postado em 15/09/2008 17:19
Os últimos tempos têm sido complicados, mas o ala/pivô Nenê Hilário está se preparando ao máximo para assumir um novo status no Denver Nuggets a partir desta temporada na NBA. Com a transferência do pivô Marcus Camby para o Los Angeles Clippers, o brasileiro é o número 1 na lista para ocupar a vaga. Depois de uma série de lesões em seis temporadas na Liga, Nenê abdicou de passar mais tempo com a família no Brasil (foram apenas 15 dias) para reforçar seu treinamento. "Sei que vou sentir falta de muitas pessoas no Brasil, mas tem muita gente boa aqui também. E pelo meu jogo, estou investindo em mim. Isto vai ser uma vantagem no futuro", disse ao Denverpost.com.
O restante da equipe só começa a treinar dia 30, quando o brasileiro pretende estar fisicamente recuperado para acompanhar o ritmo do grupo. Desde que estreou na Liga, em 2002/03, Nenê entrou na lista de lesionados cinco vezes por motivos diferentes. Em 2004/05 sofreu um estiramento no ligamento medial colateral, depois teve uma lesão nos quadris, um estiramento na coxa e no começo da campanha de 2005/06, uma laceração, que lhe custou 81 jogos.
No ano passado, em seu quinto confronto pela equipe, machucou o dedão esquerdo e precisou ser operado e perdeu sete semanas por causa de uma operação para reparar um ligamento. Depois de tudo isso, foi surpreendido com a descoberta de um tumor no testículo em janeiro. "Para ficar pronto para a temporada, eu tive de sacrificar meu verão para ficar em forma cedo e prevenir todo este tipo de coisa. E foi isso que eu fiz". Por causa do câncer, Nenê passou por outra intervenção cirúrgica e perdeu a maior parte da temporada anterior, precisando também fazer quimioterapia como parte da recuperação.
Segundo Nenê, ele ainda sente os efeitos da medicação utilizada no tratamento. "Isto ainda me incomoda um pouco. Mas estou trabalhando duro e me sentindo melhor. Quero que isto (câncer) saia do meu corpo. Estou melhor, mas às vezes meu estômago dói quando faço muito esforço ou estou em uma atividade física. Mas foi por isso que eu voltei cedo, para me acostumar a tudo isto". O empenho do ala/pivô não passa despercebido na equipe. Para o companheiro de treinamento Chris Andersen, Nenê tem evoluído de maneira muito positiva. 'Estou muito, muito impressionado. Às vezes, é difícil para mim porque ele é muito forte. Com certeza ele será capaz de assumir um papel principal'.
Em meio a todas as reviravoltas provocadas pela sucessão de problemas de sáude, Nenê prefere pensar apenas no que as experiências acrescentaram de positivo a sua vida. 'Sei que aos olhos de muitas pessoas estas são coisas ruins. Mas para os meus olhos são boas. Elas me fizeram aprender muito espiritualmente. Do que aconteceu comigo, a quimioterapia, o câncer, se você quer ser um exemplo precisa ser um exemplo em todos os aspectos da vida, dentro e fora da quadra. Eu tenho esta experiência. Depois da quimioterapia, muitas pessoas disseram: 'você é meu herói porque é tão novo e passou por todas estas coisas. Você superou e ficou mais forte'. Muitas pessoas me tiram como exemplo. Isto é bom'.
Mas apesar da oportunidade que irá conquistar no time, Nenê garante que a notícia da negociação de Camby deixou-o bastante incomodado. "Tenho de ser honesto, estava muito bravo naquela época. Antes de tudo, ele é como meu irmão. Ele me ajudou muito". A troca de Camby significou uma economia de US$ 10 milhões nas despesas da franquia. Com isso, o proprietário do time, Stan Kroenke, não precisará pagar US$ 13,5 milhões da taxa de luxo à NBA.