postado em 04/08/2009 09:25
Medalhista de prata na prova de 50m peito do Mundial de Esportes Aquáticos, Felipe França chegou ao Brasil na noite desta quarta-feira com uma sensação de injustiça. Para ele, o nado do campeão, o sul-africano Cameron van der Burgh, não obedeceu às regras impostas pela Federação Internacional de Natação (Fina).
"Ele deu duas "golfinhadas" quando entrou na água", explicou o técnico de França, Arílson Soares. "Eu ainda não revi as imagens da transmissão, mas vários técnicos vieram me falar na borda da piscina que a câmera subaquática registrou forte isso", revelou.
Movimento de perna na vertical, semelhante ao da cauda de um golfinho, a "golfinhada" só é permitida uma vez pela Fina, antes da chamada "filipina" (ação de uma braçada longa e de uma pernada quando o atleta cai na água, antes de o nado peito efetivamente começar). No caso do sul-africano, uma segunda "golfinhada" o faria ser impulsionado e, assim, ele conseguiria ganhar alguns centésimos de segundo.
"E o Felipe perdeu o ouro por nove centésimos", lembrou Soares, referindo-se à diferença entre 26s76 e 26s67 (recorde mundial) entre os dois atletas. Polêmica, a "golfinhada" foi popularizada através do japonês Kosuke Kitajima, campeão olímpico nos 100m e 200m peito em Atenas-2004 e Pequim-2008.
Com medo de represálias, Felipe não quis se estender no assunto. "Eu prefiro não comentar, porque aí eu estaria julgando o cara. Tenho que rever o vídeo porque ele fez coisas irregulares. Então, nem vou comentar, pois pode sobrar para mim", afirmou o nadador.
Medalha tardia? - Tenha Van der Burgh cometido irregularidades ou não, porém, Arílson já adiantou que não existe a possibilidade de França herdar o título mundial nos 50m peito.
"A regra diz que não se pode ter recurso por vídeo", justifica Soares. De acordo com ele, os juízes de raia não teriam condições de ver a irregularidade. "Eles não conseguem ver por causa das bolhas que se formam quando os nadadores entram na piscina e também pela própria distorção do reflexo da água. Só uma câmera subaquática mesmo. É uma questão de ética entre os nadadores", destacou.
Justamente por conta do erro, Arilson pede mudanças. "Com uma tecnologia do nível de hoje, não custaria nada cada árbitro ter seu monitor com uma câmera lá embaixo da água. Aí, eles veriam tudo na hora", afirmou.