Superesportes

Decepcionado, Bernardinho sofre com a perda do ouro

;

postado em 26/08/2008 17:50
Dois títulos do Campeonato Mundial, seis primeiras colocações na Liga Mundial, duas Copas do Mundo, um Pan, um ouro. Foi com este currículo respeitável que o técnico Bernardinho chegou às Olimpíadas de Pequim à frente da seleção brasileira masculina de vôlei. Tantas conquistas em apenas oito anos deixam o treinador em uma condição na qual ele não teria nada a justificar caso o resultado na China não fosse nova medalha de ouro. Mas não é assim que o treinador pensa. De volta ao Brasil após a perda da final por 3 sets a 1 e a consequente medalha de prata obtida na competição, o exigente Bernardinho revela que ainda não digeriu muito bem o vice-campeonato. "Fiquei frustrado, pois eu queria um pouco mais. Na primeira parte do vôo de volta, da China até Hong Kong, eu não consegui dormir porque fiquei pensando nisso", revelou o treinador. "Esse grupo merecia mais por toda a dedicação. Minha frustração naquele momento era contraditória porque eu achava que merecia mais", continuou o treinador, que por outro lado, garante ser este um sentimento seu, sem nada a ver com as possíveis críticas que virão. "Não ligo para isso, o importante é ter consciência limpa. Lembro que quando o Brasil ganhou sua primeira medalha importante, o bronze da Copa do Mundo de 1981, as pessoas perguntavam não pelo terceiro lugar, mas sim porque a gente tinha perdido a prata para Cuba. É um dilema permanente, pois esse grupo passou oito anos sem cair nas armadilhas. Esse é o legado", destacou. Ao ser perguntado sobre os motivos que fizeram o grupo não conseguir fechar seu segundo ciclo olímpico de forma perfeita, Bernardinho descartou qualquer desgaste do grupo. "Zero chance de ter sido problemas de relacionamento. As brigas e discussões que nós temos são normais. Tanto que, no final das Olimpíadas, o sentimento entre os atletas era de tristeza, já que o grupo não será mais o mesmo", afirmou, se referindo às despedidas já confirmadas de Gustavo e Anderson. Bernardinho ainda voltou a afastar a hipótese de que o levantador Ricardinho, afastado por problemas de relacionamento às vésperas do Pan-2007, poderia ter feito a diferença na final contra os Estados Unidos. "A saída dele não teve nenhuma influência. Lógico que ele faz falta em qualquer time, mas já perdemos uma Copa América para os Estados Unidos, sem o Ball e o Stanley (principais jogadores da equipe), com o Ricardo em quadra", lembrou, se referindo à edição 2005 da disputa na qual o Brasil perdeu a decisão por 3 sets a 2. De acordo com o treinador, os Estados Unidos venceram nos detalhes, aliada a uma certa dose de sorte norte-americana. "Cada um de nossos jogadores estava ciente de sua capacidade, mas Estados Unidos foi melhor na final. Só que no segundo set, por exemplo, o Stanley conseguiu uma ótima sequência de saques e quase empatamos. No quarto set, ficamos à frente quase o tempo inteiro, mas acabamos perdendo. Teve um lance que eles conseguiram um bloqueio de cabeça", lamentou. Bernardinho ainda ressaltou que o trabalho do técnico Hugh McCutcheon foi todo voltado para vencer o Brasil. "Eles nos estudaram durante quatro anos, tinham um foco único na gente. Tanto que quase perderam para a Sérvia, sem dois jogadores, e para a Rússia, partidas onde só venceram no tie-break. De qualquer forma, foi um trabalho bem feito", reconheceu.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação