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Quem será capaz de assumir o reinado de Juninho?

Campeonato francês começa neste sábado, sem a referência do brasileiro e sem um candidato ao título hegemônico. Em entrevista ao Correio, o zagueiro Henrique aponta um novo Juninho Pernambucano fora do Lyon

Marcos Paulo Lima
Marcos Paulo Lima
postado em 07/08/2009 16:38
- Você acaba de renovar com o Bordeaux. O que pesou na decisão?
R: Em primeiro lugar, o fato da minha família estar completamente adaptada à cidade. Isso foi fundamental, pois me dá uma tranquilidade na realização do meu trabalho no dia a dia. Outro fator importante é em relação a estrutura do clube. Apesar de não ser tão conhecido no Brasil, o Bordeaux possui uma estrutura excelente e quando a proposta foi feita, não pensei duas vezes e aceitei. Além disso, conquistamos cinco títulos nos quatro anos que estou aqui e criei um vínculo forte com o clube.

- Após sete anos o Bordeaux conseguiu quebrar a hegemonia do Lyon no Francês. Qual foi o segredo do time da temporada passada?
R: Na minha opinião, a união do grupo foi determinante para a conquista do título. Ficamos três anos seguidos na cola do Lyon, mas infelizmente não conseguimos supera-los. Na última temporada, vencemos o Lyon no primeiro jogo oficial do ano na disputa do Troféu dos Campeões e ali vimos que era possível. Para o próprio Campeonato Francês foi bom outro clube ter vencido, já que o Lyon vinha de sete conquistas seguidas.

- Como é para o zagueiro Henrique ser treinado por um baita beque como foi o Blanc? O que já aprendeu com ele?
R: Sempre brinco com minha esposa que sou um privilegiado. Desde que comecei minha carreira no futebol sempre tive ótimos treinadores e aprendi bastante com eles, como Abel Braga, Celso Roth e Ricardo Gomes, que foi um grande zagueiro e me ajudou bastante. Agora, com o Blanc, é muito legal pois ele sempre conversa conosco e está sempre procurando passar dicas e coisas boas. Quando você trabalha com um treinador deste porte e que foi um grande zagueiro, você sempre dá razão e escuta com atenção o que ele fala.

- As lições do Blanc vão encurtar o teu caminho para a Seleção Brasileira?
R: Sempre escuto o que o Blanc tem a dizer, pois o vi jogar pela França e sei que ele foi um zagueiro fora de série. Estou sempre tentando dar o meu melhor. A Seleção Brasileira é consequência do meu trabalho no clube e estou tranquilo em relação a isso.

- Quem é o Laurent Blanc técnico?
R: Uma pessoa muito tranquila e que está sempre disposta a ajudar as pessoas. Ele conversa muito com nós jogadores e todos têm muito respeito por ele aqui na França.

- O futebol francês não ganha a Liga dos Campeões desde 1993, com o Olympique de Marselha. O que há com os clubes franceses? Até onde o Bordeaux pode chega na Liga dos Campeões deste ano?
R: A Liga dos Campeões é uma competição muito difícil e os clubes franceses, em termos de investimentos, não podem ser comparados a times como Chelsea e Barcelona, por exemplo. A prioridade no Bordeaux neste ano é passar da fase de grupos e daí em diante vamos brigar até nosso limite.

- O Campeonato Francês tem dois treinadores campeões do mundo em 1998: Blanc e Deschamps. Quem os franceses consideram melhor? Algum deles é cotado para suceder o Raymond Domenech na seleção?
R: Os dois são muito respeitados aqui na França, pois ambos têm uma história no futebol e conquistaram uma Copa do Mundo pelo país, em 1998. Não sei dizer quem poderá assumir a Seleção, mas acredito que Laurent Blanc vem mostrando que terá um futuro brilhante na carreira de treinador.

- Como o Bordeaux chega para a disputa do Francês? Mais forte? O que mudou?
R: Não mudou tanta coisa, mas o melhor goleiro do último Campeonato Francês foi contratado e será importante para o time nesta temporada. Além dele veio também o meia Plasil e o zagueiro Ciani. Perdemos o Diawara, que se transferiu para o Olympique de Marseille, mas acredito que a manutenção da base pode ser fundamental para a conquista de mais títulos. Acredito que o time está mais forte, mas isso terá que ser provado dentro de campo.

- É possível estabelecer uma hegemonia como a do Lyon?
R: Possível sempre é, mas é muito difícil e sabemos disso. Vencer sete campeonatos seguidos é algo raro no futebol e acontece com pouca frequência. O Lyon fez grandes temporadas e mereceu os títulos. Felizmente chegou a nossa vez e conseguimos interromper isso. Seria excelente construir uma hegemonia, mas temos que dar um passo de cada vez.

- Quem são os favoritos ao título?
R: Como conquistamos o título e mantivemos a base do time, acredito que estamos entre os favoritos. Além do Bordeaux, acho que Lyon, Marseille e Paris Saint Germain vão brigar pelo título. Será uma temporada disputada e promete muita emoção.

- Esta será a primeira temporada sem Juninho Pernambucano, que se tornou referência na França? Como acha que será o Lyon sem ele? O que representa o Juninho no futebol francês?
R: O Juninho foi uma referência nestes últimos anos e principalmente nos títulos do Lyon. Apesar disso, o Lyon se reforçou muito bem e com certeza brigará pelo título. A chegada do Michel Bastos, que é um jogador rápido e muito bom nas bolas paradas poderá manter o nível alto de atuações do Lyon. O Juninho fez história na França, mas o Lyon agora está buscando seguir sua vida sem ele.

- Quem é o brasileiro mais cotado no Campeonato Francês a assumir o papel de Juninho?
R: Na minha opinião, o Wendel, que atua comigo no Bordeaux, é um dos candidatos a assumir esse papel do Juninho. Ele é um jogador técnico, habilidoso e que faz gols. Fez uma bela temporada e foi fundamental na conquista do título. Claro que existem outros grandes jogadores, mas eu apostaria nele.

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