postado em 30/06/2009 08:33
No glamouroso e milionário mundo do hipismo, um atleta brasiliense quebra tabus e foge à regra de um dos esportes mais elitizados do mundo. O cavaleiro Said Felix não é rico, não tem um cavalo que vale milhões de dólares e tem como treinador o próprio pai, Roberto Felix, técnico judiciário do Tribunal Regional do Trabalho.
Às vésperas de completar 13 anos de idade - amanhã ele faz aniversário -, o menino, morador do Cruzeiro, divide o tempo entre a escola, o curso de inglês e os treinos. E mesmo com tantas tarefas acumuladas, Said é hoje o primeiro colocado do ranking nacional da Confederação Brasileira de Hipismo na categoria pré-mirim (11 a 13 anos - salto de 1,10m), à frente de 28 atletas, com 89,5 pontos na conta.
Mas para alcançar os primeiros resultados de destaque, Said precisou vencer preconceitos. Ao contrário dos outros cavaleiros da sua idade, ele nunca fez aulas em uma escola de equitação. Tampouco teve um treinador reconhecido no meio do hipismo. As piadas e provocações eram comuns e incomodavam o garoto. "Me falavam que eu não ia conseguir. Diziam que sem instrutor qualificado não daria certo", relembra. O pai, que ouviu tudo calado, prometeu dar a volta por cima. Determinado a transformar Said em um campeão, Roberto buscou se aperfeiçoar e tratou de aprimorar sua técnica. "Comecei a observar os outros profissionais, conversar com técnicos, trocar informações. Também li muitos livros. Isso me ajudou", explicou.
Como se não bastasse a pouca estrutura, Said sempre precisou da ajuda financeira dos pais. Enquanto seus adversários são filhos de ricos empresários, treinam com técnicos renomados e têm dinheiro de sobra para investir no esporte, a família Felix vive uma realidade bem diferente. E tem que controlar tudo na ponta do lápis. "Para fazermos as provas distantes é preciso economizar. O esporte é caro e não temos patrocínio", resume o treinador. Cerca de R$ 2.500 são gastos por mês com provas, cuidados com os cavalos - Jade e Hollister - e inscrições em torneio.
O esforço, felizmente, surtiu efeito. Said tem no currículo uma extensa coleção de troféus. O mais recente veio em maio, quando triunfou no Campeonato Brasiliense. "Foi uma prova difícil e eu consegui vencer", alegra-se. Agora, a missão é subir ao lugar mais alto do pódio no Campeonato Brasileiro, que acontece entre 8 e 12 de julho, em Juiz de Fora. "Vai ser um campeonato complicado, mas acho que tenho condições de ganhar", disse, confiante.
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