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Em entrevista, Bernardinho admite nervosismo nos jogos e diz que aprendeu a conviver com isso

Apesar do sucesso e mesmo em jogos fáceis, Bernardinho não consegue evitar: ele segue se estressando em quadra. Mas o treinador jura que aprendeu a lidar com seu jeito nervoso de ser

postado em 20/06/2009 23:23
Estresse. Ô palavrinha amaldiçoada. Uma espécie de fantasma do final do século passado, que pela velocidade inerente ao novo milênio parece assombrar mais e mais pessoas a cada minuto ao redor do globo. Para muitos, os problemas financeiros são a origem do problema. Contas, contas e mais contas e um dinheirinho minguado no final do mês que não dá para cobrir tudo. Para outros, é a saúde. Estar doente ou conviver com a doença alheia. E nesse universo de dificuldades, o que todos sonham mesmo é com estabilidade financeira, fama e sucesso. Aí sim, a vida fica tranquila. Será? O carioca Bernardo da Rocha Rezende, nascido a 28 de maio de 1959, está aí para provar que o que muita gente persegue não livra ninguém do bom e velho estresse. Campeão olímpico em Atenas-2004, vice-campeão olímpico em Pequim-2008, Bernardinho conduziu a Seleção Brasileira masculina a cinco títulos da Liga Mundial e a dois campeonatos mundiais, entre outras várias conquistas. Mas o sucesso tem um lado sombrio. E traz consigo cobranças, expectativas e uma legião de invejosos que soltarão fogos ao menor sinal de fracasso.
Perfeccionista, Bernardinho nunca lidou bem com a derrota em quadra. Quando as coisas saem do controle, ele grita, morde a camisa, morde a bola, puxa os poucos cabelos que ainda lhe restam e em certos instantes parece que vai ter um infarto na beira da quadra. Nessas situações e em muitas outras, o dia a dia de Bernardinho caminha lado a lado com estresse. Em entrevista exclusiva ao Correio, Bernardinho falou sobre como lida com as tensões e o que faz para tentar se livrar delas quando a coisa esquenta. E garantiu: apesar do nervosismo, a pressão (arterial) dele anda muito bem, obrigado. ESTRESSE: CUIDADO COM ELE! Um dos primeiros estudos sobre o estresse foi realizado em 1936, pelo pesquisador canadense Hans Selye. Ele submeteu pobres cobaias a estímulos estressores e observou um padrão específico na resposta comportamental e física dos animais. Assim sendo, o estresse pode ser entendido por um conjunto de reações fisiológicas que, caso ocorram de forma exagerada em intensidade ou duração, podem ocasionar uma série de desequilíbrios nocivos ao organismo, tanto físicos como psicológicos. Se você apresenta vários dos sintomas abaixo, é bom se cuidar. O estresse está aí, ao seu lado. Físicos Dores de cabeça Dores musculares Insônia Indigestão Taquicardia Alergias Queda de cabelo Mudança de apetite Gastrite Dermatoses Esgotamento físico Psicológicos Apatia Memória fraca Tiques nervosos Isolamento e introspecção Sentimentos de perseguição Desmotivação Autoritarismo Irritabilidade Emotividade acentuada Ansiedade Em entrevista, Bernardinho detalha sua relação com o estresse Confissões de um cara tenso Desconforto permanente: "Com certeza eu sou estressado. Pela minha forma de reagir às coisas, há uma série de elementos que estão permanentemente agredindo o meu equilíbrio. Eu vivo em um desconforto permanente. Mas aprendi a lidar e a conviver com o estresse. Mas tive alguns momentos de achar que eu iria explodir." Pressão normal: "Minha pressão é normal. Ela está muito mais vinculada à questão do peso. Se eu estiver um pouco acima do peso ela pode subir um pouquinho. Mas em condições normais não tem muita diferença da que eu tinha há alguns anos. É 12 por oito, 13 por oito, no máximo." Piores momentos: "O momento mais difícil é ter que cortar alguém, porque influencia nos sonhos e nas expectativas de pessoas. A questão do corte, das relações pessoais, como no caso do afastamento do Ricardinho, tudo isso certamente traz muito estresse, muita preocupação. Não há dia que eu não pense nisso, tentando avaliar se eu fui justo ou não." Convivência com Bruno: "Eu sou estressado com o meu filho (Bruno, levantador da Seleção Brasileira) só na quadra. Com a Julia (filha mais nova do treinador) quem se estressa é a minha esposa (Fernanda Venturini). Com eles não tem essa cobrança. Tem uma orientação normal. Mas é duro a convivência com o Bruno muitas vezes porque eu tenho que ser duro e ele paga um ônus maior do que deveria pelas cobranças eventualmente excessivas que eu faço." Para relaxar: "O que eu faço é viver minha vida normalmente. É me cuidar, dar uma corrida, dar uma pedalada, ir à academia e fazer uma leitura. A leitura é o que mais me abstrai. Me leva a um outro cenário. E essas são as formas de eu abstrair de um ambiente de tensão, de uma cobrança e de uma pressão excessiva."

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