postado em 07/04/2009 09:51
Em quase nove anos de história do emergente Brasiliense, o pernambucano Iranildo conquistou o papel de estrela máxima da companhia. Não só pelo título subjetivo de maior ídolo da torcida (único jogador com um bandeirão nas arquibancadas do Serejão), mas também por critérios objetivos: recordista de gols (57) e de jogos (199) com a camisa amarela. Na sua quarta passagem pelo clube de Taguatinga, o eterno camisa 10 arredonda a invejável coleção de partidas oficiais, amanhã. A marca bicentenária será comemorada no duelo de ida pela segunda fase da Copa do Brasil, contra o Goiás, no Serejão, depois de completar despercebido o 100º jogo em 2006, pela falta de cuidado do clube com a própria história. Em entrevista exclusiva ao Correio, no luxuoso condomínio fechado, onde mora, próximo ao Palácio da Alvorada, o meia apelidado de Chuchu comenta sobre sua trajetória no Jacaré. Desde o longínquo primeiro jogo, na Metropolitana, em 2001, até a atual temporada, incluindo o poder de Luiz Estevão e a famosa desavença com Marcelinho Carioca na fracassada campanha da Série A de 2005. Abaixo, leia os principais trechos da conversa.
História no Brasiliense
;Foi uma aposta quando vim para cá em 2001 e 2003. Todo mundo me chamava de louco quando saí do Flamengo: ;Vai encerrar a carreira.; Hoje estou aqui feliz. Sou bem tratado em Brasília. Completar 200 jogos no Brasil e mais em um clube assim que tem história curta%u2026 é um privilégio. Espero que tenha mais 200 jogos;
Planos de futuro
;Pretendo continuar no Brasiliense, encerrar a carreira. Estou fazendo 33 anos e o que acontece? Futebol hoje em dia está muito carente. É só você ter um pouco mais de vontade e se preparar bem fisicamente que dá para jogar. Infelizmente, futebol aqui no Brasil caiu muito. Então, eu, estando bem fisicamente, espero jogar mais quatro, cinco anos;
Primeiro jogo
;Foi no Bandeirante (Núcleo Bandeirante). Acho que fiz dois gols nesse jogo (marcou apenas um, na vitória por 3 x 1). Foi um choque para mim. Depois de jogar no Maracanã, sem menosprezar o Bandeirante. O vestiário só cabia duas pessoas naquela época. Então, foi um baque. Mas, depois de entrar em campo, esqueci disso tudo e joguei;
Evolução do clube
;Melhorou muito e tem de melhorar muito. Quando cheguei aqui até o material era complicado, departamento médico. O Brasiliense tem de melhorar, mas não deixa muito a desejar em relação a bastante clube do Brasil porque tem muito tempo de vida ainda;
Paixão por Brasília
;Adorei Brasília. Até porque a violência é zero, então para criar filho, né? O carinho também do torcedor. Tem muito flamenguista, botafoguense. Fui muito bem recebido aqui e também demonstrei dentro de campo. O carinho foi muito importante para continuar aqui. É o que sempre falo desde que cheguei: espero encerrar a carreira no Brasiliense e depois disso continuar aqui em Brasília, que vai ser minha cidade agora;
Luiz Estevão no vestiário
;Você sabe que o Brasiliense não tem muita torcida, mas a cobrança de Luiz Estevão vale por muitas. Tem muitos jogadores que tremem quando ele chega no vestiário. É o jeito dele de cobrar. Mas é importante porque o cara investe. O futebol de Brasília tem de agradecer muito a ele também pelo que ele investe. A cobrança é grande, mas tem jogador que sabe tirar isso de letra. Ele dá a opinião dele, conversa com a gente, mas nunca chega assim ao treinador para colocar esse ou tirar aquele jogador. Nunca vi e não sei se acontece. É claro que ele dá a opinião dele;
Estrela vaidosa
;Dono do time não sou, mas tem de me respeitar sempre. Quando vim para cá me falaram aquela história toda que ia encerrar a carreira, que o Brasiliense era de um senador cassado. Então, muita gente julgava: o cara parou de jogar bola ou vai parar, jogando no Brasiliense. Chegar hoje é fácil demais. Quero ver se chegasse hoje no Jaguar (CT usado em 2001), no Bandeirante, passar o que passei e hoje no Brasiliense é mil maravilhas. Tem bicho bom. Todo mundo sabe disso. Chegar e querer atropelar eu não aceito isso. Porque o que passei aqui, e estou fazendo 200 jogos agora, não foi à toa. Então, conquistei meu espaço. Não é qualquer um que vai chegar e querer me mandar;
Marcelinho Carioca
;O único jogador com quem tive problema de relacionamento foi o Marcelinho Carioca (em 2005). Ele chegou como todo mundo chega: ;Iran pra cá e pra lá;. E, de repente, começou a mudar seu jeito. Começou a jogar os amigos dele contra mim e a tentar me afastar do elenco. A minar. E eu não gostei da atitude e fui conversar com ele. Sou assim. Uma pessoa que não gosta de mexer com ninguém, mas não mexa comigo que me transformo. Fui tirar satisfação com ele e acabou: era um pra lá e outro pra cá. Infelizmente, não deu certo;
Queda de 2005
;Muito erro, as contratações também. A gente tinha um bom elenco (em 2004). Não continuou o Fabrício. Foram muitos jogadores embora do time que subiu para a primeira divisão. A vantagem do Luiz Estevão é que ele dá a segunda ou a terceira chance para jogador que já fez nome no futebol. Mas tem muitos que chegam aqui e não rendem. Não sei o que acontece. Então, fica complicado. Foi isso o que aconteceu. Os jogadores que já estavam aqui se sentiram desprestigiados. E os outros que chegaram estavam com prestígio. Infelizmente, deu tudo errado;
Temporada atual
;Tem de manter da forma que está aí. Todo mundo unido, não tem vaidade, todo mundo querendo se ajudar. Você vê: 14 jogos sem perder (agora 15, depois da vitória sobre o Dom Pedro). Na história do Brasiliense, desde que estou aqui, nunca passei por isso. O time está bem, espero que continue assim. Depende do Gueldini (técnico da equipe), mas o time precisa de reforços, sem dúvida;.
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