postado em 24/03/2009 10:14
Na manhã desta terça-feira, Palmeiras, Santos, Cruzeiro, Bahia, Botafogo e Fluminense apresentarão um dossiê reivindicando que suas conquistas na Taça Brasil e no Torneio Roberto Gomes Pedrosa, entre 1959 e 1970, sejam aceitas como títulos brasileiros. Se a CBF acatar o pedido, o São Paulo, hexacampeão nacional, perderá sua soberania para Verdão e Peixe, que passarão a ter oito triunfos. Mas a possível novidade, publicamente, não incomoda ninguém no Morumbi.
Entendendo que só deve se considerar os campeonatos organizados pela CBF, os tricolores acreditam ocupar um posto inquestionável. "Cada época tem sua validade e cada título é marcado por uma era. A era do Brasileiro é a partir de 71. Nela, o São Paulo ganhou seis Brasileiros, três seguidos. Na regra do Brasileiro, o São Paulo é soberano e não há o que discutir", disse à GE.Net o superintendente de futebol Marco Aurélio Cunha.
Na visão do dirigente, a nomeação de títulos da década de 60 como nacionais abre um questionamento que pode complicar ainda mais a questão. "A Copa do Brasil também é um título nacional. Então, se sou campeão da Copa do Brasil, sou campeão brasileiro?", indagou. "O Brasileiro é um campeonato, a Taça Brasil é outro, o Roberto Gomes Pedrosa é outro, a Copa do Brasil é outro... A Mercosul, que já existiu e acabou, não era a Libertadores", relembrou.
Apesar dos argumentos, a posição oficial do São Paulo é de não criar problemas nos bastidores, seja qual for a decisão da CBF. "O São Paulo não disputa uma hegemonia por ter mais títulos, disputa o próximo campeonato. E o São Paulo é evidentemente o clube com mais sucesso nos últimos tempos", apontou o diretor de futebol João Paulo de Jesus Lopes, reiterando que não haverá nenhuma represália.
"Este início de contagem é um assunto que deve ser analisado e examinado com muito critério, avaliado por quem tem direito. Temos muito respeito a estes clubes, não podemos desmerecer as glórias passadas", afirmou Jesus Lopes. "Façam o que acharem melhor porque não vai mudar a nossa vida. Não temos como perder a nossa soberania. O São Paulo foi tricampeão brasileiro seguido. Alguém já foi?", completou Marco Aurélio Cunha.
Taça das Bolinhas - Mesmo se a CBF unificar os títulos da Taça Brasil e do Robertão aos do Brasileiro, o São Paulo acredita que seguirá possuindo um troféu que ainda não recebeu: a Taça das Bolinhas, que já esteve nas mãos do Flamengo e, nas palavras tricolores, deveria estar no Morumbi desde 2007, quando o time foi pentacampeão nacional.
"Para nós, é incontestável que a Taça das Bolinhas é nossa. Quando ela foi instituída na década de 70, seu regulamento específico era de que ficaria com o time que vencesse cinco vezes ou três vezes seguidas o campeonato organizado pela CBF. Preenchemos os dois requisitos. Esta recontagem não implica em nada no que se refere à Taça das Bolinhas", garantiu João Paulo de Jesus Lopes, mantendo a espera pelo prêmio.
"O Ricardo Teixeira (presidente da CBF) estabeleceu em viva voz ao Juvenal Juvêncio (presidente do São Paulo) o compromisso de nos entregar a taça em uma data oportuna e o diretor de competições Virgilio Elisio reiterou isso em conversa que eu testemunhei. Temos o depoimento dos dois principais mandatários deste troféu. Mas não somos nós que marcamos a data de entrega", lamentou.