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Rebeca Gusmão obtém vitória no CAS e agora sonha com Pequim

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postado em 09/05/2008 15:36

O final de semana será de comemoração para a nadadora brasiliense Rebeca Gusmão. Nesta sexta-feira (09/05), ela recebeu uma notícia que a deixou com grandes esperanças de que, quando as Olimpíadas de Pequim começarem, em agosto, ela esteja na delegação brasileira.

A Corte Arbitral do Esporte (CAS), com sede em Lausanne, na Suíça, se declarou incompetente para julgar o mérito de um suposto caso de doping ocorrido em 2006 envolvendo a nadadora. Com isso, os advogados da atleta comemoram a primeira vitória nas duas frentes que eles encaram para que a brasiliense possa voltar a participar de competições oficiais.

Segundo o advogado André Ribeiro, a entidade suíça julgou não ter condições de emitir uma decisão sobre um suposto doping de Rebeca ocorrido em maio de 2006, durante o Troféu José Finkel, no Brasil. Com isso, a nadadora está livre da acusação junto à Corte Arbitral do Esporte. "O CAS se declarou incompetente para decidir sobre o caso e isso significa uma vitória processual da Rebeca", explicou o advogado.

Histórico
"Em relação ao caso de 2006 não houve condenação pelo CAS e isso pode ser entendido como uma absolvição. Pode até ser que a Fina (Federação Internacional de Natação) resolva reabrir o caso. Mas, na nossa visão, isso não trará prejuízo à Rebeca pois aí já teriam passado dois anos do caso, que aconteceu em maio de 2006", completou.

Apesar da posição favorável obtida junto ao CAS, Rebeca Gusmão ainda aguarda com ansiedade o resultado de uma outra instância, o Painel Antidoping da Fina, para saber se poderá ou não nadar nas Olimpíadas de Pequim. A Fina ainda precisa se pronunciar sobre o caso ocorrido durante os Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro. E o que os advogados da nadadora esperam é que a Fina siga os mesmos passos do CAS.

"No CAS houve uma decisão técnica, justa e bem fundamentada e é isso que nós esperamos da Fina", disse André Ribeiro. "Se isso acontecer, a Rebeca vai poder voltar a nadar brevemente. Bem mais rápido do que muita gente imagina. Nosso pensamento é que ela possa nadar em Pequim, em agosto", confia o advogado, que acredita que até meados deste mês a Fina irá divulgar sua decisão.

Vantagem

Para o treinador de Rebeca Gusmão, Hugo Logo, a nadadora saiu na frente e já ganhou uma das paradas que enfrentava. "Está 1 x 0 para ela. Agora é esperar a Fina. Estamos bem animados com a possibilidade dela nadar em Pequim. O melhor é que o laboratório canadense (que analisou as amostras de Rebeca tanto no caso de 2006 como no de 2007 e foi acusado pelos advogados de defesa de negligência) foi descredenciado pela Fina, o que só confirma os nossos argumentos", vibrou Hugo.

Na verdade, André Ribeiro esclareceu que o laboratório canadense Institut Armand Frappier não foi descredenciado. "Não houve um descredenciamento oficial", disse o advogado. "Mas a Fina orientou as federações internacionais que em suas competições usem outro laboratório que não o canadense", explicou André.

ENTENDA O CASO

11 de setembro - O jornal O Globo publica reportagem informando que um exame antidoping realizado em 2006 teria detectado índice anormal de testosterona no organismo de Rebeca Gusmão. A Federação de Natação (Fina) e a Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) não se pronunciam.

12 de setembro - Rebeca Gusmão nega ao Correio Braziliense ter feito uso de qualquer substância ilegal e revela que sofre de ovário policístico, uma alteração hormonal que leva ao aumento dos androgênios, ou seja, os hormônios masculinos, e que pode alterar os níveis de testosterona no organismo.

13 de setembro - O Estado de S. Paulo divulga que a Corte Arbitral de Esportes (TAS), com sede na Suíça, entrou no caso. O TAS recebeu um pedido de esclarecimento da Fina sobre o caso de 2006. O julgamento acaba, depois, sendo marcado para 13 de dezembro.

5 de novembro - O Correio divulga, em primeira mão, que um exame antidoping detectou índices elevados do hormônio testosterona no organismo de Rebeca Gusmão no meio deste ano. No mesmo dia em que foi publicada a matéria do Correio, a CBDA, em nota oficial, informou que foi comunicada pela Fina sobre o doping de Rebeca, detectado em exame feito no dia 13 de julho. Rebeca é suspensa preventivamente.

8 de novembro - A CBDA divulga nota informando que o médico Eduardo De Rose pediu exame de DNA em amostras de duas das quatro urinas de Rebeca analisadas pelo laboratório Ladetec, do Rio, durante o Pan e que deram negativas. Os exames, feitos no laboratório Sonda, do Rio, detectam a presença de dois DNAs, o que caracterizaria fraude, segundo De Rose. No mesmo comunicado, a CBDA informa que a diretora médica da entidade, Renata Castro, pediu demissão, por motivos pessoais.

11 de novembro - Adriana Salazar, que deveria escoltar Rebeca Gusmão no exame realizado no dia 18 de julho (um dos que deu duplicidade de DNA ; o outro foi no dia 12 de julho) disse que foi proibida de fiscalizar a coleta de urina da nadadora.

12 de novembro - O presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e do Comitê Organizador dos Jogos Pan-americanos de 2007 (Co-Rio), Carlos Arthur Nuzman, pede ao Secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame, a instauração de um inquérito criminal para investigação de possíveis irregularidades nos procedimentos de controle de doping da nadadora Rebeca Gusmão durante o Pan. O caso vai para a Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Saúde Pública (DRCCSP), cujo titular é o delegado Marcos Cipriano, que encerra as investigações em denunciar ninguém ao Ministério Público por falta de provas.

13 de novembro - O Correio publica um entrevista exclusiva com Eduardo De Rose em que ele declara suspeitar de que Rebeca Gusmão se dopava há tempos. De Rose diz que ele conduziu o exame que de 2006 que deu positivo e disse que o caso era idêntico ao do Pan (testosterona). "Vai me dizer que a Rebeca não estava dopada? Brincadeira! Olhe as fotos e comprove", diz o doutor na entrevista.

16 de novembro - Eduardo De Rose afirma que laboratório canadense, que flagrou Rebeca Gusmão, tem mais competência tecnológica que laboratório carioca Ladetec, responsável pelas análises dos Jogos Pan-Americanos. Renata Castro dá entrevista e diz haver vários interesses poderosos por trás dos casos de doping de Rebeca.

3 de dezembro - Renata Castro depõe no Rio de Janeiro e faz duras acusações a De Rose, dizendo que ele está em uma cruzada pessoal contra Rebeca. Ela questiona o poder de influência de De Rose junto ao COB e diz que ele violou regras mundiais de antidoping para flagrar Rebeca Gusmão. O laboratório canadense Institut Armand Frappier remarcou a data da abertura da amostra B de Rebeca Gusmão colhida no Pan e que deu positivo. A análise da amostra deve acontecer no dia 17 ou 19 de dezembro.

18 de dezembro - O processo de abertura da contraprova da urina de Rebeca Gusmão colhida durante o Pan do Rio tem início. Depois de uma semana de muitas dores de cabeça e de demoras por parte do laboratório Institut Armand Frappier, o médico Jose Blanco Herrera, especialista em doping contratado por Rebeca para acompanhar a análise da amostra B, retorna ao Brasil sem o laudo do laboratório e acusa o instituto canadense de negligência.

10 de janeiro de 2008 - Contrariando delegado Marcos Cipriano, que investigou o caso de duplicidade de DNA em urinas de Rebeca Gusmão, promotor carioca Alexandre Graça, da 17; Promotoria de Investigação Penal da 1; Central de Inquérito do Rio de Janeiro, decide indiciar Rebeca Gusmão por falsidade ideológica. O resultado da contraprova feita pelo Canadá dá positivo.

7 de fevereiro - É a data do julgamento na Corte Arbitral do Esporte (CAS), em Lausanne, na Sauíça, no qual será definido se Rebeca é culpada ou inocente do doping de 2006.

10 de fevereiro - É a data do Painel Antidoping da Fina, em Lausanne, na Sauíça. Na ocasião, a entidade máxima da natação definirá se Rebeca será suspensa em razão do doping no Pan ou se poderá voltar a nadar. Ela poderá pegar uma pena máxima de dois anos.

9 de maio - Os advogados de Rebeca recebem um fax do CAS informando que a entidade suíça se considerava incapaz de condenar a atleta pelo doping de 2006. Para os advogados, isso significa o mesmo que uma absolvição.

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