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Gustavo Kuerten deixa boa vida e começa a ralar para entrar na faculdade

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postado em 10/11/2008 19:10
Maior ídolo do tênis brasileiro, Gustavo Kuerten, decidiu voltar a estudar. Amante do surfe, das praias e mulheres bonitas, Guga está disposto a retomar um caminho que teve de deixar para trás por causa do tênis. Atualmente fazendo curso pré-vestibular, o ex-tenista prestou vestibular para Artes Cênicas na Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), neste último domingo.

Também está interessado em Matemática, área na qual tinha bom desempenho na escola. Guga acredita que a faculdade o ajudará nas iniciativas paralelas que tem em sua vida, como o Instituto Guga Kuerten, que desenvolve projetos sociais ligado ao esporte e a portadores de deficiências.

Devido ao bom rendimento no tênis, em que chegou a liderar o ranking mundial por 43 semanas seguidas, Guga teve de deixar os estudos de lado, perdendo, inclusive, o vestibular quando estava no 3; ano do Ensino Médio. Naquela época, Guga se inscreveu para prestar Educação Física, mas estava competindo nos Estados Unidos. Porém, o ex-atleta acredita que o esporte o ajudou a ter ;disciplina, afinco e determinação; para as coisas que faz na vida.

Nesta entrevista concedida por e-mail ao diário eletrônico Gazeta Esportiva.Net, Guga fala de seus planos como estudante, sobre o cenário mundial do tênis e também sobre Copa Davis, competição na qual o Brasil virou apenas coadjuvante desde o boicote capitaneado pelo catarinense em 2004, como forma de protesto contra a gestão da época à frente da CBTênis.

Gazeta Esportiva.Net: Qual foi a motivação para você voltar a estudar?
Gustavo Kuerten: Eu sempre quis voltar a estudar, sempre tive vontade. Mesmo quando estava jogando eu pensava em um dia voltar aos estudos. Vou prestar vestibular para Matemática e Artes Cênicas.

GE: Que influência a faculdade terá na sua participação no Instituto e na administração dos outros negócios?
GK: Vai ser um complemento. Vou utilizar a experiência para o desenvolvimento de idéias. Não só o conhecimento, mas, também, a influência das pessoas do meio universitário vai colaborar. Além disso, vou ganhar conhecimentos específicos e a convivência com o meio, até porque a faculdade não está restrita ao curso. Acho o fato de estar envolvido com a universidade é muito gratificante.

GE: Você é uma pessoa que sempre se dedicou a outras vertentes juntamente com o esporte. Até que ponto o tênis o atrapalhou e em que o ajudou nos estudos?
GK: O tênis me deixou mais afastado do estudo, mas, por outro lado, também me ensinou muito sobre disciplina, afinco e determinação.

GE: Você acredita que por ser mais experiente que a maioria dos alunos, vai encarar o curso de forma diferente?
GK: Sim, acho que vou ter uma outra visão. Vou ter mais clareza, análise, uma postura que engloba outros fatores.

GE: Quando estava no colégio, qual era sua matéria preferida e qual menos gostava? Você era estudioso?
GK: Eu gostava muito de Matemática e menos de Língua Portuguesa. Eu era um aluno regular que gostava de ir à aula.

GE: Quando encerrou o 3; ano do Ensino Médio, prestou vestibular? Se sim, para qual curso? Se não, por qual motivo?
GK: Eu cheguei a me inscrever para Educação Física. Mas, não deu. Eu estava competindo nos Estados Unidos na época.

GE: A(s) escola(s) em que você estudou incentivava(m) a prática de esportes além do futebol? Como era o seu desempenho nos outros esportes? De qual mais gostava além do tênis?
GK: Sim, o incentivo vinha por meio de uma introdução aos esportes, mas não de forma competitiva. Eu sempre gostei muito de esporte e tinha um bom rendimento geral. Durante a infância, além do tênis, eu jogava futsal.

GE: O que você acha desta cultura do futebol no Brasil, que não dá tanta importância às demais modalidades?
GK: É uma situação natural, porque o futebol é um esporte popular, realizado em grupo e que combina com a nossa cultura.

GE: Qual sua opinião sobre a situação do tênis mundial atual, em que Roger Federer foi superado por Rafael Nadal e revelações como Andy Murray e Juan Martin del Potro estão cada vez mais tomando lugar?
GK: Acho interessante. O tênis sempre ganha com novas revelações. Acho que Murray e Del Potro têm condições de se tornarem número um em algum momento.

GE:
Em 2004, você abdicou da Copa Davis para protestar contra a gestão da CBT (Confederação Brasileira de Tênis). Atualmente, você acredita que o cenário do tênis brasileiro evoluiu?
GK: Sim, principalmente em relação à infra-estrutura. Porém, em termos de resultado, precisamos melhorar bastante ainda.

GE: Você se arrepende de ter tomado aquela atitude?
GK: Não. Foi um momento super delicado, mas que acabou se tornando benéfico.

GE:
O Brasil não conseguiu voltar ao Grupo Mundial da Copa Davis este ano, perdendo para a Croácia, você acha que irá demorar para o País estar na elite do tênis mundial? O que falta para isso acontecer?
GK: É natural nós estarmos na segunda divisão. É o nível que a gente se encontra atualmente. Para subir e se manter na elite é preciso ter um jogador entre os 50 ou mesmo os 30 melhores do mundo.

GE: Depois que você encerrou sua carreira, o Brasil ficou sem ídolos no tênis. Você teria alguma aposta para o futuro?
GK: Acho que tem uma gurizada boa aparecendo, mas vai demorar uns cinco anos para termos bons resultados. O Marcos (Daniel) vem melhorando a cada ano e o (Thomaz) Bellucci tem um grande potencial.

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