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Luxemburgo ainda sofre resistência na CBF para assumir a seleção

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postado em 07/09/2008 20:15
Embora reconhecido por muitos como o técnico mais competente em atividade no País - é o maior vencedor do Campeonato Brasileiro da Série A, com cinco títulos -, Vanderlei Luxemburgo sempre foi visto nos últimos anos com certa reserva pela cúpula da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). A entidade já esteve por contratá-lo duas vezes após sua passagem à frente da seleção brasileira em 1999-2000. Mas nas duas oportunidades (depois dos mundiais de 2002 e 2006), o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, deixou-se levar pelo conselho de amigos: mantenha-se afastado dos problemas. É fácil entender a resistência de Teixeira a Luxemburgo, apesar dos sinais claros de que a relação entre eles, hoje, melhorou muito. Em 2000, enquanto a seleção fazia campanha irregular nas Eliminatórias, um personagem avassalador, Renata Alves, veio a público com uma história capaz de abalar os bastidores do futebol brasileiro. Renata, a ex-secretária de Luxemburgo, o acusou, entre outros delitos, de receber e lavar dinheiro a partir da negociação de atletas - o que, registre-se, nunca foi comprovado. A imprensa nacional e a internacional deu destaque ao escândalo. Parlamentares brasileiros rapidamente se movimentaram para aproveitar o momento e começaram a fazer uma devassa no submundo do futebol. No auge da pressão, Luxemburgo viu a seleção ser eliminada por Camarões da Olimpíada de 2000, em Sydney, numa partida atípica, em que seu time atuou na prorrogação com dois jogadores a mais. Demitido da CBF, ele foi logo chamado para se explicar na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) criada pelo Senado para investigar inicialmente a sonegação fiscal promovida por clubes, dirigentes e federações, além de outras irregularidades referentes a vendas de direitos de atletas brasileiros para o exterior. Novo alvo No rastro das investigações sobre os negócios de Luxemburgo surgiram novas denúncias e o alvo passou a ser Ricardo Teixeira. Havia um clamor, à época, pela transparência na gestão do futebol nacional e o dirigente começou a ser visto como suspeito de transações e parcerias malsucedidas. A Câmara criou, então, a CPI CBF-Nike com o objetivo de destrinchar todos os detalhes do contrato entre a entidade e a empresa, em vigor desde 1996. O trabalho das duas CPIs se intensificou com o volume de informações que chegou ao Congresso. Da Suíça, o presidente da Fifa, Joseph Blatter, levou dias para desmentir boatos de que o Brasil correria o risco de ficar fora do Mundial de 2002 se as CPIs mantivessem o firme propósito de passar o futebol canarinho a limpo. Em meio a manifestações crescentes de que deveria renunciar à presidência da CBF, Teixeira teve sua imagem exposta numa edição inteira do Globo Repórter, da TV Globo, que esmiuçou todas as denúncias feitas contra ele. O presidente da CBF foi acusado de cometer vários crimes, como lavagem de dinheiro, sonegação de impostos, apropriação indébita e evasão de divisas. A CPI do Senado pediu, no relatório final, o seu indiciamento e o de mais 16 pessoas, entre os quais Vanderlei Luxemburgo. A Justiça acolheu, em parte, as denúncias e Teixeira e outros dirigentes esportivos passaram alguns anos entre escritórios de advocacia, tribunais e a sede da Polícia Federal, no Rio. Rotina Aos poucos, porém, Ricardo Teixeira livrou-se dos processos e não foi condenado em nenhum deles. Tentou retomar a rotina - sucessivas viagens à Suíça como membro do Comitê Executivo da Fifa, repouso em sua fazenda em Barra do Piraí, no interior do Estado do Rio, e despachos na sede, alugada, da CBF, na Barra da Tijuca. Cobrou todo o esforço possível de seus assessores mais diretos para que o assunto ;CPIs do futebol; fosse banido do noticiário nacional. Conseguiu, com a conquista do Mundial de 2002, deixar um pouco para trás aquele que talvez tenha sido o período mais doloroso de sua vida. Por tudo isso, com a situação delicada do técnico Dunga na seleção brasileira, Ricardo Teixeira ainda hesitava até a semana passada sobre um possível convite a Luxemburgo, o preferido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para o restante das Eliminatórias. Ele sabe da competência do técnico do Palmeiras. Mas agarrava-se, até o fim da noite deste domingo, à esperança de que o time de Dunga reagisse a tempo de evitar que uma antiga dor de cabeça voltasse a ocupar espaço na mídia.

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