postado em 29/07/2009 10:24
Depois da virada conquistada aos 38 minutos que deu a vitória por 4 x 3 sobre o Guarani, Edno deixou o Canindé emocionado. Mal conseguia completar uma frase. Mais do que cansaço, o atacante tentava, em vão, desabafar após ele e seus companheiros terem ouvido uma série de xingamentos no intervalo, quando a Portuguesa perdia por 3 x 1. Uma reviravolta que surpreendeu até Paulo Bonamigo.
Pouco depois de Edno ter dito apenas as palavras "xingamentos... emoção... alegria..." ainda no gramado, o técnico, há quase cinco meses à frente do time, seguiu para os vestiários sentindo-se o principal alvo dos protestos das arquibancadas. Algo que ele nunca tinha visto. "Conheci a força da torcida do Canindé. Não tinha conhecido ainda", admitiu Bonamigo, que deixou o Palmeiras em 2005 também muito contestado.
Com os três pontos assegurados em um triunfo eleito como "épico" entre os profissionais do clube, o treinador valorizou o perfil de seus comandados para mudar o destino do confronto. Mas não acredita que os xingamentos serviram como motivação, como Edno tentou falar.
"O que ajudou foi a determinação e acreditar que poderíamos fazer três gols em 45 minutos. No futebol, não existe transferência de responsabilidade, e este grupo tem personalidade", reforçou, satisfeito por ver a Lusa na terceira colocação da Série B do Campeonato Brasileiro.
E o grupo realmente se mostrou forte. O mesmo Edno, já recuperado, batia fotos com os torcedores após ter tomado banho e esfriado a cabeça. O zagueiro Thiago Gomes, antes criticado por diversas falhas na etapa inicial, até parou seu carro para atender aos pedidos dos fãs. Para Bonamigo, tudo isso é consequência do que foi mostrado em campo.
"Foi um jogo de alto nível, como já era previsto pela boa equipe do Guarani, muito bem treinada pelo Vadão, e pela nossa equipe, que está querendo crescer na competição. Os meus jogadores estão de parabéns. A vitória é deles, porque eles realmente quiseram vencer, estavam muito motivados", apontou o treinador.
Alegrando o adversário - Se trocou o protesto por aplausos em relação à Portuguesa, a torcida mandante no Canindé melhorou seu humor a ponto de tirar sarro do Guarani. O atacante Nei Paraíba, reserva que nem entrou em campo mas é conhecido por sua vasta cabeleira, dava autógrafos aos lusitanos e sorria com o que ouvia.
"Vem jogar aqui com a gente, Bethânia", pediam alguns, comparando o jogador, com suas madeixas molhadas, à cantora Maria Bethânia. Neste clima, sobrou até para o treinador Oswaldo Alvarez. "Vadão! Vadão", exaltavam os torcedores, eufóricos, como um 'agradecimento' ao chefe bugrino pelos três pontos que pareciam perdidos no primeiro tempo.