Superesportes

Correr ou não correr, eis a questão

Proliferação de corridas de rua em Brasília traz à tona uma série de problemas estruturais

Flávia Duarte
postado em 28/07/2009 09:24
As avenidas largas, com muito verde ao redor e um tanto de espaço livre, fazem de Brasília o cenário para a prática de esportes de rua. Só as corridas já somam mais de 60 por ano na capital da República. No entanto, a quantidade de provas tem chamado atenção dos atletas de um modo negativo. E eles já começam a reclamar das más condições de várias delas. Nos sites de grupos de atletas, sobram queixas. No fórum do www.corredorderua.com.br as reclamações passam pela falta de banheiros, temperatura da água, problemas na largada e chegada, que costumam ser muito estreitas, qualidade do lanche, cor e tamanho das camisas e por aí vai. Soma-se à lista o alto valor cobrado nas inscrições (até R$ 70), os erros na cronometragem ou na medição da quilometragem dos percursos, a demora na divulgação dos resultados e até a falta de fiscalização ou controle no trânsito. Quem organiza as provas justifica o valor das taxas cobradas de acordo com a qualidade do kit e estrutura oferecida. Ainda assim, vários corredores se sentem lesados. Para Flávio Padilha, diretor da BSB Fitness, que organizou a prova 10 Knight, em 18 de julho, com quase 1.900 participantes, a ideia da empresa é promover eventos de qualidade, seguros e com bons equipamentos, lanches e uniformes. Mas ressaltou que isso custa dinheiro. "Quanto melhor o lanche, a camiseta, a tecnologia usada para medir o tempo, mais caro fica. Por falta de patrocinadores, quase todo custo acaba sendo retirado no preço da inscrição", explicou. Se para os amadores é muito importante cada detalhe, para os profissionais, as corridas de rua de Brasília funcionam como treino para as grandes competições. Por isso, um dos grandes interesses deles são as boas premiações, que têm deixado a desejar. A vencedora da categoria feminina dos 10km na Ecorun, disputada no domingo, na Esplanada, Odineide Felix, reclamou da falta de bons prêmios. "Somos atletas. Vivemos disso", lembrou a campeã. Federação pede respeito às regras A responsabilidade de orientar a organização e fiscalizar as provas é da Federação de Atletismo do Distrito Federal (FAtDF). O GDF oferece o suporte de segurança. A presidente da Federação e ex-atleta, Carmem de Oliveira, primeira campeã da história do Brasil da São Silvestre, em 1995, explicou que o problema é que os promotores não têm mais procurado a FAtDF. "Não temos conseguido verificar porque o promotor tem conseguido chegar direto à Secretaria de Segurança e ao Detran", reclamou Carmem. A questão, segundo ela, é que o Código Brasileiro de Trânsito prevê que a competição tem que ter permissão da Confederação ou das entidades estaduais a ela filiadas, mas isso não tem sido cumprido. "Se isso tivesse sendo seguido em Brasília, os promotores teriam as orientações da Federação", explicou. Para solucionar as falhas apontadas pelos corredores, a Federação começou, no último fim de semana, a cadastrar todos os assessores de provas para discutir com eles os problemas. "Vamos centralizar as reclamações porque enquetes nas provas acabam sendo relativas e não abrangendo todos. A discussão é maior e envolve faixa etária, custo, entre outras questões". Carmem de Oliveira encerrou orientando os atletas a recorrerem à FatDF.

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