postado em 30/12/2008 18:44
Sinônimo de excelentes performances em provas de fundo, os corredores do Quênia podem sofrer mais uma restrição em seu trabalho a partir do mês que vem. A exemplo do que já acontece na Europa e nos Estados Unidos, a Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) estuda limitar o número de competidores do país em provas de rua no território nacional.
De acordo com o jornal O Estado de São Paulo, a medida deve ser aprovada na primeira Assembléia Geral da entidade, programada para o dia 24 de janeiro. Trata-se, na verdade, de um pedido dos atletas brasileiros, indignados por estarem perdendo espaço e premiações ao longo do ano.
;Eu não só sou a favor como assinaria agora um documento para que isso passe a valer. O Brasil virou Quênia, pô! Acho que eles podem e devem participar, mas com limitações. Hoje em dia, qualquer prova que premie até com cestas básicas tem quenianos disputando e tirando comida do brasileiro;, brada Franck Caldeira, campeão pan-americano da maratona e vencedor da São Silvestre em 2006.
Um dos principais nomes da história do atletismo brasileiro, Vanderlei Cordeiro de Lima também apóia a medida. ;Acho que participação de estrangeiro importante para os atletas melhorarem o nível técnico, mas tem que ter critério, como lá fora;, argumenta o atleta.
Trabalhando com quenianos há 12 anos e um dos principais responsáveis pela difusão dos africanos nas competições nacionais, o técnico Moacir Marconi, conhecido como Coquinho, demonstra irritação com a proposta e com as justificativas dos defensores da medida. ;Um profissional deve saber ganhar e perder. Quem não está preparado, que vá fazer uma universidade. Ganhar assim é como ganhar no tapetão;, comenta o treinador, que usa um paralelo com outras modalidades para defender os quenianos. ;É o mesmo que tirar o Brasil do futebol;, compara.
Os atletas do Quênia, por sua vez, evitam entrar em polêmica. ;Não entendo o porquê de isso ser feito;, afirma Kiprono Mutai, campeão da Meia Maratona de São Paulo. Seus compatriotas fazem questão de ressaltar o quanto são bem recebidos no Brasil.
;É ótimo quando você deixa o seu país e é recebido como se estivesse em casa, pois você sabe que elas gostam de você. Por isso, muitos corredores do Quênia tem vindo para o Brasil;, revela Nicholas Koech, que venceu a Volta da Pampulha e a 10K Rio deste ano. ;Todos aqui no Brasil são muito bons, gostam dos quenianos e as provas são bem organizadas. Me sinto como se estivesse no Quênia;, resume Evans Cheruiyot, último vencedor da maratona de Chicago e principal nome da São Silvestre 2008.