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Ricardo Gomes avisa Ronaldo: "Não compare Brasil com Europa"

postado em 30/06/2009 14:45
Bastaram seis meses no Brasil para Ronaldo reclamar das concentrações. O atacante protestou por passar, em suas contas, três meses "trancado" e usou o Barcelona como exemplo de que é desnecessário se refugiar para ser vencedor. Um conhecedor do futebol europeu, porém, pediu cautela ao Fenômeno. De volta ao país após comandar times franceses nos últimos quatro anos, Ricardo Gomes vê equívoco na comparação do corintiano. "Esta é uma discussão antiga. Se questiona concentração no Brasil desde o fim dos anos 70. Mas a cultura é diferente, não dá para comparar o futebol brasileiro com o europeu", argumentou o novo técnico do São Paulo, que esteve à frente do Bordeaux de 2005 a 2007, do Monaco de 2007 a 2009, além de chefiar o Paris Saint-Germain entre 1996 e 1998. O substituto de Muricy Ramalho citou dois pontos para discordar do ex-jogador de PSV, Barcelona, Inter de Milão, Real Madrid e Milan. O primeiro é a proximidade das cidades europeias, que contam inclusive com transportes públicos mais acessíveis. Além disso, os plantéis e os treinadores duram mais tempo nos clubes do Velho Continente. "No Brasil, a distância dos locais dos jogos é muito maior e cria uma rotina. Se um time sai de Porto Alegre para jogar no Norte, é impossível só se encontrar no dia do jogo. Se você for jogar três vezes na semana, duas vezes fora, como vai fazer?! Na Europa, a logística é toda diferente", explicou, completando na sequência. "O tempo que o jogador fica no clube também influencia. O Barcelona e a Inter de Milão, por exemplo, tem 80% do elenco com quatro, cinco anos de casa. Isso muda bastante porque você conhece o jogador, sabe o tipo de comportamento. Aqui no Brasil, salvo três ou quatro clubes, a relação é diferente, não se tem tempo para trabalhar", completou. Pelo menos no São Paulo, as declarações mostram total discordância da irritação de Ronaldo. Depois de Denis ter se mostrado a favor das concentrações, Zé Luis enumerou os pontos positivos do tempo recluso. "Já joguei no Japão. Lá, você se apresenta no dia do jogo. Depende muito do grupo, da conscientização de todos. Mas no Brasil a cultura é diferente", apontou o jogador, que atuou no Tokyo Verdy entre 2006 e 2007 antes de desembarcar no Morumbi. "A concentração é importante. Respeito o Ronaldo, que está há muito tempo no futebol e ficou cansado por estar a há uma semana fora de casa. Ficar concentrado por um período muito longo é muito desgastante, mas é válido para se alimentar no horário certo, ter um momento de descanso...", explicou o lateral/volante.

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