeca Gusmão terminaria em meados de abril terá de aguardar algumas semanas até o desfecho do mais demorado caso de doping já registrado no Brasil. A Corte Arbitral do Esporte (CAS), com sede Lausanne, na Suíça, que julga o caso da atleta referente a um exame realizado em maio de 2006, no Troféu José Finkel, no Brasil, anunciou o adiamento do veredicto, previsto agora para 15 de maio.Em 2006, um exame detectou altos índices de testosterona na urina de Rebeca, mas a nadadora alegou que a amostra analisada estava contaminada por bactérias e, portanto, não poderia servir para análise. A brasiliense, que ainda espera a decisão da Federação Internacional de Natação (Fina) sobre exame antidoping positivo, promovido pela entidade no dia 13 de julho, no Pan do Rio de Janeiro, recebeu a notícia do adiamento da decisão do CAS com tranqüilidade. "Isso acontece. Pode demorar o quanto quiser, desde que haja justiça", declarou a atleta.
Um dos advogados da nadadora, Breno Tannuri, afirmou que esse adiamento está previsto em regulamento. "Não tem novidade nenhuma, é normal. Não é bom nem ruim. Só é complicado no que diz respeito ao psicológico e a ansiedade de Rebeca", acredita.
Ao contrário de Rebeca e de Tannuri, o técnico da atleta, Hugo Lobo, aposta que seria bem melhor se o resultado saísse rápido. "O atleta olímpico é acostumado a pressões. Mas um caso desses deixa a pessoa vulnerável. Na minha opinião, é melhor que fosse rápido, pois ela estaria liberada para focar nos seus objetivos, para competir ou seguir sua vida pessoal."
Segundo a atleta, essa demora não assusta. Para ela indica que existem pessoas investigando, revendo os fatos, os exames, para não haver erros. "Concordo que é preciso ter calma. Ser cuidadoso. Imagina se simplesmente pegassem um papel para ler e resolvessem que a culpada é aquela menina... É um caso complexo, não pelos depoimentos, mas até pelo lado científico. Senti que na Suíça as pessoas que avaliam o caso são seríssimas e preparadas", avaliou. "Sair esta decisão agora ou daqui a 15 dias não iria mudar nada na minha rotina. Exceto, claro, tirar um peso de 200 quilos das minhas costas."
Rebeca admitiu que já tinha decidido não participar do Troféu Maria Lenk, dia 6 de maio, no Rio de Janeiro, última seletiva olímpica da natação no país. A atleta lembrou que já possui o índice nos 50m livre, prova que pretende nadar em Pequim, caso seja absolvida em seus processos.
Ela explicou que, até ser julgada, ainda detém as marcas do Pan, competição na qual assegurou o índice olímpico para os 50m livre. Segundo ela, embora a Odepa (Organização do Desporto Pan-Americano) tenha divulgado na imprensa que cassou suas medalhas de ouro no Pan nos 100m e 50m livre e também nos revezamentos 4 x 100m medley e 4 x 100m livre, isso não ocorreu. "As medalhas estão comigo. A Odepa me mandou uma carta dizendo que iria me tirar as medalhas em função do exame que acusou testosterona, mas eles não poderiam fazer isso.
Antes do resultado da contraprova não posso perder medalha nenhuma. Embora a competição fosse deles, o exame é da Fina e eu ainda não fui julgada. Só entrego as medalhas se a Fina e a CAS me considerarem culpada ", garantiu Rebeca, acrescentando que seus resultados continuam na página da Fina e no ranking mundial.
A atleta candanga disse que está tocando sua vida naturalmente. Segundo ela, os treinos continuam intensos sobre a orientação de Hugo Lobo. Suas atividades na piscina são feitas cerca de cinco a seis horas diárias, incluindo parte física, ambas na academia Resistência Física, na Asa Norte.