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Clubes brasileiros são impedidos de disputar torneios de verão

Torneios milionários de verão pipocam na pré-temporada europeia, mas os clubes brasileiros são impedidos de disputá-los. Conheça o artigo que veta as excursões caça-níqueis durante o Nacional

postado em 23/07/2009 08:45
O e-mail, carta ou fax são sempre atraentes. Convites e mais convites para engordar a conta bancária em excursões caça-níqueis. Os olhos brilham. As mãos coçam sonhando com euros e dólares. Mas a resposta dos clubes brasileiros é sempre a mesma: "Obrigado, não posso, minha mãe não deixa". Os milionários torneios de verão pipocam mundo afora inclusive com a participação de Boca Juniors e América do México, mas os filhos pobres não largam a barra da saia da mãe rica Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Largada para a temporada 2009/10 O cordão umbilical inseparável é o artigo 92 do Regulamento Geral da CBF. "Durante a realização das competições não será concedida licença para possíveis excursões ou amistosos que possam provocar modificações na tabela. Por causa desse texto, o São Paulo deixou de embolsar US$ 2 milhões, em 2007. "Tivemos de recusar um convite para disputar a Copa da Amizade. A CBF bateu o pé", lembra o superintendente tricolor Marco Aurélio Cunha, por telefone, em entrevista ao Correio. Responsável por fechar a fronteira, o diretor técnico da CBF, Virgílio Elísio, justifica."O Campeonato Brasileiro merece respeito. Se permitirmos excursões, vira bagunça. Ou você acha que a Federação Inglesa liberaria o Chelsea para jogar o Torneio da Independência de Itaperuna no Brasil?", indaga. A muito contragosto a CBF abriu exceção ao Internacional. "Alteramos a tabela do Inter por se tratar de um torneio com a chancela da Confederação Sul-Americana. Em 5 de agosto, o Colorado, vencedor da Copa Sul-Americana de 2008, disputará a Copa Suruga contra o Oita Trinita, campeão japonês. Está no calendário", explica Virgílio Elísio. Contradição O veto às excursões caça-níqueis - bastante comuns antigamente no futebol brasileiro - revolta Marco Aurélio Cunha. "A Seleção Brasileira viaja o mundo todo disputando amistosos e torneios oficiais com os nossos jogadores e ninguém fala nada. O Miranda, por exemplo, jogou a Copa das Confederações e o Campeonato Brasileiro não parou. Quer dizer, a Seleção pode fortalecer a sua marca e os clubes não? É no mínimo contraditório" [SAIBAMAIS] Para Marco Aurélio Cunha, a solução é racionalizar o calendário do futebol brasileiro. "A Libertadores e a Copa do Brasil podem ser disputadas ao longo do ano, não em um semestre, e poderia haver um intervalo na virada do turno do Brasileirão justamente para os clubes atenderem aos convites para torneios no exterior. Isso valorizaria a marca dos times", propõe. O presidente do Clube dos 13, Fábio Koff, pondera. "A liberação para as excursões privilegiaria de três a quatro clubes. Os grandes teriam chance de fortalecer a marca, é verdade, mas e os pequenos? O que fariam nesse intervalo?", questiona. "A CBF está certa em proteger o seu torneio e os clubes em reivindicar oportunidades para aumentar a receita, mas esta é uma discussão interminável, que só será equacionada com a revisão do calendário", conclui.

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