postado em 05/09/2008 10:47
Pequim (China) - Acostumado a conceder entrevistas em momentos de alegria, com títulos conquistados e recordes mundiais batidos, Clodoaldo Silva mudou o tom nesta sexta-feira. Após receber a confirmação do Comitê Paraolímpico Internacional (IPC) de que competiria os Jogos de Pequim-2008 na classe S5, o nadador reclamou do amadorismo da entidade e da pouca influência do Brasil em assuntos políticos.
O IPC justificou a mudança de Clodoaldo da classe S4 para a S5 para disputar as Paraolimpíadas de Pequim por acreditar em uma evolução de movimentos do brasileiro. Agora, o para-atleta nacional competirá com atletas menos incapacitados, que podem mover os membros inferiores.
;É o momento mais difícil não só da minha carreira, mas da minha vida. Eu já esperava por essa decisão porque, infelizmente, o Brasil não tem muita força política nesses momentos;, lamentou Clodoaldo, que recentemente havia garantido que a única evolução que teve desde os Jogos de Atenas-2004, quando competiu nas classe S4, foi técnica ; e não física.
;O problema é que, enquanto a natação paraolimpíca vem se profissionalizando, o Comitê Internacional parece que está se tornando amador. Na Europa uma situação como essa não acontece;, desabafou.
Insatisfeito, Clodoaldo abdicou de competir as suas duas provas principais: os 50m e os 100m livre, das quais é recordista mundial na classe S4. ;Eu poderia muito bem nadar e ganhar essas duas provas, mas não vou fazer isso. Ainda que eu respeite o IPC, vou nadar apenas os 50m costas como protesto. Perdi a motivação de disputar essa Paraolimpíada;, disparou.
A pouca animação que resta ao brasileiro é a disputa dos revezamentos 4x50m livre e medley. ;Talvez a minha única motivação seja esses revezamentos, porque nunca deixei ou deixarei meus companheiros na mão;, finalizou.