Roma ; César Cielo não decepcionou. Com direito a recorde mundial (46s91), o nadador paulista ficou com a medalha de ouro na disputa dos 100m livre do Mundial de Esportes Aquáticos, em Roma.
Campeão olímpico dos 50m livre, Cielo repete o feito de Ricardo Prado, que em Guayaquil-1982 sagrou-se o melhor do mundo nos 400m medley, também com o melhor tempo do mundo à época.
A segunda colocação, com 47s12, ficou com o francês Alain Bernard, que venceu a disputa em Pequim ; na ocasião, Cielo ficou com o bronze. O terceiro lugar nesta quinta-feira foi para o também francês Frederick Bousquet, com 47s25.
"É sensacional. Foram dois anos da minha carreira que eu dei um salto de quem tentava algo para entrar para a história", comentou o nadador, primeiro brasileiro na modalidade a sagrar-se campeão olímpico e mundial. Prado chegou próximo ao feito, mas ficou com prata em sua especialidade nos Jogos de Los Angeles-1984.
[SAIBAMAIS]
Foco
Após a badalação do feito em Pequim, Cielo cogitou a hipótese de voltar a treinar no Brasil, mas o assédio do público e da imprensa o fizeram voltar para a pequena cidade de Auburn, no Texas. Lá, ele retomou o foco e colou na parede a marca que sonhava fazer nos 100m livre.
Cielo revelou nesta quinta-feira o tempo que perseguia: 46s89, dois centésimos abaixo do alcançado ; o recorde mundial anterior era do australiano Eamon Sullivan, que fez 47s05 nas Olimpíadas de Pequim. Doente, o atleta da Oceania teve que abdicar da disputa em Roma.
"Os 100m são a prova mais tradicional da natação. Cresci vendo o Gustavo Borges nadar. Não tem coisa melhor do que trazer essa medalha para o Brasil. É a realização de um sonho, está difícil até de falar, porque está doendo muito", afirmou o brasileiro, que não deixou o cansaço vencer o bom humor ao ser questionado sobre o peso da conquista. "Está na minha perna, que está pesada", sorriu.
Tapas
Momentos antes de cair na água, Cielo se estapeou, gesto que se tornou tradicional. "Antes da prova, pensei que hoje tinha que doer muito e nunca senti tanta dor na minha vida toda. Está difícil até de pensar, mas valeu a pena."
A medalha de Cielo é a terceira do Brasil no Mundial: Poliana Okimoto foi bronze nos 5km da maratona aquática, enquanto Felipe França ficou com a prata nos 50m peito. O Brasil não subia ao pódio em qualquer prova de um Mundial desde 1994.
E, ao contrário do que fez após a conquista em Pequim, desta vez Cesar fez questão de exaltar os dirigentes brasileiros. "Quero falar para o Antonio Moreno, presidente do Pinheiros, que o investimento foi alto, mas deu certo. Agradeço também ao pessoal dos Correios (patrocinador). Falei mal do pessoal no ano passado, mas desta vez a CBDA fez tudo certinho. O resultado está aí para a gente comemorar."
O Brasil teve outro competidor nos 100m livre: Nicolas Oliveira, que fez 48s01 e foi o oitavo colocado na decisão. Nesta sexta-feira, Cielo volta à piscina para a disputa das eliminatórias e da semifinal dos 50m livre. A decisão da prova será no sábado.