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Membro do COB detona a candidatura do Rio às Olimpíadas de 2016 e defende CPI do Esporte

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postado em 03/12/2008 12:16
[VIDEO1]Ninguém entendeu bem quando o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Carlos Arthur Nuzman, alegando ter outros compromissos, deixou a audiência pública da qual participou ontem no Senado, logo depois de defender seus interesses e quando as discussões estavam apenas no início. Pela terceira vez em duas semanas, o dirigente esteve no Congresso para explicar assuntos referentes ao desempenho brasileiro nos Jogos de Pequim e a aplicação das centenas de milhões de reais que o COB tem recebido desde 2001, com a Lei Agnelo-Piva. Nas duas audiências na Câmara, na semana passada, Nuzman permaneceu até o fim. Ontem, recebeu críticas por ter ido embora sem ouvir o que os outros convidados tinham a dizer. A retirada inesperada de Nuzman na audiência da Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado Federal foi ainda mais sentida depois que o advogado Alberto Murray Neto tomou a palavra. Membro da Assembléia-Geral do COB e da Corte Arbitral do Esporte (CAS), em Lausanne, na Suíça, Murray ; neto de Silvio de Magalhães Padilha, que presidiu a entidade por 27 anos e foi vice-presidente do Comitê Olímpico Internacional ; disparou uma verdadeira saraivada de críticas à entidade. E, em um dos momentos mais polêmicos, avaliou como desperdício de dinheiro público a candidatura do Brasil às Olimpíadas de 2016. ;O Rio de Janeiro não tem nenhuma chance de vencer esse pleito. Por que os R$ 80 milhões (a verba com a candidatura na verdade ultrapassará os R$ 100 milhões) não são gastos para investir no esporte? Só vamos fazer uma olimpíada no Brasil quando o país tiver uma mentalidade olímpica. Isso ainda não temos;, cravou o advogado. Ele declarou que, por conta do volume de dinheiro público que recebe, o COB perdeu sua autonomia. E hoje deve, mais do que nunca, prestar contas de tudo o que gasta. ;O COB tem que parar de se classificar como uma entidade autônoma;, afirmou Murray. ;Ele vive de recursos públicos.; Outro ponto contestado pelo polêmico Murray, defensor da CPI do Esporte, que aos poucos ganha força na Câmara e no Senado, aconteceu quando ele criticou a reeleição de Nuzman para mais um mandato à frente do COB. O dirigente, que assumiu a entidade em 1995, garantiu-se no cargo em uma discreta eleição em outubro, com apenas uma chapa. Reeleito, ele estará no poder até 2012. Segundo o advogado, diversas confederações disseram que só apoiaram Nuzman porque temiam sofrer retaliações nos repasses de verbas. Entre as confederações que abertamente teriam declarado a ele a insatisfação estão as de boxe, futebol e badmington. Outra ausência sentida foi a do ministro do Esporte, Orlando Silva, que mais uma vez preferiu não participar de uma audiência pública para debater o esporte nacional. Ele foi representado pelo secretário de Esporte de Alto Rendimento do ministério, Djan Madruga. Completaram a mesa o técnico da Seleção Brasileira de Vôlei, Bernardinho; a ex-jogadora de vôlei Ana Moser, presidente do Instituto Esporte e Educação; e o secretário de esporte de São Paulo, Claury Santos Alves da Silva, além do senador Cristovam Buarque, que presidiu a audiência. Para Bernardinho ; que preferiu não se envolver na polêmica nem mesmo quando Murray disse que a Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) não precisava mais de tantos repasses porque a modalidade já havia alcançando um nível de excelência altíssimo ;, o problema, não só do esporte, mas do país, passa pela capacitação dos profissionais. ;Temos que trabalhar na formação das pessoas. E para isso não há atalhos;, ensinou Bernardinho. O treinador falou por 15 minutos e foi aplaudido ao final do discurso. Sem Nuzman para rebater as críticas, coube ao ex-jogador de vôlei Marcos Vinícius, superintendente executivo de esportes do COB, esclarecer os pontos levantados por Murray. Ele defendeu a candidatura do Rio 2016, disse que a cidade fluminense tem sim condições de bater as concorrentes Tóquio, Chicago e Madri, mas preferiu não responder as declarações do advogado. ;Quem critica tendo feito pouco pelo esporte brasileiro é irrelevante para mim e para o COB;, encerrou Marcos Vinícius. A assessoria de imprensa do COB disse que a entidade não irá se pronunciar sobre as declarações de Alberto Murray.

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