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Novo coordenador do tênis no Brasil, Emílio Sanchez fala sobre planos para o esporte

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postado em 15/02/2009 16:27
No mundo do tênis, o sobrenome Sanchez é sinônimo de competência. E não poderia ser diferente. Afinal, o clã espanhol tornou-se extremamente bem-sucedido nas quadras. Emilio, hoje com 43 anos, foi quem abriu as portas da família ao estrelato. Ao encerrar a carreira, em 1997, o espanhol tinha conquistado 15 torneios de simples, outros 50 de duplas (incluindo aí cinco Grand Slams) e uma medalha de prata olímpica, tendo atingido o topo do ranking mundial de duplas e a sétima posição em simples.

A irmã, Arantxa, hoje com 40 anos, foi ainda mais longe e até agora segue como a maior tenista da Espanha de todos os tempos. Tricampeã de Roland Garros e campeã do US Open, todos na chave de simples, ela detém ainda outros seis títulos de duplas e quatro de duplas mistas em Grand Slams, alguns dos feitos que fizeram dela a número um do mundo de simples e duplas e lhe ajudaram a acumular quase US$ 17 milhões na carreira.

Em tempos em que o tênis brasileiro tenta reencontrar seu caminho depois de ser varrido pelo furacão Gustavo ;Guga; Kuerten, a Confederação Brasileira de Tênis (CBT) foi buscar na família Sanchez um porto seguro. E conseguiu o que parecia impossível: Emilio, que no ano passado conduziu a Espanha ao título da Copa Davis, aceitou o desafio de tentar revolucionar o tênis nacional.

Emilio Sanchez foi apresentado na última segunda-feira, na Costa do Saípe, na Bahia, como o novo coordenador da modalidade no país. Trata-se do cargo técnico de mais alto posto na hierarquia do tênis brasileiro, acima do capitão da Copa Davis, que deverá ser apontado pelo espanhol.

Na quinta-feira, quando esteve em Brasília para uma visita ao ministro do Esporte Orlando Silva e ao presidente dos Correios (patrocinador oficial da CBT), Carlos Henrique Custódio, Emilio Sanchez concedeu, na Academia de Tênis, uma entrevista ao Correio Braziliense. Nela, o novo peso-pesado do esporte nacional revelou em detalhes o que pretende implantar no Brasil. E confessou que não espera que o trabalho seja fácil. Pelo contrário.

O espanhol disse que os contatos com a CBT começaram no ano passado, durante as Olimpíadas de Pequim. Mas a conversa se intensificou apenas depois que ele, após vencer a Copa Davis, se desligou da equipe, por desavenças com a federação local. ;Eu queria focar mais na minha academia. Mas aí eu já tinha começado a conversar com a Confederação Brasileira na época das Olimpíadas. Eles me pediram para apresentar um projeto. Eu fiz, eles acharam bom e pensaram que talvez um estrangeiro seria bom para conseguir unir todas as pessoas do tênis brasileiro;, recordou. ;Então eles me ofereceram essa posição, que é um grande desafio para mim;, prosseguiu Sanchez.

Revolução
De fato, o projeto que Emilio Sanchez pretende implantar para que o tênis no país do futebol possa chegar perto do que hoje acontece na Espanha ; o país europeu tem 15 tenistas entre os 100 melhores do mundo, dos quais um é o líder do ranking (Rafael Nadal) ; passa por uma verdadeira revolução na mentalidade de técnicos, atletas e dirigentes, além de uma mudança estrutural na CBT. ;Nós não temos no Brasil uma máquina de produção. Temos um cara trabalhando aqui, outro ali. Foi por causa do talento que um Guga apareceu. Mas foi por conta dessa luta particular, não fruto de uma integração;, criticou Sanchez.

Partindo desse princípio, o novo coordenador pretende trabalhar para que todos os envolvidos no esporte possam estreitar as relações. E o ponto de partida seria a confederação. ;A CBT tem que oferecer a todo momento suporte e apoio a esses garotos que hoje estão jogando mas não sabem o que fazer e quando fazer. O que eu vejo aqui é que tem muita gente trabalhando, mas não há qualquer ordenamento;, explicou. ;As pessoas não estão usando os espelhos e as experiências dos outros. Os brasileiros são muito individualistas. Mas acho que meu trabalho aqui será mais fácil porque eu sou de fora;, confia o espanhol.

Com tanta experiência e entusiasmo para usá-la no Brasil e ciente de que seu projeto principal é de longo prazo, Emilio Sanchez deixou um conselho a quem está no começo da estrada e pretende seguir na vida de tenista.

;Ser tenista é, senão a mais, uma das mais difíceis profissões do mundo. Em todo o planeta, só os top 100 (os 100 melhores jogadores do ranking mundial) conseguem viver só do tênis. Então, se formos analisar, existem apenas 100 empregos;, explicou. ;E eles não ficam lá por um ano. Em geral, se eles têm qualidade, os jogadores entre os 100 melhores duram 10 anos. Então, os únicos postos disponíveis vem daqueles que se aposentam ou dos que se machucam, o que deve ser umas cinco vagas a cada ano;, detalhou. ;Então, é muito difícil. E se você não fizer as coisas certas, não subir os degraus certos, terá muito dificuldade para chegar a essas cinco vagas. Existe um processo, que tem que ser seguido;, finalizou o novo coordenador do tênis nacional.


EMILIO SANCHEZ
# Nome completo: Emilio Angel Sanchez Vicario
# Data de nascimento: 29 de maio de 1965
# Local: Madri
# Início da carreira: 1984
# Ano de aposentadoria: 1997
# Títulos de simples: 15
# Títulos de duplas: 50
# Prêmios na carreira: US$5,339,395
# Retrospecto de simples: 428 vitórias e 292 derrotas
# Retrospecto de duplas: 532 vitórias e 273 derrotas
# Melhor ranking de simples: 7; (30 de abril 1990)
# Melhor ranking de duplas: 1; (3 de abril 1989)
# Destaques na carreira como jogador: bicampeão de duplas em Roland Garros (1988, com Andres Gomez, e 1990, com Sergio Casal) e campeão de duplas do US Open (1988, com Sergio Casal); medalha de prata nas Olimpíadas de Seul-1988, com Sergio Casal

a íntegra da entrevista com Emilio Sanchez

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