Se fosse criada uma unidade de medida que transforma-se em números o grau de rivalidade entre dois clubes, os valores relacionados aos jogos entre Grêmio e Inter seriam estratosféricos. Sem envolver questões políticas, geográficas ou religiosas, o Gre-Nal possui a briga somente da bola. Em campo, são gremistas contra colorados, azuis contra vermelhos. Nada além disso, além da paixão pelo futebol.
Um quer ser mais do que o outro. Seja em termos de estrutura, de títulos, de sócios. Não interessa. Sempre haverá uma disputa entre Inter e Grêmio. Uma rivalidade que neste sábado, 18 de julho de 2009 completa 100 anos. Um centenário de 376 jogos, 1037 gols. Uma história de incontáveis feitos para os dois lados. Partidas tão históricas quanto um clássico completar cem anos. É a bipolaridade futebolística do estado mais ao Sul do Brasil.
Grandeza
[SAIBAMAIS]Uma competitividade sem fim, que só faz crescer o futebol do Rio Grande do Sul. O ex-presidente gremista Rudy Armin Petry não vacilava em afirmar que "o Grêmio só é grande por causa do Inter". É a pura verdade. Um não sossega enquanto não atinge o que o outro possui. Na sua fundação, os colorados mandavam seus jogos em um campinho, enquanto os tricolores já possuíam a Baixada. Os vermelhos não ficaram satisfeitos enquanto não adquiriram o Estádio dos Eucaliptos, que sediou jogos da Copa do Mundo de 1950.
Os dirigentes gremistas batalharam para a construção do Estádio Olímpico. Ficando atrás em termos de estrutura, restou ao Inter golear o maior rival na nova casa. No Gre-Nal válido pelo Festival de Inauguração, comandados por Larry, os colorados venceram por 6 a 2. Porém, apesar do resultado a fase seria dos tricolores, que conquistaram 12 Campeonatos Gaúchos em 13 edições. A gangorra do clássico só mudaria em 1969, quando o Inter inaugurou o Estádio Beira-Rio.
Estreia
No torneio de inauguração da nova moradia vermelha, novo duelo entre Inter e Grêmio. Desta vez empate por 0 a 0 e muita confusão. Dos 22 jogadores em campo somente dois não foram expulsos. O Beira-Rio fez bem para o ego dos colorados, que conquistaram o octacampeonato gaúcho, com a sequência quebrada somente em 1977, com um gol de André Catimba para o Grêmio. Nesse período, o Inter foi campeão brasileiro.
Então, o Grêmio ampliou o Olímpico, construindo as arquibancadas superiores. A década de 80 foi azul, que conquistou o Brasil, a América e o Mundo. Os colorados só voltaram a ter tranqulilidade nas gozações diárias no novo milênio, quando igualaram os feitos do rival. É essa rivalidade que move os clubes. Por isso que Porto Alegre é uma das poucas cidades que pode se orgulhar de ter dois campeões mundiais de futebol.
Balanço
Nestes 100 anos, de 141 vitórias do Inter, 118 do Grêmio e 117 empates, desfilaram grandes craques. Jogadores que brilharam com as camisas colorada e tricolor que são inesquecíveis para o torcedor.
E pensar que há cem anos a rivalidade tinha tudo para não vingar. Em uma Porto Alegre com cerca de 100 mil habitantes no início do Século XX, a colônia alemã, influenciada pela passagem do Esporte Clube Rio Grande pela cidade, deu o pontapé inicial para o futebol na região, fundando dois clubes coirmãos, em 15 de setembro de 1903. Era dali, de Grêmio e Fussball que deveria seguir a tradição do esporte bretão na capital gaúcha. Porém, seis anos depois, após terem sido rejeitados pelas outras agremiações, os irmãos Poppe resolveram criar um clube para todos: o Internacional.
Correndo atrás
Desde o início, o novo clube mostrava que queria ser grande. Não se intimidou com as negativas do Grêmio para a realização de um amistoso. Nas primeiras tentativas, o máximo que os colorados conseguiram foram que os gremistas oferecessem o seu segundo quadro para o confronto. A insistência foi tamanha, que o Grêmio acabou cedendo.
Em 18 de julho 1909, o estádio da Baixada foi o palco de um confronto histórico, que mudaria o rumo do esporte no Estado. O resultado também foi marcante. Os experientes tricolores massacraram o adversário, que realizava a primeira partida de sua historia, com uma goleada por, um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oito, nove, dez. Dez a zero. Até hoje essa é a maior vitória da história do clássico. O primeiro gol do Gre-Nal foi marcado por Booth, autor de cinco gols no "match". Grünnevald fez outros quatros e Moreira mais um.
A perseverança seria uma marca do Inter, que 364 dias depois voltou a encarar o Grêmio. Nova goleada, desta vez por 5 a 0 para os tricolores. No ano seguinte, novo vexame, agora por 10 a 1. Parecia que de rivalidade e dificuldades, o duelo entre os clubes não teria nada.
Finalmente
A primeira vitória colorada ocorreu somente em 1915, no sétimo confronto, em um triunfo por 4 a 1. Ali sim, começou a surgir a rivalidade. Uma rivalidade que foi ganhar charme muito tempo depois, quando recebeu o apelido de Gre-Nal, pois clássico sem apelido não é clássico. A criação foi do jornalista do jornal "Correio do Povo", Ivo dos Santos Martins. Ele estava cansado de a todo o momento ter que escrever o nome dos dois clubes em suas matérias. Então criou uma abreviatura.
A primeira tentativa foi Inter-Gre, mas seu coração era azul e, ele preferiu inverter a ordem e o Gre-Nal começava ali a se eternizar e agora comemora 100 anos de vida, que serão comemorados em campo, neste domingo, com mais um confronto entre Grêmio e Inter, Inter e Grêmio.