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Velho Lobo ataca técnicos prematuros

No dia em que se comemoram os 15 anos da conquista do tetra, o Correio descobriu que 10 dos convocados para a Copa dos EUA são ou já foram treinadores. Zagallo, auxiliar de Parreira naquele time, critica o início de carreira precoce de alguns campeões

postado em 17/07/2009 08:41
Ao dizer "alô", Mario Jorge Lobo Zagallo avisa logo: "Estou gripado e tossindo muito, não posso demorar". Nada como um santo remédio chamado tetracampeonato. Saber que exatos 15 anos depois da conquista, 10 dos convocados para o Mundial dos EUA são ou já foram técnicos funcionou como um xarope. Surpreso, o coordenador técnico da Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1994 disparou a falar por 11 minutos com o Correio. "Sei do Dunga, Leonardo, Ricardo Gomes, que considero um tetracampeão, apesar do corte. Quem mais está na lista?", indagou. Zagallo foi coordenador técnico da Seleção na Copa de 1994O zagueiro Ronaldão, o atacante Romário, o meia Paulo Sérgio e o zagueiro Ricardo Rocha tiveram passagem relâmpago pela profissão. O beque Ricardo Gomes, cortado por contusão às vésperas da Copa, o capitão Dunga e o goleiro Zetti continuam firmes. O lateral-direito Jorginho começou no América-RJ, mas hoje é auxiliar na Seleção Brasileira. O lateral-esquerdo Leonardo está prestes a estrear no Milan e o meia Zinho comanda o Miami FC, dos Estados Unidos. "Zinho? Não tinha conhecimento", assustou-se Zagallo, para em seguida arranhar a garganta, desobstruir o gogó e soltar o verbo. "As coisas estão muito precipitadas no Brasil e no mundo. O jogador mal se aposenta e vira técnico. O certo é começar nas divisões de base. Veja o Romário. Um dia era técnico (do Vasco). No outro não era mais. Saiu e não voltou." Para Zagallo, o tempo esclarece quem tem ou não perfil para assumir a prancheta. "Só descobri que era um líder após anos nas divisões de base do Botafogo. Hoje não é assim. O Leonardo está começando no Milan. Ele é culto, inteligente, mas isso não é garantia de sucesso. Onde está a experiência?", critica. "Mas entendo a pressa de muitos. Será que virar técnico não virou a forma mais rápida de resolver questões financeiras?", provocou. Estatísticas e curiosidades » A Copa de 1994 teve a melhor média de público na história dos Mundiais. O público médio ficou em 68.991 torcedores por jogo, sendo que o número total chegou a 3.587.538. Em 52 jogos, foram marcados 141 gols, média de 2,71 por partida. » Na Copa dos Estados Unidos, aconteceu o gol de número 1.500 da história da competição. O tento histórico foi marcado pelo jogador argentino Claudio Caniggia na vitória da seleção de seu país por 2 x 1 sobre a Nigéria na primeira fase. » Oleg Salenko se tornou o recordista de gols em um único jogo de Mundial, ao marcar cinco na goleada da Rússia sobre Camarões por 6 x 1. Roger Milla, que fez o tento camaronês, tornou-se o jogador mais velho a marcar em Copas. O africano tinha 42 anos. [SAIBAMAIS] Elogios para Dunga Dos técnicos tetracampeões, Zagallo só %u201Cengole%u201D o iniciante Dunga. "Há casos e casos. Ele nunca manifestou o desejo de ser treinador, mas eu e o Parreira víamos potencial nele. Fazia o nosso papel dentro de campo. É um líder nato, às vezes até exagerado. Em 1998, deu uma cabeçada no Bebeto, mas depois teve humildade para reunir o grupo e pedir perdão." Reserva de Taffarel na Copa de 1994, o ex-goleiro Zetti começou por baixo. Foi técnico das divisões de base do São Paulo por um ano e meio. Durante esse período, fez cursos nacionais e internacionais para ser técnico até assumir os profissionais do Paulista. "Zagallo tem razão. Ser técnico exige preparo, uns dois anos de base. Não há regras, está tudo muito solto." Treinador por 90 minutos na Ponte Preta, em 1994, o ex-zagueiro Ronaldão discorda. "Dunga e Leonardo estão certos. Quando surgem oportunidades irrecusáveis, principalmente em seleções ou em clubes internacionais que dão estabilidade, temos de aproveitá-las mesmo". (MPL) Leia mais na edição desta sexta-feira do Correio Braziliense.

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