Superesportes

Projeto de verbas federais causa protesto entre presidentes de confederações esportivas

;

postado em 07/11/2008 22:31
Rostos fechados e expressões de revolta. Os presidentes de confederações esportivas nacionais de pequeno porte demonstraram sua indignação com o primeiro estudo de distribuição dos recursos da Lei Agnelo/Piva para o próximo ano. Criticaram duramente o Comitê Olímpico Brasileiro (COB), depois da reunião promovida ontem num hotel da zona oeste da cidade.

Eles acham que os esportes mais abastados, como vôlei, natação, ginástica, atletismo, judô e vela são favorecidos no repasse da verba federal e pegam a maior parte do bolo, apesar de terem patrocínios fortes. Na visão deles, a meritocracia, metodologia criada pelo COB para premiar bons resultados, é um jogo de carta marcada.

O presidente da Confederação de Tênis de Mesa, Alaor Azevedo, chegou a dizer que o esporte olímpico no país é uma verdadeira "Belíndia". "Alguns vivem na Bélgica e outros na Índia", declarou, referindo-se ao abismo existente entre as confederações mais ricas e as que dispõem de menos recursos.

"Deveria haver algo mais eqüitativo. Exigir resultado de quem não tem condições é querer ganhar uma corrida sem ser maratonista", comparou o dirigente, cujo esporte que representa provavelmente terá mais dinheiro em caixa em 2009: passará dos R$ 1.423.750 recebidos no ano passado para R$ 1,6 milhão.

Azevedo não foi o único a se indignar. O presidente da Confederação Brasileira de Remo, Rodney Bernardes, avisou que não disputará as Olimpíadas de Londres, em 2012, se não tiver chance de medalha. Ele ficou chateado com a provável diminuição de recursos para o remo, no valor de R$ 208,5 mil. O jeito, segundo o dirigente, será demitir funcionários para se adequar à nova realidade. "Fica muito mais difícil trabalhar assim", admitiu.

Prejuízo

Até o anúncio final da distribuição dos recursos, em 3 de dezembro, as confederações vão passar suas metas para o COB e serão apoiadas se optarem por direcionar seu trabalho para os Jogos de 2016. "Estou à vontade. Já fiz isso quando comandava o voleibol", disse o presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman.

Sinal de que a delegação brasileira pode ser menor em Londres, em 2012? "Qualquer início de ciclo olímpico é sempre uma interrogação", afirmou o dirigente, que se irritou ao tomar conhecimento da reclamação de alguns dirigentes sobre o repasse da verba da Lei Agnelo/Piva. "Se alguém se sente assim..."

Vivendo a pior fase de sua história, o basquete sofreu um duro golpe ontem: teve o maior corte de verba federal entre as 28 confederações. Perdeu R$ 778 mil por conta dos últimos insucessos. O time masculino não disputou as três últimas edições das olimpíadas. Já a equipe feminina foi muito mal nos Jogos de Pequim.

TABELA COMPARATIVA

CONFEDERAÇÕES - VERBAS EM 2008 - VERBAS EM 2009

Atletismo - R$ - 2,2 milhões - R$ 2,5 milhões

Badminton - R$ 569,5 mil - R$ 700 mil

Basquete - R$ 2,2 milhões - R$ 1,5 milhão

Beisebol* - R$ 284,7 mil - R$ 0

Boxe - R$ 1,1 milhão - R$ 1,4 milhão

Canoagem - R$ 1,4 milhão - R$ 1,5 milhão

Ciclismo - R$ 1,423 milhão - R$ 1,5 milhão

Desportos aquáticos - R$ 2,2 milhões - R$ 2,5 milhões

Desportos na neve - R$ 284,7 mil - R$ 500 mil

Desportos no gelo - R$ 284,7 mil - R$ 500 mil

Esgrima - R$ 569,5 mil - R$ 700 mil

Ginástica - R$ 2,2 milhões - R$ 2,3 milhões

Handebol - R$ 1,9 milhão - R$ 2,3 milhões

Hipismo - R$ 1,7 milhão - R$ 1,5 milhão

Hóquei - R$ 569,5 mil - R$ 700 mil

Judô - R$ 1,9 milhão - R$ 2,5 milhões

Levantamento de peso - R$ 569,5 mil - R$ 700 mil

Lutas - R$ 569,5 mil - R$ 700 mil

Pentatlo moderno - R$ 569,5 mil - R$ 700 mil

Remo - R$ 1,7 milhão - R$ 1,5 milhão

Softbol* - R$ 284,7 mil - R$ 0

Taekwondo - R$ 569,5 mil - R$ 900 mil

Tênis - R$ 1,1 milhão - R$ 1,2 milhão

Tênis de mesa - R$ 1,4 milhão - R$ 1,6 milhão

Tiro com arco - R$ 569,5 mil - R$ 700 mil

Tiro esportivo - R$ 1,1 milhão - R$ 1,2 milhão

Triatlo - R$ 1,1 milhão - R$ 1,2 milhão

Vôlei/vôlei de praia - R$ 2,2 milhões - R$ 2,5 milhões

Vela e motor - R$ 2,278 milhões - R$ 2,5 milhões

* De acordo com o COB, beisebol e softbol não receberão mais verbas da Lei Agnelo/Piva porque não fazem mais parte do programa dos Jogos Olímpicos

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação