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Fluminense perde o título da Libertadores nos pênaltis e Maracanã se cala

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postado em 03/07/2008 01:09

A torcida do Fluminense bradou durante 120 minutos a crença de que seu time conseguiria marcar os gols necessários para conquistar o maior título dos 95 anos de sua história. Mas não funcionou. Ao invés de um campeão brasileiro, nesta quarta-feira o Maracanã foi palco da primeira conquista equatoriana da Copa Libertadores da América. Depois de perder no tempo normal e na prorrogação por 3 x 1, a LDU derrotou os cariocas nos pênaltis por 3 x 1.

Com a vitória, LDU vai disputar o Mundial de Clubes em dezembro, no Japão, contra Manchester United (Inglaterra), Pachuca (México) e Waitakere United (Nova Zelândia). Os outros três participantes - os campeões da África, da Ásia e do Japão - serão conhecidos até novembro.

O jogo

A LDU não se intimidou com as quase 80 mil pessoas no estádio e começou o jogo partindo para cima do Fluminense, O jogo estava truncado no meio-campo e a defesa equatoriana mostrava-se eficiente. O Fluminense tentava atacar com ligações diretas ou pelas laterais. Aos cinco minutos de jogo, a LDU aproveitou um contra-ataque puxado por Guerron pela direita. O meia cruzou para Bolaños, que chutou no canto direito do goleiro Fernando Henrique: 1 x 0.

Aos nove minutos, Washington dominou a bola na pequena área e chutou em diagonal, rente ao poste do goleiro. O Fluminense continuou pressionando e vazou a linha defensiva da LDU. O meio-campo dominou a bola na entrada da área, chutou no canto esquerdo do goleiro e seu gol reascendeu a torcida no Maracanã. Faltavam dois gols para a partida ir à prorrogação. A LDU manteve a calma e barrava as tentativas de Conca alçar a bola para Washington.

Os equatorianos, liderados por Guerron, atacavam de forma consciente: geralmente três ou quatro jogadores subiam e deixavam o meio-campo aparentemente vazio. À medida em que a defesa carioca partia para a marcação, mais jogadores da LDU avançavam para manter a bola no campo do Fluminense e levar perigo ao gol de Fernando Henrique.

Renato Gaúcho mandou Dodô para o aquecimento aos 25 minutos. Mas mudou de idéia logo depois, quando Cícero cruzou pela esquerda para Thiago Neves completar e virar o jogo. Os torcedores entraram em chamas quando o juiz Héctor Baldassi não marcou pênalti de Ambrossi em Washington. O zagueiro segurou o braço, a camiseta e deu um carrinho no centroavante.

A LDU continuava a truncar o jogo, apesar das investidas do Fluminense. Pior, continuava a sondar a grande área. Arouca insistia com passes errados pela direita e muitas vezes soltava a bola nos pés dos atacantes da LDU. O primeiro tempo terminou da mesma forma em que começou: o Fluminense atacava sem muita objetividade e a LDU cadenciava o jogo, na aposta por uma chance de contra-ataque.

Dodô substituiu Ygor para o segundo tempo com uma ordem simples de Renato Gaúcho: "Marcar mais gols". Com a alteração, Cícero passou a jogar como volante. O Fluminense tinha completo domínio do jogo, mas continuava a errar muitos passes. A LDU retornou ao jogo com uma postura mais defensiva.

Aos três minutos, Dodô entrou na área e limpou o zagueiro, mas chutou sem ângulo, para fora. Pouco depois, o atacante recebeu novamente dentro da área e chutou no poste esquerdo do goleiro Cevallos. Outra falta foi marcada na entrada da área aos 11 minutos. A cobrança tinha que ser do herói da noite, até a disputa dos pênaltis. Thiago Neves chutou de pé esquerdo no canto e garantiu os 3 x 1 que garantiam a prorrogação ao Fluminense.

Mesmo com a saída de Ygor, a LDU não subia para o ataque com o mesmo ímpeto do primeiro tempo até os 20 minutos do primeiro tempo. A partir daí, Urrutia mandou um chute perigoso, que Fernando Henrique mandou para escanteio. Pouco depois, Bieler chutou na trave direita. A bola voltou para a pequena área e foi disputada por Gabriel e Manso e Fernando Henrique defendeu quase em cima da linha do gol.

Depois dessa pressão, a LDU voltou a truncar o jogo no meio-campo com faltas. Aos 31 minutos, Conca chutou de fora da área, Cevallos deu rebote e Dodô não conseguiu acertar um voleio. A partir dos 40 minutos, os dois times pareciam mais interessados em manter o resultado para levar o jogo à prorrogação. Thiago Neves ainda recebeu cruzamento de Gabriel, mas cabeceou mal. Lamento de Renato Gaúcho, mais 30 minutos de sofrimento para os tricolores.

O Fluminense começou o primeiro tempo da prorrogação recuado e desperdiçou um contra-ataque por falta de jogadores no meio do campo. Com a aparente falta de confiança do goleiro Cevallos, Thiago Neves arriscou um chute de fora da área. Washington reclamou, mas o meio-campista pediu calma.

Os cariocas dominavam as ações. Em uma sobra de bola perto da meia-lua da área, Dodô chutou de primeira, mas muito longe do gol. O jogo diminuiu de ritmo a partir dos 10 minutos. Guerron foi lançado, mas tentou cavar um pênalti cercado de três defensores do Fluminense. Caiu no gramado e o árbitro nada marcou. Ao final dos 15 minutos, os dois times pareciam esgotados. Gabriel desabou por causa de cãibras.

O lateral-direito foi substituído por Maurício no início do segundo tempo da prorrogação. O Maracanã clamava sem parar a favor do Fluminense. O cansaço nos jogadores dos dois times era visível. Thiago Neves recebeu lançamento e não teve pernas para aproveitar.

Aos 12 minutos, Bieler recebeu cruzamento da intermediária e cabeceou para o gol, mas o juiz marcou impedimento. Foi cercado pelos equatorianos, mas as reclamações não adiantaram em nada. No lance seguinte, Thiago Neves quase marcou o gol do título com um chute cruzado, mas o goleiro espalmou. Guerron recebeu livre e correu em disparada rumo ao gol de Fernando Henrique, mas foi derrubado na entrada da área por Luiz Alberto. O capitão tricolor foi expulso. A LDU desperdiçou a chance com um chute na barreira e o juiz apitou o jogo rumo às cobranças de pênaltis

A torcida não parou de apoiar os jogadores em momento algum. Conca, Thiago Neves Cícero, Washington e Dodô foram escalados por Renato Gaúcho para as cobranças. A LDU abriu a definição. Urrutia bateu forte à meia altura, indefensável para Fernando Henrique. 1 x 0 para a LDU. Conca bateu quase no meio do gol e Cevallos defendeu.

Na seqüência, Fernando Henrique devolveu as esperanças cariocas ao defender chute de Campos. Mas Thiago Neves também errou na sua vez. Salas ampliou para 2 x 0 a vantagem da LDU. Cícero chutou com categoria no canto esquerdo e deu um alento aos torcedores.

Guerron bateu forte e rasteiro, sem chances para o goleiro. Washington foi para a marca de cal com a necessidade de manter o time vivo. Mas ele chutou fraco, para fácil defesa de Cevallos, herói do primeiro título da Copa Libertadores para um time do Equador, sagrando a LDU campeã da edição 2008 do maior torneio da América.

Equatorianos comemoram o gol que abriu o placar: título inédito para o país

FICHA TÉCNICA - FLUMINENSE 3 (1) X (3) 1 LDU
Local: Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro (RJ)
Data: 2 de julho de 2008, quarta-feira
Horário: 21h50 (de Brasília)
Árbitro: Héctor Baldassi (Argentina)
Assistentes: Ricardo Casas e Hernán Maidana (ambos da Argentina)
Cartões Amarelos: Luiz Alberto, Thiago Silva e Cícero(F); Bieler,Guerron, Cevallos e Vera(L)
Cartão vermelho: Luiz Alberto(F)

Gols: FLUMINENSE: Thiago Neves aos 11 e 27 minutos do primeiro tempo e 11 minutos do segundo tempo
LDU: Bolaños aos cinco minutos do primeiro tempo

FLUMINENSE: Fernando Henrique; Gabriel (Maurício), Thiago Silva, Luiz Alberto e Júnior César; Ygor (Dodô), Arouca (Roger), Darío Conca e Thiago Neves; Cícero e Washington
Técnico: Renato Gaúcho

LDU: Cevallos; Renán Calle, Norberto Araujo e Jairo Campos; Joffre Guerrón, Enrique Vera, Patricio Urrutia, Paul Ambrossi e Luis Bolaños (Salas); Damián Manso (W. Araujo) e Claudio Bieler
Técnico: Edgardo Bauza

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