postado em 13/08/2009 08:50
Uma grande bola de borracha vem fazendo a diferença nos treinos ministrados pelo lutador Henrique Lima, praticante há dez anos e professor de jiu-jitsu na Companhia Atlética do Píer 21. Três dos pupilos daquele do-jô venceram as respectivas categorias no Campeonato Mundial disputado em São Paulo, há duas semanas - no qual o próprio mestre conseguiu a medalha de prata no peso pesado sênior faixa preta.
A bola faz parte da movimentação que os lutadores costumam chamar de uchi-komi. É a repetição dos movimentos que, na luta, faz o adversário desistir. Trata-se de uma parte do treinamento feita logo depois do aquecimento e antes dos treinos livres, em que eles se enfrentam durante pelo menos uma hora sem interrupção. Com a ajuda do acessório, introduzido nas academias do Rio e copiado país afora, trabalham-se os músculos do abdômen e o equilíbrio do corpo, ambos essenciais.
Marcos Sarres, 36, faixa preta, é um dos três alunos de Lima que venceram o Mundial de São Paulo. Ele ganhou a medalha de ouro no superpesado sênior. E conta que, diferentemente de outras artes marciais, o jiu-jitsu é mais elaborado e cada atleta tem uma forma própria de lutar. "Com o tempo você aprimora as técnicas e adepta as posições ao seu jogo", conta. Como na categoria de Marcos a grande característica dos lutadores é a força, a preocupação dele é aprender posições. "Preciso ser ágil e cansar o adversário." "O jiu-jitsu é uma luta dinâmica. Se um atleta tiver ganhando em pontuação, mas se desconcentrar pode sofrer uma finalização e acabar sendo derrotado", completa Lima.
Elasticidade
Rodrigo Correia de Melo pratica jiu-jitsu há dez anos e compara a modalidade a um jogo de xadrez. "Uma pegada que você troca e você mata o jogo. Nem sempre quem é considerado o melhor ganha", analisa. Em outubro, o brasiliense enfrenta seu primeiro Pan-americano. Rodrigo aposta no treino diário, em que também é submetido ao uchi-komi com bola, para estrear com vitória. "O importante é não ficar nervoso. Estou treinando bastante a técnica para os meus movimentos serem bem executados. É isso que dá confiança ao lutador", acredita.
Sobre a bola de borracha que vem fortalecendo seus atletas, Henrique Lima acha que ela melhora muito o condicionamento físico, o equilíbrio, a flexibilidade e a agilidade. Na Companhia Atlética, costuma ser acompanhada dos treinos específicos de jiu-jitsu e de musculação. De acordo com o professor, atletas de ponta recorrem a esse tipo de preparação no Brasil e no exterior.
A grande vantagem do jiu-jitsu, segundo Fabrício de Oliveira, é o aprendizado constante. "É um esporte que não enjoa. Sempre tem uma posição nova para aprender", relata. Marcos Sarres destaca também que, por ser uma luta que começa no chão, não tem queda nos treinos e causa poucas contusões. "Ao longo dos anos, isso faz toda a diferença", elogia.
Quem é ele
Marcos Sarres
Data de nascimento: 14/4/1973
Peso: 95kg
Altura: 1,88m
Profissão: empresário
Faixa: preta
Golpe: estrangulamento gola rodada
"É um golpe que para mim funciona muito bem. Eu já faço há muito anos e ele sai quase que naturalmente. Se eu aplico ele perfeitamente, venço a luta"
Quem é ele
Fabrício Chaves Cavalcante de Oliveira (Gil)
Data de nascimento: 6/2/1981
Peso: 86kg
Altura: 1,76m
Profissão: engenheiro
Faixa: roxa
Golpe: raspagem de meia guarda
"Essa é a minha especialidade. Depois que tive uma lesão no ombro tive que me adaptar. É uma posição em que meu ombro fica escondido e me sinto mais confiante"
Quem é ele
Rodrigo Correia Leal de Melo
Data de nascimento: 25/7/1979
Peso: 69kg
Altura: 1,70m
Profissão: servidor público federal
Faixa: roxa
Golpe: army drag com finalização no braço
"Quem é mais leve tem que recorrer aos golpes mais rápidos. A minha categoria requer mais velocidade e agilidade"