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Fifa escolhe sede para Copa de 2014 no próximo domingo

A influência política se rende ao poder da bola. Critérios técnicos são decisivos para que a Fifa escolha, entre 17 candidatas, as 12 sedes do Mundial no Brasil. Anúncio será no próximo domingo, em Nassau, nas Bahamas

postado em 24/05/2009 08:00
Os números são gigantescos e, por isso, o megaevento é tentador a estados e municípios: só de investimentos públicos em infraestrutura, serão mais de R$ 100 bilhões, boa parte vindos do PAC ; Plano de Aceleração do Crescimento; previsão de desembarque de 600 mil passageiros de voos internacionais; 20 mil profissionais de imprensa credenciados; receita geral em torno de US$ 10 bilhões. Por isso, antes mesmo de a bola rolar na Copa do Mundo de 2014, essas projeções provocam uma euforia nos governantes de hoje, tão grande quanto o espetáculo de se ver a Seleção Brasileira tentar chegar ao seu inédito título mundial em casa.

O ponto de partida dessa gigantesca operação esportiva-empresarial, que une os governos federal, estaduais e municipais, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), investidores e bancos financeiros, começará em 1; de junho, um dia depois que a Fifa divulgar as 12 cidades-sedes do Mundial, dentre as 17 que estão no páreo. O anúncio, no próximo domingo, será na reunião do Comitê Executivo da entidade, que precederá o Congresso da Fifa, nas Bahamas.

;Aguardamos essa divulgação com ansiedade. Há obras demoradas, e é preciso enfrentar os processos de concorrências públicas. Já há quem acredite que dificilmente vamos nos preparar adequadamente na área urbana;, revela o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Paulo Lima.

Essa angústia não é individual. Experiente em planejamento e execução de grandes projetos, José Roberto Bernasconi, do Sindicato Nacional da Arquitetura e da Engenharia (Sinaenco), aponta para o apertadíssimo calendário, que exige conclusão dos estádios para dezembro de 2012. No ano seguinte, será realizada a Copa das Confederações, que serve de evento-teste tanto em termos de instalações como de treinamento de pessoal.

;A Fifa anunciou o Brasil como sede do Mundial em outubro de 2007. Passou 2008 e já estamos em maio, mas sem qualquer evolução;, disse Bernasconi, em recente seminário, em Brasíila. A apreensão faz sentido: trata-se do maior evento do planeta e exige determinante participação governamental em problemas graves, como o da segurança urbana, modernização de rodovias, ampliações de aeroportos e atualização de redes de telecomunicações. Acrescente-se a tradicional burocracia nos processos de licitações, os embargos, a demora nas decisões das questões ambientais, desapropriações de áreas para novas rotas rodoviárias, etc.

Com essa perspectiva e para tentar enfrentar um apertado cronograma de grandes obras nos próximos quatro anos, a CBIC realizará um seminário em Brasília, em 17 de junho. ;Estamos preocupados e é preciso começar a trabalhar, já. Não vamos preparar o país para um evento que vai durar apenas 30 dias, mas as obras urbanas, principalmente, têm que ser projetadas com vista aos próximos 30 anos, no mínimo;, diz Paulo Lima, da CBIC.

Comitê organizador
Fora do nísvel governamental, o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, criou um comitê organizador da Copa 2014, do qual ele é o líder. Será o órgão assessor da Fifa, promotora do evento. Para comandar o caixa dessa megaoperação, escalou um profissional experiente no mercado financeiro internacional, Carlos Langone, ex-presidente do Banco Central e atual diretor do Centro de Economia Internacional da Fundação Getulio Vargas.

Especialista em marketing esportivo, Ricardo Ognibene, principal executivo da One Sports Business, de São Paulo, diz que o próximo 31 de maio é um marco no projeto da Copa 2014. ;Essa data marcará o começo oficial dos trabalhos da Copa. As sedes começarão a executar seus projetos e o mercado ficará aquecido. Estará aberta a temporada de negócios;, diz ele.

Sob outro enfoque, ele analisa: ;Resta saber de que forma a CBF se envolverá e o que vai querer controlar. Só em patrocinadores, hoje, são mais de US$ 120 milhões (R$ 240 milhões) por ano, sem contar o que vem pela frente;. Atualmente, a CBF tem parcerias com Nike, Vivo, Tam, Gillete, Ambev e Itaú, o banco oficial da Copa 2014. Calendários, prazos, obras e dúvidas à parte, Ognibene é otimista: ;O Brasil fará uma das maiores copas da história. O evento será um divisor de águas na história do nosso futebol;.

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