Porto Alegre ; O Cruzeiro entrou em campo nesta quinta-feira à noite, no Estádio Olímpico, em Porto Alegre, com a mão na vaga para a final da Taça Libertadores. A vitória por 3 x 1 no jogo de ida, em Belo Horizonte, permitia uma postura serena na casa do adversário. A tranquilidade se multiplicou ao abrir 2 x 0 no primeiro tempo e calar os torcedores gaúchos. A reação gremista na etapa final foi insuficiente: 2 x 2 e classificação mineira para a decisão contra o Estudiantes, da Argentina.
Os dois jogos da final serão disputados em 8 e 15 de julho, com o primeiro na Argentina e o segundo e decisivo no Mineirão. A equipe dirigida por Adilson Batista avançará à decisão empolgada pelos dois gols que o atacante Wellington Paulista marcou no Olímpico.
Wellington Paulista marcou os dois gols do Cruzeiro. Réver e Souza igualaram o placar na etapa complementar, quando Elicarlos ouviu insultos racistas de alguns torcedores. O Grêmio repetiu o arquirrival Internacional na decisão da Copa do Brasil, na véspera. O colorado perdia por 2 x 0 para o Corinthians e chegou ao insuficiente empate no Beira-Rio.Com desempenho pífio sob o comando de Paulo Autuori (em 10 jogos, foram duas vitórias, três derrotas e cinco empates), o Grêmio agora voltará a se preocupar com o Campeonato Brasileiro. Receberá o Atlético-PR no Olímpico, domingo. O Cruzeiro vai ao Serra Dourada para enfrentar o Goiás.
Oscar Ruiz chamou a atenção pelo uniforme amarelo-choque assim que entrou em campo. Os torcedores do Grêmio imediatamente pararam de gritar e pular para vaiar o árbitro colombiano, que fez jus a mais insultos em seguida. O minuto de silêncio concedido por ele demorou quase três minutos, para insatisfação geral do público.
Os gremistas tinham pressa. Precisando do placar de 2 x 0 para se classificar, voltaram a ficar inconformados no momento em que o goleiro Fábio passou a valorizar a posse de bola para o Cruzeiro. Cantar foi a solução do público para minimizar a impaciência. Com sinalizadores, tentaram ajudar o Grêmio a encontrar o caminho do ataque. Era pela esquerda.
Pênalti
Aproveitando os espaços abertos por Jonathan, o Grêmio começou a incomodar a defesa adversária. Principalmente com o atacante Máxi López, acusado de racismo por Elicarlos no jogo de ida. O argentino criou as duas primeiras chances de gol de sua equipe. Mas estava impedido aos quatro minutos e chutou por cima do travessão aos 11.
A pressão do Grêmio aumentou a partir dos 20 minutos. Em uma cobrança fechada de escanteio, o argentino Herrera ficou com o rebote e finalizou pelo alto. O goleiro Fábio levou susto ainda maior pouco depois. Tcheco cruzou para trás e Fábio Santos bateu de primeira para o gol. O cruzeirense fez a defesa e respirou ainda mais aliviado porque Óscar Ruiz não assinalou pênalti sobre Herrera em seguida.
Os torcedores do Grêmio reclamavam enfurecidamente do colombiano, mas mantinham as esperanças. Wellington Paulista acabou com elas em menos de dois minutos. O atacante, que quase foi anunciado como reforço do time gaúcho, recebeu cruzamento rasteiro de Kléber e abriu o placar, aos 34. E aproveitou falha da defesa gremista para ampliar com cabeçada aos 36, depois de cruzamento da direita de Jonathan. Os gremistas se calaram. Alguns deixaram o estádio.
Postura
No segundo tempo, a mudança do Grêmio foi de postura. O técnico Paulo Autuori preferiu esperar para promover substituições na equipe, que precisava de uma goleada por 5 x 1 para evitar a eliminação. "Quem sabe acontece um outro milagre para o Grêmio", sonhou o volante Túlio, cabisbaixo, enquanto a torcida parecia acreditar novamente no time. O público cantava de novo nas arquibancadas.
O entusiasmo cresceu aos nove minutos. Tcheco cobrou escanteio na área e Réver cabeceou para as redes: 2 x 1. O Grêmio só não contava com uma falta violenta de Adílson sobre Wagner. O jogador foi expulso e deixou o campo ovacionado, porém sua equipe ficou outra vez em dificuldades. A força ofensiva dos gaúchos diminuiu sensivelmente.
Aos 19 minutos, alguns torcedores encontraram motivo para manifestações mais irritadas. Elicarlos entrou no lugar de Gerson Magrão e ouviu isolados gritos de "macaco", mesma ofensa que Máxi López teria feito ao cruzeirense no Mineirão. Não demorou muito para a maioria silenciar. Já havia quem chorasse no Olímpico após os 25 minutos da etapa complementar.
Souza, então, reacendeu a fama de imortal do Grêmio. Aos 29, o meia acertou um belo chute de longa distância para reanimar o time e a torcida gaúchos. Experiente, no entanto, o Cruzeiro soube administrar a posse de bola nos minutos finais e comemorar a classificação
FICHA TÉCNICA
GRÊMIO 2 X 2 CRUZEIRO
GRÊMIO: Victor; William Thiego, Léo, Réver e Fábio Santos; Adilson, Túlio, Tcheco e Souza; Herrera (Perea) e Máxi López
Técnico: Paulo Autuori
CRUZEIRO: Fábio; Jonathan, Leonardo Silva (Ânderson), Thiago Heleno e Gerson Magrão (Elicarlos); Fabinho, Marquinhos Paraná, Ramires e Wagner; Wellington Paulista (Thiago Ribeiro) e Kléber
Técnico:Adilson Batista
Local: Estádio Olímpico, em Porto Alegre (RS)
Árbitro: Oscar Ruiz (Colômbia)
Gols: Wellington Paulista, aos 34 e 36 minutos do primeiro tempo; Réver, aos nove, e Souza, aos 29 minutos do segundo tempo
Cartões amarelos: Tcheco, Thiego, Adilson e Máxi López (Grêmio); Ramires e Kléber (Cruzeiro)
Cartão vermelho: Adilson (Grêmio)
Público: 44.920 pagantes
Renda: R$ 966.652