Ivan Drummond/Estado de Minas
postado em 13/07/2009 09:05
Mais uma vez, a Seleção Brasileira foi soberana na etapa mineira da Copa do Mundo de Judô, disputada no fim de semana, na Arena JK. A equipe obteve 31 medalhas no total - nove de ouro, oito de prata e 14 de bronze - e ficou muito à frente da segunda colocada, a Alemanha, com sete medalhas (três ouros, duas pratas e dois bronzes). Foi também uma competição em que brilharam duas estrelas da casa, o campeão mundial dos meio-pesados, Luciano Corrêa, novamente ouro, e a meio-leve Érika Miranda, ambos do Minas Belo Dente. No último dia, os resultados serviram para deixar os membros da comissão técnica do Brasil com vários dilemas. Eles têm de definir até o próximo dia 16 quais serão os 14 integrantes da delegação que irá ao Campeonato Mundial de Roterdã, Holanda, mês que vem.
A primeira dúvida do dia foi lançada pelo campeão do mundo entre os meio-médios, Tiago Camilo, agora competindo na médio. Ele mudou de categoria logo depois dos Jogos Olímpicos de Pequim, mas só voltou a competir há três meses e os resultados são espantosos. Depois de dois terceiros lugares em duas etapas do Grand Slam, em Moscou e no Rio de Janeiro, ele conquistou o ouro, ontem, vencendo Eduardo Santos na final. O resultado fez com que houvesse uma espécie de empate técnico entre os dois concorrentes à vaga no mundial: Eduardo ainda é o primeiro no ranking da Confederação Brasileira de Judô (CBJ), com 348 pontos. Tiago, por sua vez, chegou aos 340.
Ameaça
Eduardo Santos vem há muito batalhando por uma vaga no Mundial. Estava próximo, mas agora se sente ameaçado. "Estou feliz porque fiz boas lutas aqui em BH, mas deixei o tatame com gosto de quero mais. Queria ter vencido para não deixar dúvidas." Numa coisa, Tiago, Eduardo e o minastenista Huggo Pessanha, bronze em BH, concordam: o peso médio é hoje a categoria mais forte entre todas no Brasil. Prova disso é o fato de existirem várias opções para os treinadores, que terão de escolher entre os três para mandar ao Mundial.
A outra dúvida é nos pesos pesados. Daniel Hernandes ou Walter Santos? O segundo levou o ouro e lembra que há muito persegue essa chance. "Foi meu primeiro ouro na Copa do Mundo. Ele é muito importante e quero que me impulsione no Mundial." Mas pesa contra ele a experiência de Hernandes. "Espero que prevaleça o critério do desempenho. Tenho um ouro em Grand Slam, no Rio."
Tiago Camilo
O judoca é dono de duas medalhas olímpicas: uma prata, obtida em Sydney-2000, na categoria peso médio, e um bronze, conquistado em Pequim-2008, no meio-médio
Torcida aos berros
O brasiliense Luciano Corrêa levou as arquibancadas ao delírio ao virar nos segundos finais a luta contra o maior rival, o carioca Leonardo Leite, e conquistar o ouro. Numa das lutas dele, na semifinal, contra o paulista Leandro Gonçalves, houve uma das cenas mais inusitadas da competição. O confronto se deu no tatame número três, junto ao paredão da arquibancada, no fundo da quadra da Arena JK. Enquanto os dois se digladiavam, o pai de Luciano, "seu" Raimundo, disputava com o técnico Kiko Pereira, da Sogipa - equipe gaúcha do oponente de Luciano - quem gritava mais alto. Estavam quase que lado a lado e a impressão que davam, de longe, é que também iriam se pegar. Mas isso não aconteceu.
O meio-pesado do Minas mostrou também que a torcida e o projeto que ele apadrinha, no Aeroporto de Confins, para crianças carentes de Vespasiano, têm tanta importância para ele quanto a conquista do ouro. Ele desceu do pódio e foi direto cumprimentar meninos e meninas. "Eles são uma fonte de energia para mim", confessou.