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Velha Senhora se rende ao charme verde-amarelo

Juventus tem, pela primeira vez, três brasileiros em uma mesma temporada. Contratado durante a semana por R$ 70 milhões, Felipe Melo promete exorcizar uma maldição que persegue os tupiniquins no clube

postado em 19/07/2009 08:00
O preto e branco da Juventus nunca foi tão verde-amarelo. Pela primeira vez em 111 anos de história, o clube italiano terá três jogadores brasileiros em uma mesma temporada. Depois de se render aos paulistas Amauri e Diego, a Velha Senhora estendeu a mão durante a semana para o volante carioca Felipe Melo, titular da Seleção Brasileira. Agora, o país antes preterido pela equipe de Turim lidera o ranking dos estrangeiros no elenco, atrás apenas dos 19 italianos, mas na frente de franceses (Zebina e Trezeguet) e portugueses (Tiago e Jorge Andrade).

;Eu não sabia dessa curiosidade. Fico até feliz de saber que eu, Amauri e Diego nem entramos juntos em campo e já fizemos história. Espero recompensar a confiança do clube com títulos e abrir a porta da Juventus para outros brasileiros;, projetou Felipe Melo, em entrevista ao Correio, por telefone, no Rio, onde passa férias.

Ao longo da história, a Velha Senhora teve 16 brasileiros, mas no máximo dois em uma mesma temporada. E isso lá pelos anos 60... Nenê e Dino da Costa formaram dupla na Juventus em 1963/64. Cinesinho e Dino da Costa foram parceiros em 1965/66. Antes, em 1962/63, Miranda e Bruno Siciliano defendiam a equipe comandados por um terceiro brazuca ; o técnico Paulo Amaral. Depois disso, houve 40 anos de solidão. Cinesinho, Mazzolla, Júlio César, Athirson, Emerson e recentemente Amauri vestiram a camisa da Juve sem ter um só compatriota ao lado.

;De fato, isso representa a quebra de um paradigma. Ao contrário do Milan, da Internazionale e da Roma, a Juventus nunca foi tão apegada aos jogadores brasileiros. Na verdade, prefere os franceses, sobretudo devido ao desempenho formidável de Michel Platini nos anos 80. Em cinco temporadas, ele ganhou dois Nacionais, uma Copa Uefa, uma Liga dos Campeões e um Mundial de Clubes;, lembra o jornalista italiano Cláudio Carsughi, do SporTV e da rádio Jovem Pan.

Maldição

A invasão brasileira encanta, mas assusta. Mazzolla foi o último brasileiro campeão italiano com a Juventus. Em 1974/75! O volante Emerson chegou a ser bicampeão nacional em 2004/5 e 2005/6. No entanto, os títulos foram cassados e dados à Inter devido ao envolvimento da Juventus no escândalo de manipulação de resultados. Logo, não conta. Há outro tabu a ser exorcizado pelo trio brasileiro. A Velha Senhora conquistou a Liga dos Campeões duas vezes. Em nenhuma havia um brasileiro inscrito.

;Ainda tem isso, é?;, surpreendeu-se Felipe Melo. ;Tem nada não... Sou um pé-quente movido a desafios. Quando cheguei à Itália, a cobrança era que a Fiorentina não se classificava para a Liga dos Campeões há não sei quantas temporadas. Falei ;deixa comigo;;, sorriu. ;Conseguimos a vaga e de quebra deixei o Milan do meu amigo Kaká (hoje no Real Madrid) fora da festa. Na temporada que se encerrou, a Fiorentina se classificou novamente, então não me assusto;, gaba-se a nova estrela bianconeri.



ENTREVISTA | FELIPE MELO

Por que escolheu a camisa 4?
Foi o número que eu usei no Almeria, da Espanha. Me deu sorte. Fiz sete gols.

Mas na Fiorentina você usava a 88...
Era uma opção, mas ia pegar mal vestir o mesmo número de um rival na Juventus...

Quanto tempo vai ficar no Brasil?
Fico no Rio com os filhos e a esposa até o dia 22. Na quinta-feira eu já começo a treinar com a Juventus.

Como será o encontro com o Amauri. Vai aconselhá-lo a se naturalizar italiano?
De jeito nenhum. Vou dizer ;meu irmão, segura a tua onda; (risos).

O que acha da chegada do Lúcio à Inter de Milão?
Ótima para o futebol italiano. Quando o Kaká deixou o Milan para o Real Madrid, disseram que o Campeonato Italiano ficaria esvaziado. Mas não tem isso não. Lúcio é um grande cara, vai somar.

Você já se considera um convocado para a Copa do Mundo?
Ainda não, mas dei o primeiro passo. Dei uma de mineirinho carioca, conquistei meu espaço e superei as desconfianças. Minha ida ou não para África do Sul vai depender da minha produtividade na Juventus.

Vai ao Maracanã ver Flamengo x Botafogo?
Com certeza. É o meu clube do coração, onde comecei. Vou ao vestiário falar com a rapaziada e dar um abraço no Adriano e dizer ;tá na hora de voltar para a Seleção, parceiro;.

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