Superesportes

Todos querem ser como Cesão

Sucesso do brasileiro nas piscinas do mundo encoraja nadadores do DF a se dedicarem mais à dura rotina de treinos

postado em 04/08/2009 08:57
Na primeira segunda-feira depois do nascimento do novo mito do esporte brasileiro - o fenômeno Cesar Cielo, 22 anos -, as piscinas brasilienses se encheram de esperança. O bordão mais ouvido na chegada para a retomada dos treinos depois de um fim de semana mágico para quem pratica o esporte era o de que "tudo é possível quando se acredita". Igor Alexander, de 12 anos, chegou com um brilho no olhar para o primeiro treino da semana. O estudante do sétimo ano, admitiu que Cielo é, para ele, a inspiração de como se tornar um vitorioso. "Cheguei hoje (ontem) com outra cabeça. Ele me motivou ainda mais. Quero ir até onde ele foi e nadar pela Seleção", planeja. O velocista Thomaz Alejarro admite que precisa levar o treinamento mais a sérioAntes de mergulhar na piscina da Asceb, onde a equipe do Minas Brasília Tênis Clube treina as segundas-feiras, Igor tentava achar a explicação de como Cielo conseguiu realizar a façanha de se tornar o primeiro brasileiro a conquistar medalhas de ouro num Mundial e numa Olimpíada. "A principal diferença dele não é o físico, mas a mente. Ele é equilibrado e isso o ajuda muito", arriscou. O exemplo deu a Igor uma nova motivação. "O negócio é estar focado. O mais importante é manter o emocional, caso contrário não adianta tentar", raciocinou. O mito das piscinas brasileiras assumiu uma posição importante na carreira de Caio Corrêa, 14 anos. Se antes a inspiração dele eram os inúmeros recordes e medalhas de Michael Phelps, agora ele tem mais um exemplo de campeão. "Quando um brasileiro ganha, é muito motivador", afirmou. Caio, que no último domingo disputou a maratona aquática no Lago Paranoá, com 10km de percurso, abriu mão do descanso e caiu na piscina para mais um dia de treino. Cansado? "Dolorido. Dói tudo. Mas tem que se dedicar muito. E como vimos no Cielo, o diferencial é a determinação. Se não me esforçar, não chego lá", ensinou. Um pouco mais preguiçoso que os colegas, mas com a mesma sede de medalhas, Thomaz Alejarro, 14 anos, jurou que a partir de agora vai ser um novo nadador. Irrequieto como todo velocista, o estudante, que prefere as provas de 50m e 100m nado livre - as mesmas que consagraram o novo ídolo -, admite falhas nos treinamentos. "Quero me espelhar nele e fazer igual. Mas tenho que levar mais a sério", confessou. Estudante da 8ª série, Thomaz explicou que os treinos de duas horas diárias forçam o jovem a abdicar de brincadeiras, saídas e ainda muda a rotina na escola. "Tenho que fazer provas de segunda chamada, que são sempre mais difíceis", falou. "Mas se o Cielo deixou família, amigos e foi viver para a natação, eu também posso", sonha. Onda de petizes O Mundial mal acabou e os técnicos de natação já preveem um aumento na procura pelo esporte. A repercussão da melhor campanha brasileira em Mundiais de Esportes Aquáticos tende a despertar o interesse dos jovens pela natação. "Acredito que a procura vai crescer. É um esporte que está cada vez mais em ascensão", afirmou Mário Araújo, técnico da categoria de base do Minas. Confira videorreportagem sobre a "Cielomania" em Brasília: E é justamente desses novos adeptos que surgem novos cielos. Fábio Costa, responsável por instruir atletas do Iate Clube de Brasília, acredita que, com esses resultados, a chance de surgir talentos é ainda maior. Mas, para isso, é necessário investir no esporte de base. "Não adianta ficar nadando na escola. É preciso colocar ele para treinar em um lugar que explore as características individuais do atleta." Saiba mais Imortais Antes de Cesar Cielo, apenas o russo Alexander Popov, lenda da natação na década de 90, e o norte-americano Anthony Ervin haviam ganho medalhas de ouro nas provas rápidas sucessivamente numa Olimpíada e no Campeonato Mundial. Popov foi campeão nos 50m e 100m livres nos Jogos de Barcelona-92 e no Mundial de Roma, em 1994. Depois repetiu o feito. Venceu as mesmas provas em Atlanta-96 e manteve o título mundial dos 100m livres no campeonato de Perth (Austrália), dois anos depois - quando ficou em segundo nos 50m livres, atrás do norte-americano Bill Pilczuk. Ervin venceu os 50m livres em Atenas-2000 e no ano seguinte no Mundial de Fukuoka, Japão. Ali, como Cielo, venceu também os 100m livres. E se apagou no mundo da natação. Leia mais na edição desta terça-feira (4/8) do Correio Braziliense.

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