postado em 08/01/2009 17:26
Eram duas horas da madrugada, de hoje, quando Paulo Pichini e Lourival Roldan conseguiram completar os 763 km entre Neuquem e San Rafael, dos quais 506 eram de trecho cronometrado. Eles largaram ontem, às 11h33min de Neuquem para um quinto dia de competição considerado por muitos o começo de dias mais duros e difíceis que os realizados até então. A chegada do trecho de dunas parecia ser o "vilão do dia", porém, a grande maioria dos competidores sequer conseguiu chegar lá. Dos 155 carros que largaram ontem, até a madrugada de hoje, apenas 33 constavam na lista de chegada on line do site oficial da prova. "O dia foi cinematográfico! Largamos atrás dos caminhões, superamos facões onde a maioria atolava, vencemos a briga com a temperatura do carro, ajudamos um piloto de moto chinês perdido que não entendia uma palavra de nada, pegamos chuva, tanta chuva, que quando chegamos no rio idenficado na planilha como ;rio seco; ele estava cheio e fomos obrigados a andar 10km dentro d;agua. Anoiteceu, encontramos gelo num vale assustador, e dificílimo de sair, e quase capotamos duas vezes. Se alguém duvidava que o Dakar ainda não tinha mostrado sua face cruel, ontem ela deu as caras", comentou Pichini na manhã de hoje.
Com tantas dificuldades vale relembrar uma das conhecidas frases de Thierry Sabine, criador do Dakar. Apaixonado por aventura, ele sempre dizia aos participantes de sua prova, "Abandonem as convenções e a forma de pensar ocidental. Aqui (Dakar) sofre-se"!
E como se sofre! O Dakar é o desafio dos desafios. Porém, com a vinda para a América do Sul, a organização parece estar cumprindo a expectativa de uma prova ainda mais dura que as versões Africanas. "Ontem cumprimos o quinto dia de prova, e eu me senti já na Mauritânia, que normalmente era o trecho mais seletivo da prova nas últimas versões da competição na África. A mudança geográfica trouxe características mais duras para os dias iniciais, facões maiores, um pó fino que entranha em tudo e prejudica o desempenho, principalmente dos veículos que largam atrás, como é o nosso caso", revela Lourival.
Paulo Pichini e Lourival Roldan tem superado diariamente não apenas a trilha, mas vários problemas mecânicos também. Com isso, a dupla brasileira tem largado sempre atrás de muitos veículos, o que redobra o desafio.
"Um carro ponteiro, com toda a sua preparação caríssima, que se traduz em desempenho sem igual, não faz a menor idéia do que significa largar atrás de pelo menos 10 caminhões, por exemplo. Um comboio inteiro esta à sua frente, e é preciso ultrapassar com cautela, acreditar que a vitória em um Dakar tem várias formas além do "primeiro lugar;", comenta Pichini.
Paulo Pichini e Lourival Roldan largam hoje na 126; posição. A estratégia da dupla é superar o Dakar dia a dia, ciente que cada etapa terminada é uma etapa vencida.
Dia cruel para todo o comboio
A etapa de ontem, entre Neuquem e San Rafael, foi tão devastadora que a organização decidiu cancelar os 120km finais. Com isso, o rali pode ser reagrupado e hoje segue para novos desafios. 27, 5% dos competidores já estão fora da disputa.
Confira as informações sobre a etapa de hoje:
Em nota, a organização do Dakar comunicou que devido às dificuldades da 5; especial, ocorrida ontem, dia 7 de janeiro, o percurso desta quinta-feira (8) acaba de ser reduzido de 395 para 178 quilômetros. O motivo é um rio intransponível que havia no caminho. Além disso, foi atrasada para as 9h35, horário de Brasília, a largada das motos. Todas as saídas serão atrasadas.
Mesmo assim, serão percorridos 625km totais entre as cidades de San Rafael e Mendoza, na Argentina.
Segundo informações da organização, este será um dia cheio de travessias, com 60 quilômetros iniciais nas dunas. O trajeto fica ainda mais difícil na segunda parte, pois a prova entrará na região do pré-Andes, parecida com o Marrocos. Será preciso muito cuidado com os rios secos e as grandes pedras pelo caminho.