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Rebeca Gusmão admite competir por outro país

Nadadora é suspensa novamente, agora por doping de 2006, e só poderá competir em 2010. Ela revela que adotará cidadania de outro país quando voltar às piscinas

postado em 25/07/2008 09:44
Nenhuma novela na história esportiva brasileira se arrasta por tanto tempo e com a capacidade de se complicar a cada episódio como os casos envolvendo a nadadora brasiliense Rebeca Gusmão. Ontem, quando todos imaginavam que essa história já estivesse encerrada, uma vez que a atleta foi suspensa por dois anos em 16 de maio, devido ao doping atestado durante os Jogos Pan-Americanos do Rio-2007, o imbróglio voltou à tona. E, para variar, com mais um elemento complicado para adiar ainda mais o desfecho da trama. Um comunicado da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA), divulgado ontem no site da entidade, informou que Rebeca voltou a ser suspensa por dois anos pelo painel antidoping da Federação Internacional de Natação (Fina). O motivo, desta vez, foi o teste positivo para testosterona nos exames realizados em 25 e 26 de maio de 2006, durante o Campeonato Brasileiro Absoluto ; Troféu José Finkel. A decisão da Fina passa valer a partir de 17 de julho de 2008. Assim sendo, como a primeira suspensão (do Pan) vigora desde 2 de novembro de 2007, a brasiliense só estaria apta para competir novamente em meados de julho de 2010. Para piorar ainda mais as coisas para a nadadora, as regras antidoping mundiais, que são seguidas pela Fina, determinam que um atleta reincidente em doping deva ser banido do esporte. Ao comentar mais essa reviravolta em seu caso, Rebeca se manteve calma. ;As pessoas estão dizendo que eu corro o risco de ser banida, mas isso não existe;, declarou. ;Com relação ao caso de 2006, a Fina, junto com os meus advogados, optou que era um caso que cabia à Corte Arbitral do Esporte (CAS, com sede em Lausanne, na Suíça) decidir. Mas, para a CAS julgar o caso, antes eu tinha que ser condenada previamente. Se isso não acontecesse, não tinha como a CAS se pronunciar. Seria necessário que o painel antidoping da Fina me condenasse e foi o que aconteceu;, explicou a nadadora. De fato, em setembro do ano passado, a CAS recebeu um pedido da Fina para que se pronunciasse e resolvesse o caso de 2006. Entretanto, a corte negou ter jurisdição para resolver o caso, uma vez que, segundo a entidade, a federação internacional não havia exaurido todos os caminhos legais ; realização de um painel antidoping ; antes de apelar para a Corte Arbitral. A Fina, então, realizou seu painel e suspendeu Rebeca pelo doping de 2006. DNA Para um dos advogados da nadadora, André Ribeiro, ainda existe um terceiro caso a ser tratado, tanto na Fina, como (se houver necessidade) na CAS. Ele se referiu ao problema da duplicidade de DNA atestada no Pan pelo médico gaúcho Eduardo De Rose. Segundo o doutor, maior especialista em doping do país, Rebeca trocou suas urinas para burlar os exames. A pedido dele, foi feito um teste nas amostras e constatou que havia dois DNAs nas urinas de Rebeca. ;Esse caso ainda terá que ser julgado pela Fina. Mas isso não tem data marcada;, explicou André Ribeiro. Para o advogado, os argumentos a serem sustentados pela defesa na CAS são fortes e deverão impedir que a atleta ; mesmo que aconteça o pior e que a CAS se posicione contra Rebeca ; seja banida esporte. ;A idéia de reincidência implica na atleta ser punida, ser suspensa e, depois da suspensão, voltar a cometer a infração. Com a Rebeca não houve isso. Ela não tem culpa que um caso referente a maio de 2006 só tenha sido julgado agora pela Fina. Vamos pedir que os três casos, inclusive o do DNA, sejam julgados como um só e que a punição, se houver, seja apenas de dois anos;, explicou. Magoada com tudo o que sofreu nos últimos meses, Rebeca declarou que desistiu de pedir caráter de urgência à CAS, manobra que poderia, caso fosse absolvida, garantir que nadasse nas Olimpíadas de Pequim. Mais do que isso, a atleta declarou que não defenderá mais as cores do Brasil e que, assim que puder voltar a nadar, adotará uma outra cidadania para competir. Segundo ela, a ascendência da família e do marido permitem que escolha entre Portugal, Espanha, Itália e até o Líbano. Rebeca declarou que segue treinando normalmente enquanto aguarda o desfecho de seus processos.

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