postado em 27/03/2009 17:21
No último dia 14 de março, o maior ídolo da história do Palmeiras foi criticado e gerou descontentamento em alguns de seus fãs por vestir a camisa do São Paulo. Mas não perdeu seu temperamento sereno. Semanas depois de visitar o arquirrival e usar o uniforme de Hernanes, Ademir da Guia utiliza o ato como pedido de paz no futebol e se alegra por ainda conseguir entrar em campo.
Lisonjeado com a recepção que recebeu no CT de Cotia, do clube do Morumbi, o eterno camisa 10 alviverde gostou do convite para participar de um amistoso entre deputados e funcionários do Tricolor. E quer receber do Verdão um pedido similar.
"Vou fazer 67 anos (em 3 de abril). Nesta idade, a minha maior alegria é ser convidado para participar de um jogo e conseguir entrar em campo, jogar. Isso é um orgulho para mim. Aos 67 anos, ainda estar em campo é muito bom", comentou o Divino à Gazeta Esportiva.Net. "Foi um orgulho para mim ter sido convidado para jogar no time dos vereadores, apesar de já não ser mais um deles."
Agora, o ex-atleta espera abrir o mesmo sorriso uma homenagem do time que defendeu em 901 partidas - é o jogador que mais atuou na história. "A minha maior alegria vai ser poder entrar em campo quando fizer 50 anos da minha chegada ao Palmeiras, mostrando que ainda consigo jogar. Isso será uma grande alegria mesmo", apontou.
Felicidade similar o ídolo diz ter sentido após ter deixado o campo em Cotia. O superintendente de futebol tricolor e também vereador de São Paulo, Marco Aurélio Cunha, presenteou o palmeirense com a camisa e o calça de Hernanes que ele usou no amistoso. "Isso também foi uma honra para mim", contou.
O ex-meia, filho do zagueiro Domingos da Guia, desembarcou no Palestra Itália em 1961, adquirido do Bangu, do Rio de Janeiro. Estreou em 8 de março de 1962, em um amistoso contra o Paulista de Santa Bárbara D'Oeste no interior (vitória alviverde por 4 a 3). Depois disso, conquistou dois Brasileiros (1972 e 1973), dois Roberto Gomes Pedrosa (1967 e 1969), uma Taça Brasil (1967), um Rio-São Paulo (1965) e cinco Paulistas (1963, 1966, 1972, 1974 e 1976).
Estes feitos, aliados à qualidade de seu futebol, lhe valeram um busto de bronze no Parque Antártica. E um carinho que, segundo ele, não se altera de acordo com a camisa que aceita vestir. "Posso colocar uma camisa, branca, vermelha, azul, amarela, mas isso não vai mudar o meu sentimento, o meu amor pelo Palmeiras por tudo que este clube me deu. É o clube que eu torço e que eu amo. Este sentimento sempre vai estar comigo", garantiu Ademir.
Tranquilo como sempre se demonstrou em campo, o craque quer que seu gesto de usar uma camisa rival sirva de lição a todos. "Futebol não pode ser confusão. Os presidentes, ex-jogadores, dirigentes têm que estar em paz, te que ser amigos. A rivalidade só deve existir por 90 minutos, dentro de campo, e todos têm que mostrar isso. Não pode ter tristeza no futebol", discursou.
"Achei muito bonito quando aquele garoto, o Neymar, foi pedir a camisa do Ronaldo. Tem algum problema um santista pedir a camisa do Corinthians?", indagou, lembrando do pedido feito pelo atacante do Peixe no clássico do último domingo. "É muito bonito ver um garoto pedindo a camisa do ídolo. Quantos não pediram a camisa do Pelé?", lembrou.