postado em 03/02/2009 12:17
Maurren Maggi e César Cielo conquistaram as duas únicas medalhas de ouro do Brasil nos Jogos Olímpicos de Pequim. Uma das primeiras providências dos atletas depois de retornar ao País foi guardar os prêmios em cofres de bancos. Com receio de perder os preciosos objetos, tanto o nadador quanto a saltadora adotaram o mesmo expediente.
"É mais uma questão psicológica para que eu possa viajar e competir tranquilo", disse César Cielo, campeão nos 50m livre em Pequim. "Não sei qual seria o efeito de perder essa medalha. Acho que eu sairia batendo de casa em casa para recuperá-la", completou o nadador, que já voltou aos Estados Unidos para retomar sua rotina de treinamento.
Ouro no salto em distância na China, Maurren Maggi teve a mesma ideia. "Eu também guardo em um banco, é uma coisa muito valiosa", explicou a atleta. No final de janeiro, no entanto, ela foi até o cofre e retirou a medalha para mostrá-la aos atletas da Rede Atletismo, sua nova equipe. "Fico super motivada de poder ajudar as pessoas no caminho da medalha", declarou.
Na Copa do México, Pelé, Rivellino e Tostão conquistaram o tricampeonato mundial com a seleção. Desta forma, o Brasil ganhou a posse definitiva da glamourosa taça Jules Rimet. No final de 1983, ela foi roubada da sede da CBF, no Rio de Janeiro. Em seguida, os ladrões teriam derretido o objeto.
Dono de duas medalhas olímpicas, Nelson Prudêncio citou o roubo da taça para justificar a atitude de também manter seus prêmios guardados em cofres de banco. "As pessoas veem o valor material, mas na verdade é uma coisa que não tem como ser calculada", disse o ex-triplista, prata na Cidade do México-68 e Bronze em Munique-72.
A última vez que Prudêncio teve as medalhas em suas mãos foi em 2006. Com doutorado em Ciências do Esporte, ele leciona na Universidade Federal de São Carlos (Ufscar) e costuma buscar os objetos no cofre apenas quando seus alunos pedem. "É gostoso, poucos têm a chance de pegar uma medalha olímpica", comentou.
Após sofrer com assaltos, André Domingos, medalha de bronze no revezamento 4x100m nos Jogos de Atlanta e prata em Sidney, adotou o mesmo procedimento. "Já tive minha casa invadida duas vezes. Os ladrões levaram todo o meu material e as medalhas são as coisas mais importantes da minha vida", declarou.
Com o caso de doping de um dos corredores da equipe norte-americana que venceu o revezamento 4x100m em Sidney, o brasileiro pode herdar o ouro ao lado de Vicente Lenílson, Claudinei Quirino e Édson Luciano. Depois de passar um longo período sem ver suas medalhas, Domingos foi ao banco após saber da notícia.
"Fui dar uma olhada na de prata para já me despedir. Quero devolvê-la e ficar com o ouro, que de fato é nosso. Espero que isso seja concretizado", disse o corredor. Ele aguarda uma posição do Comitê Olímpico Internacional (COI) sobre o assunto e não descarta a possibilidade de contratar um advogado por contra própria para cuidar da questão.
Companheiro de André Domingos em Sidney, Vicente Lenílson não tem o mesmo receio dos outros medalhistas olímpicos. A prata conquistada na Austrália está na sala de sua casa, em Bragança Paulista. "Mesmo depois de nove anos, ainda tem gente que me visita para ver a medalha. Acho difícil guardar em banco. Eu vejo e fico motivado", explicou.
Vice-campeã olímpica nos Jogos de Atlanta, Hortência também gosta de receber as pessoas em sua residência e exibir a medalha. "Não tenho cofre nenhum. As pessoas querem ver e é motivo de orgulho para mim. É uma emoção que eles não estão acostumados. Não tenho nada de receio ou qualquer coisa do tipo", afirmou a ex-jogadora.