Superesportes

Façanha invejável

Jonas Foca, zagueiro do Brasília nas décadas de 1970 e 1980, é o recordista de títulos domésticos. São nove conquistas, oito pelo colorado e uma pelo Colombo. Marca é ameaçada pelo meia Rodriguinho, do Brasiliense

postado em 02/05/2009 14:27
A presença dele em campo dava a todos a certeza de jogo duro, especialmente para os meias e atacantes adversários. ;Eu gostava de bater. Chegava junto mesmo. Depois, ficava até com remorso;, admite Jonas Francisco dos Santos, 56 anos. Mas a carreira do corpulento ex-zagueiro de 1,82m, pernambucano de Caruaru, não se resumiu à catimba e aos pontapés. Aposentado dos gramados desde 1990, Jonas Foca, como era conhecido, é o homem que mais vezes conquistou o campeonato candango como jogador, com nove títulos no currículo. O recorde inclui outra façanha particular: Jonas participou das oito campanhas vitoriosas do Brasília, em 1976, 1977, 1978, 1980, 1982, 1983, 1984 e 1987. O primeiro campeonato, porém, foi conquistado em 1971, pelo Colombo, quando o futebol do Distrito Federal ainda era amador. ;Fico contente pra caramba com isso. Mas, infelizmente, ninguém respeita a memória do futebol daqui. Não respeitam o passado;, queixa-se o Foca, que aproveita para brincar com o jejum de 21 anos sem títulos do colorado. ;Parece que joguei praga. Saí do clube e o Brasília não ganhou nada.; Mas a marca do ex-zagueiro é ameaçada pelo meia Rodriguinho, do Brasiliense, que já faturou o campeonato candango sete vezes: cinco pelo Gama (1998, 1999, 2000, 2001 e 2003) e duas pelo Jacaré (2007 e 2008) ; o atleta chegou a errar na conta e acrescentou um título à lista em entrevista ao Correio, na edição de terça-feira. A oitava taça dele está próxima: o time de Taguatinga pode perder até por um gol de diferença do Brasília, hoje, às 16h, no Serejão. O ídolo colorado não liga. ;O Rodriguinho vai me passar. Torço por isso. Só que não vai ser neste ano;, lembra. Dos tempos de zagueiro, Jonas guarda ótimas recordações. A principal delas é a vitória do Brasília sobre o poderoso Grêmio no Campeonato Brasileiro de 1981, conquistado pelos gaúchos, em pleno Estádio Olímpico: 2 x 1, de virada. ;Eles eram uma potência. Tinham o Leão (goleiro), o Paulo Isidoro (meia), todos de Seleção Brasileira. Quando fizeram 1 x 0 na gente, pensei: ;com 5 x 0, estou satisfeito;. Mas viramos e seguramos a pressão;, lembra. Com o dinheiro da premiação pelo triunfo, o jogador deu entrada na compra de um Fusca. Se a memória evoca momentos felizes, o corpo de Jonas sofre as consequências dos sacrifícios de tempos com preparação física mais precária. Ele anda com a ajuda de uma bengala, resultado de cirurgia recente no quadril. ;Gastei muito as articulações quando jogava. A gente fazia muito exercício sem orientação;, conta o ex-monitor de esportes de uma escolinha de futebol, atualmente sem trabalho. Além do amador Colombo e do Brasília ; defendeu o colorado de 1975 a 1987 ;, o zagueiro jogou no Anapolina-GO, no Gama e no Operário de Várzea Grande-MT, onde encerrou a carreira. Superação Foca não está satisfeito com o nível atual do futebol candango: acha que há poucos jogadores de qualidade. Mas elogia o atacante Chefe, artilheiro do Brasília no campeonato com sete gols, e acredita na conquista do título. Ele destaca a capacidade da equipe em superar adversidades, como a falta de estrutura e os salários atrasados. ;Tem de tirar o chapéu para o Marquinhos Carioca (técnico do Brasília). Ele fez muito pelo time. Já treinar o Brasiliense é mole. É tudo em dia e o bicho é bom;, opina. ;O forte do Brasília é o conjunto. Dá para matar o Brasiliense;. Apesar da torcida, Jonas afirma que não vai hoje ao Serejão. Prefere assistir pela televisão, a exemplo do que fez na primeira partida, os 2 x 1 do Jacaré, de virada, no Cave, há uma semana. Mas se apoia na história para dar confiança ao colorado. Ele lembra a conquista do título de 1984 sobre o Taguatinga, no mesmo estádio da decisão. ;O time deles era superior. Ganhamos por 1 x 0 e fomos campeões;, orgulha-se o ex-zagueiro, em alusão à vitória na penúltima rodada do triangular final ; o título foi sacramentado na rodada seguinte com o empate sem gols do rival contra o Sobradinho. GALERIA DE ARTILHEIROS Ano ; Jogador ; Clube ; Gols 1976 ; Rogério ; Brasília ; 9 1977 ; Julinho ; Brasília ; 15 1978 ; Edmar ; Brasília ; 9 1979 ; Péricles ; Gama ; 10 1980 ; Fantato ; Gama ; 23 1981 ; Péricles ; Taguatinga ; 9 1982 ; Éder ; Guará ; 22 1983 ; Santos ; Brasília ; 22 1984 ; Wander ; Brasília ; 12 1985 ; Toni ; Sobradinho ; 17 1986 ; Joãozinho ; Taguatinga ; 17 1987 ; Bé ; Tiradentes ; 18 1988 ; Moura ; Tiradentes ; 16 1989 ; Moura ; Tiradentes ; 14 1990 ; Evandro ; Gama ; 8 1991 ; Vander ; Guará ; 11 Paulinho ; Guará ; 11 1992 ; Joãozinho ; Taguatinga ; 25 1993 ; Gil ; Gama ; 19 1994 ; Anderson ; Gama ; 18 1995 ; Gil ; Planaltina ; 13 1996 ; Dimba ; Sobradinho ; 22 1997 ; Serginho ; Brasília ; 12 Mazinho ; Brasília ; 12 1998 ; Marquinhos Bahia ; Ceilandense ; 14 1999 ; Joãozinho ; Brazlândia ; 12 2000 ; Alysson ; Brasília ; 9 Jackson ; Bandeirante ; 9 2001 ; Weldon ; Brasiliense ; 13 2002 ; Tiano ; CFZ ; 21 2003 ; Cassius ; CFZ ; 13 2004 ; Bispo ; CFZ ; 12 2005 ; Fabinho ; Ceilândia ; 14 2006 ; Jonhes ; Ceilândia ; 8 2007 ; Thiago - Dom Pedro II ; 10 2008 ; Michel - Dom Pedro II ; 9

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