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Palmeiras e Corinthians lançam projeto de 'casamento eterno' no clássico

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postado em 06/03/2009 16:34
A Federação Paulista de Futebol (FPF) sediou nesta sexta-feira um evento incomum. Palmeiras e Corinthians tinham símbolos lado a lado, com camisas alternadas colocadas nas cadeiras do Salão Nobre da entidade estadual. Até assessores de imprensa dos dois clubes trocavam telefones. Uma união que as presidências dos arquirrivais querem eternizar o clássico entre os dois com um projeto de marketing que vai se iniciar no duelo das 16 horas de domingo, em Presidente Prudente, pelo Paulistão. Com o presidente Luiz Gonzaga Belluzzo e o vice-presidente de marketing representando os alviverdes e o vice-presidente de marketing Luis Paulo Rosenberg em nome dos alvinegros, as duas agremiações anunciaram oficialmente o lançamento de um logo simbolizando o derby que será colocado na bola do jogo e nas mangas dos times - nos atletas de Vanderlei Luxemburgo, os dois nomes estarão de verde, enquanto os comandados de Mano Menezes terão as equipes grafadas de preto. Além disso, o vencedor do confronto neste fim-de-semana ou o Palmeiras, em caso de empate por ser o mandante, ficará com um troféu. Com todas as ações, os dirigentes acreditam que servirão de exemplo para que os torcedores não repitam as cenas de violência que se tornaram comuns nos jogos envolvendo os grandes paulistas. "Nossa intenção com esta união é aguçar a rivalidade e diminuir a hostilidade. Queremos mais hinos, mais gracejos, mais cânticos, mais camisas e menos agressão em clássicos. Não há título de futebol que valha uma fratura de braço de um adolescente", explicou Rosenberg, acompanhado pelo mandatário rival. "Prefiro perder o jogo a ver um braço quebrado, uma cabeça quebrada ou uma morte, que não se justifica de maneira nenhuma no futebol", argumentou Belluzzo. "O Derby é o clássico mais importante de São Paulo porque imanta a cidade, deixa todos tensos no dia do jogo e, no dia seguinte, ficam duas sensações que se complementam: a alegria da vitória e a tristeza da derrota. Mas é por isso que o futebol tem graça", continuou. Com palavras de harmonia, os clubes querem estimular torcida, agremiações e Ministério Público a discutirem a costumeira confusão nas arquibancadas e, de acordo com o presidente palmeirense, tentar algo parecido com o que foi feito na Inglaterra. "Não podemos achar que as organizadas não existem. Tem que haver um diálogo. E já falei para as organizadas que os hooligans são muito mais violentos que eles e foram controlados", destacou o chefe alviverde. A ideia é evitar que os clássicos sejam disputados com apenas uma torcida no estádio. No domingo, 35% dos ingressos são destinados a corintianos, já que o Verdão é o mandante. E as rendas também foram dividas: o Timão ficará com 20% do que será ganho nas bilheterias, ordem que será invertida nos clássicos em que os alvinegros forem mandantes. Não haverá pagamento de aluguel da arena neste domingo, já que a prefeitura de Presidente Prudente cederá o Farahzão de graça e ainda bancará a estadia das duas delegações na cidade. "Fazemos isso para haver um equilíbrio. O regulamento prevê que toda a renda vá para o mandante. Daremos ao Corinthians algo que ele não teria, assim como o Corinthians nos dará algo que não teríamos", esclareceu Belluzzo. "Essa iniciativa surgiu para mostrar que as divergências entre estes dois rivais é apenas esportiva. Conversamos muito pelo telefone para combinar isso. Estamos valorizando algo que já tem muito valor", prosseguiu. No que depender do clima pelos dirigentes na FPF, o clássico, apesar de ser válido pela 12ª rodada do Estadual, terá um ambiente de amistoso nos bastidores. "Minha família sabe o valor do que faço quanto estou sentado na mesa de um palmeirense. Em casa, a única coisa verde que entra é o alface", provocou Rosenberg, logo ouvindo a resposta de Belluzzo. "Posso ficar lembrando aqui de varias vitórias e derrotas do Palmeiras contra o Corinthians. O que eu sei é que quero encontrá-los na Libertadores, porque costumamos dar sorte com eles neste torneio", recordou o palmeirense, que viu seu time eliminar o arquirrival no torneio continental nas quartas-de-final de 1999 e semifinal de 2000. "O importante é que está provado que dois economistas podem se entender", sorriu o bem-humorado Belluzzo. "Durante 90 minutos, o que interessa é a vitória. Fora de campo, somos a liderança de uma classe trabalhadora que tem as mesmas dificuldades vestindo preto ou verde e, no fim do mês, tem mais mês do que salário", filosofou Rosenberg.

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