postado em 21/05/2009 10:58
O Legião Urbana dizia em uma de suas letras, que "quando tudo está perdido, sempre existe uma luz". No Inter, a luz se chama Andrezinho. Quando tudo estava perdido no Beira-Rio, o meia provocou um clarão no estádio, levando quase 50 mil colorados ao êxtase, na quarta-feira.
Ele precisou de quatro minutos para iluminar os colorados com a esperança de que vencer a Copa do Brasil ainda é possível. Sob a pressão de entrar aos 40 minutos do segundo tempo, quando o seu time empatava por 1 x 1 e estava sendo eliminado da competição mais importante do primeiro semestre do ano centenário do clube, Andrezinho foi forte.
Pediu à estrela D'Alessandro, um pouco apagado na partida, para cobrar a falta decisiva próxima à meia-lua. O meia orou. Posicionou-se. Deu três passos e chutou a bola. Quando ela saiu de seu pé, ele sabia que ela chegaria ao seu destino.
Gols de falta em instantes finais não são novidade para o meia. Em 2001, quando era reserva do Flamengo, ele viu Petkovic dar um título carioca do mesmo jeito que ele classificou o Inter, ironicamente, em cima do rubro-negro.
Sem demonstrar nenhum tipo de mágoa, Andrezinho mostrou muita emoção em marcar de maneira tão decisiva contra o clube que o revelou para o futebol. "Consegui dar a volta por cima após tanto tempo na Coreia. Eu saí do Flamengo de uma forma que eu não gostaria. Eu sou grato ao Flamengo por ter me revelado e me dado uma base. Se não fosse o Flamengo, eu não seria um jogador profissional", declarou.
O jogador de 24 anos chegou ao clube gaúcho no começo de 2008. Pouco conhecido, vindo de um futebol obscuro, passou os primeiros meses praticamente despercebido. Suas atuações pouco empolgavam. Porém, ele se adaptou à nova realidade, se empenhou e nas últimas partidas de 2008, teve grande atuações. Tanto é que ficou no Inter para este ano.
"Ele é um jogador que sempre que precisou jogar em momentos decisivos, seja como titular ou entrando durante o jogo, ele teve grande desempenho. Ele virou um jogador de torque e de contato físico", ressaltou o técnico Tite após a classificação heróica.
Difícil recomeço: Se moldar novamente ao futebol brasileiro não foi simples. Retornar aos costumes do país onde nasceu era o de menos. Dentro de campo a situação se complicava. Em solo asiático, as condições de treino eram precárias. Fisicamente, Andrezinho pouco treinava. O Pohanng Steeler, clube que defendeu por quatro anos, sequer tinha sala de musculação.
Desse modo, o jogador desembarcou no Beira-Rio com pouca força, pouco percentual de massa muscular, e com um índice de gordura um pouco elevado para os padrões de um jogador brasileiro. Quando o trabalho desenvolvido pelo Inter engrenou, os resultados apareceram.
"Quando fui contratado, muitos não me conheciam. Muitos colocavam um ponto e interrogação sobre mim. Ter passado quatro anos em um futebol totalmente diferente, me fez amadurecer muito. Torcida, direção e comissão técnica do Inter sempre acreditaram em mim. Nunca me considerei um reserva aqui. É um gol marcante para mim", explicou.
Durante toda a noite, Andrezinho não cansou de ressaltar que seu gol foi de merecimento. As cobranças de faltas são treinadas diariamente. Seu desempenho é de oito acertos a cada dez chutes. No começo do ano, o paulista com jeito de carioca havia marcado em chute semelhante contra o São Luiz, pelo Gauchão.
O Inter segue com a meta de conquistar tudo da temporada dos seus 100 anos viva. Agora, o próximo adversário na Copa do Brasil será o Coritiba. Tudo começa do zero, pois como diz o próprio Legião no seguimento da música, "amanhã é um outro dia".