postado em 25/04/2008 18:09
Pela primeira vez presente em um GP de Fórmula 1 desde que seu filho passou a ser titular da Renault, o tricampeão mundial Nelson Piquet não perdeu a língua afiada. Em entrevista à rádio Jovem Pan em Barcelona, Piquet foi bastante sincero ao comentar a polêmica envolvendo Max Mosley, presidente da Federação Internacional de Automobilismo (FIA).
"Estou irritado com o Mosley, ele nem me convidou...", ironizou o ex-piloto. Pouco antes do GP do Bahrein, um tablóide inglês disponibilizou na internet um vídeo no qual o dirigente está em uma orgia com temática nazista acompanhado de cinco prostitutas. "É muita hipocrisia criticar Mosley. Muitos que falam dele fazem coisas até piores em casa. Eu acho que foi armado", emendou.
Ele, que ressaltou acreditar que o pupilo Nelsinho Piquet vá ser campeão mundial um dia, também foi irreverente ao falar sobre o recorde de Rubens Barrichello, que neste domingo se iguala a Riccardo Patrese como o piloto que mais vezes se alinhou no grid de largada: 256 vezes "O Rubinho tinha que arrumar um recorde para ele e arrumou isso", comentou Nelson, aos risos.
"Mas tem um mérito, porque você precisa ter uma p... paciência para correr 15 anos. Se bem que se eu fosse europeu, os caras iam ter que me botar para fora da Fórmula 1. Eu só parei porque queria ir para casa, senão corria mais uns dez anos aqui. Mas se o Rubinho teve paciência, bacana", contou. Apesar da brincadeira, Piquet não ficou tão longe de Rubinho: entre 1978 e 1991, ele disputou 207 corridas de Fórmula 1, com 23 vitórias e 24 poles.
Bem-humorado, ele não perdeu a oportunidade de dar uma alfinetada em outro ídolo brasileiro do automobilismo, Émerson Fittipaldi, duas vezes mundial de Fórmula 1. "Hoje é mais difícil ganhar. Se o carro é bom e não quebra, ganha o piloto da melhor equipe. Na minha época, os carros tinham mais problemas, o que abria mais chances para outros. No tempo do Fittippaldi era ainda pior. Ele venceu 14 corridas e eu só o vi vencer três. As outras vitórias caíram no colo dele, que largava em sétimo, via todo mundo na frente quebrar e ganhava", avaliou.
Por outro lado, Nelson rasgou elogios para Fernando Alonso, companheiro de equipe de Nelsinho. "O Fernando é um professor para o Nelsinho, que tem sorte de tê-lo no mesmo time. O Nelsinho tem muito a aprender com ele", afirmou. Conhecido por seu sarcasmo, Piquet ainda afirmou que, se corresse na Fórmula 1 de hoje, marcada pelas declarações políticas e filtradas por assessorias de imprensa, talvez não fosse tão irreverente. "Tudo é uma questão de contrato. Se cada vez que eu falasse, tirassem algum do meu bolso, eu iria ficar quietinho", comentou.