postado em 26/12/2008 09:54
O ano de 2008 ainda não chegou ao fim, mas o técnico José Lopes Risada já colhe os frutos da ótima temporada. Em outubro, ele trocou a cor vermelha do batalhador Dom Pedro II pelo laranja do emergente Legião, time que derrotou três vezes (perdeu só um jogo) em quatro confrontos neste ano ; foram dois triunfos pelo campeonato candango e um pela Série C. Mas o treinador, que ao longo dos meses encarnou esta recente rivalidade do futebol do Distrito Federal, garante só ter olhos para o novo clube. Sempre de boné e com um cigarro na mão, Risada aposta no sucesso da atual equipe. "Vamos brigar pelo título do campeonato local", avisa.
Valorizado, o técnico não acredita ter sido contratado por conta das vitórias sobre o Legião. Acha que o convite, feito pelo presidente Ítalo Nardelli, foi resultado de todo o trabalho. Risada ressalta os motivos que o animaram a trocar de equipe: a mudança de mentalidade laranja. Os medalhões de 2008, primeira participação na elite local, dão lugar aos jovens. "O Legião me deu condições e liberdade de trabalhar com a garotada", comemora. A média de idade do time é de 21 anos. Há, no entanto, atletas tarimbados, como o meia Fabinho, de 29, artilheiro do campeonato candango de 2005 pelo Ceilândia.
A diferença é grande em relação ao início do ano no Dom Pedro. Na ocasião, Risada formou uma equipe com alguns veteranos, como o goleiro Osmair, o meia Maninho e o atacante Mazinho Brasília. Foi vice-campeão candango, atrás do pentacampeão Brasiliense. Já na Série C, que começou em julho, o técnico comandou a remontagem do elenco após perder oito titulares e ajudou o time dos bombeiros a se classificar para a segunda fase da competição. Mas o treinador alega motivos para ficar na bronca. "Disseram que o Dom Pedro era equipe para ser rebaixada. E tem gente dizendo isso agora (do Legião). Vou provar mais uma vez que não é assim", queixa-se.
O desafio auto-imposto começou em 10 de novembro, quando o Legião se reapresentou. De lá para cá, houve tempo suficiente para triagem de jogadores e realização de alguns amistosos de preparação. E para Risada mostrar aos atletas o que pretende do clube em 2009. "Sou um soldado. Meu time será guerreiro. Primeiro veio a Legião Romana. Depois, a Legião de Maria, a Legião Estrangeira e o Legião Urbana. Agora, é a vez da legião de jovens", filosofa o comandante frasista, que não hesitou em eleger um motivo para o fracasso laranja neste ano. "O Legião achou que conseguiria sucesso pelo marketing. Só que nada é a curto prazo. O que funciona mesmo são as coisas dentro de campo", critica.
Nardelli não parece discordar. Diz que a valorização dos jovens significa o resgate das origens. E afirma ter consultado jogadores que já trabalharam com Risada antes de decidir contratá-lo. "Todos com quem conversamos falaram muito bem dele", conta o cartola. O volante Japão e o zagueiro Ícaro conhecem o treinador de maneiras diferentes. ;O Risada é o técnico certo. Com ele, nosso time vai ter muito trabalho e pouca vaidade;, acredita Japão, contratado pelo Dom Pedro e indicado pelo chefe. Ícaro, revelado pelo Legião, desfruta da oportunidade de trabalhar com o ex-carrasco. "Ele é superamigo e passa confiança para os jogadores".
Reformulação
Mas não é apenas o sucesso que motiva o trabalho de Risada. Ele também quer assumir a missão de renovar o futebol do Distrito Federal. "Não está havendo reformulação aqui. Quero promover essa geração Coca-Cola. Ainda não supriram a geração de Mazinho Brasília, Maninho, de Gérson (ex-zagueiro e hoje auxiliar técnico do Gama), do Jairo, (ex-zagueiro do Gama, campeão da Série C pelo Atlético-GO)", diz o treinador. De folga desde quarta-feira, o Dom Pedro volta aos trabalhos na segunda, dia 29. Depois disso, os jogadores descansam apenas no primeiro dia de janeiro.