postado em 10/07/2008 21:04
Fora da seleção brasileira feminina de basquete que irá aos Jogos Olímpicos de Pequim, a ala Iziane rebateu as críticas feitas pelo técnico Paulo Bassul e negou que tivessem conversado alguma vez sobre a necessidade de melhorar seu comportamento. "Nunca conversei com ele sobre mudar", diz. "A única conversa que tivemos foi após o jogo com Cuba, no Pré-olímpico do Chile-2007, e foi sobre o jogo". Afastada da equipe durante o Pré-olímpico Mundial, em junho, por se recusar a entrar em quadra após ter passado longos minutos no banco, a ala admite que a relação com o treinador sempre foi complicada. "Desde a seleção juvenil, ele tentava me confrontar, dizendo que eu não era jogadora de grupo. Mas nunca conversamos sobre mudança de comportamento".
Apontada como virtual substituta de Janeth desde que começou a defender a equipe principal, aos 20 anos, Iziane acha que a parceria nasceu fadada ao fracasso. "Nunca deveria ter ido jogar com ele. Só fui porque era pelo meu país, que tenho muito orgulho de defender. Mas sabia que isto ia acontecer".
Alvo de críticas desde o corte, a jogadora acredita que foi incompreendida porque as pessoas só tomaram conhecimento de um lado. "O Paulinho tem uma opinião formada sobre mim. Nas entrevistas, ele disse que não sei jogar em grupo, mas isto é mentira. Eu me adapto em qualquer situação".
Para justificar a teoria, Iziane lembrou sua passagem pelo Seattle Storm, na WNBA. "Durante três anos, fui a quinta opção em Seattle, ou seja, era a última opção. Mas tudo bem, tem equipes nas quais eu vou e é este o meu papel. Acho que ele tem de ver um pouco melhor o meu histórico".
Assim como o próprio treinador, a jogadora não vê chances de voltar a vestir o uniforme brasileiro. "Ele está há pouco tempo no time, uma mudança não deve acontecer em breve e com ele não jogo mais", diz.
Bassul assumiu a seleção após os Jogos Pan-americanos Rio-2007. Sua primeira competição foi o Pré-olímpico das Américas, no qual o Brasil foi terceiro colocado. Este ano, no Pré-olímpico Mundial, a equipe obteve a classificação para Pequim.
Uma conversa resolveria os atritos? Ela acha que não. "Até havia esta possibilidade, mas nas entrevistas ele deixou claro que não sabe nada do meu jogo e que nunca me quis na equipe. A situação chegou em um ponto insuportável e a melhor decisão é ficarmos afastados".
Quarta colocada com o Brasil nos Jogos de Atenas-2004, Iziane confessa que sentirá saudade do time, principalmente das amigas. "Estou até bem tranqüila, porque já fui em uma (Olimpíada) e senti o gostinho. Não é fácil sabendo que tinha condições, mas prefiro não estar lá em uma situação indesejável".
Ainda que fora do grupo, a ala pretende assistir às partidas em Pequim. "Aqui (nos Estados Unidos, onde defende o Atlanta Dream) só vão transmitir os jogos dos Estados Unidos, mas vou tentar ver pela internet", promete.
Mesmo com a repercussão negativa dos acontecimentos, Iziane acredita que não haverá reflexos em sua carreira. "Não interfere em nada nem a opinião do Paulinho nem dos outros. Infelizmente, ou felizmente, há equipes que precisam de jogadoras como eu e continuo tendo as portas abertas".