postado em 17/08/2009 13:53
Apesar de apoiar incondicionalmente a adequação do calendário do futebol brasileiro ao europeu e desejar ver a mudança aplicada o mais rapidamente possível, o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, alertou que tal alteração não tem data definida para acontecer e ainda terá de passar por inúmeros obstáculos antes de ser implantada no país.
"Há dois anos eu venho dizendo que, se pudesse dar uma canetada, a mudança aconteceria de um dia para o outro, mas não pode ser assim. Não é algo que pode ser feito em cima do joelho. Tem que se estudar o calendário sul-americano, ouvir os clubes, as televisões e os patrocinadores", alertou. "Para mim seria benéfico, mas há de se pesar os prós e os contras", emendou o presidente.
Ricardo Teixeira argumentou que não se trata simplesmente de uma alteração de datas de início e fim da competição, mas de uma mudança na cultura de como é visto o esporte no país. Por isso, tem ciência de que encontrará uma boa resistência para implantar o calendário europeu dentro do futebol brasileiro.
"Há de ser feita uma mudança global no futebol, não apenas no calendário. Tem de se implantar uma nova filosofia nos clubes, com maior responsabilidade fiscal e financeira. Além disso, muda também a cultura, pois, se fizemos esse calendário, haverá jogos no dia 23 de dezembro, no dia 2 de janeiro, no Carnaval. O projeto existe, mas tudo isso tem que ser estudado", repetiu.
Fim do êxodo? O presidente da CBF admitiu que a adequação do calendário brasileiro ao europeu deverá diminuir o êxodo de jogadores do país, mas alertou que a temida 'janela' de transferências não é o principal fator de transformação do Campeonato Brasileiro na metade da competição.
"Tem que haver uma modificação estrutural dentro dos projetos dos clubes, pois as vendas, muitas vezes, não são por causa da janela, e sim para pagar dívidas e tapar buracos", disparou Teixeira. "Alguns clubes têm gastos absurdos e um do meu estado (Rio de Janeiro), que não vou citar o nome, demite um técnico se não ganha a Taça Guanabara, outro se não é campeão carioca, outro se não vai bem no início do Brasileiro, mas continua pagando seus salários. Chega ao fim do ano pagando cinco técnicos. É isso o que tem de mudar, pois não há planejamento que resista".
O que pode terminar caso os calendários sejam unificados é o sofrimento de alguns times brasileiros nas chamadas 'datas-Fifa'. Ao contrário do que ocorre na Europa, onde as competições param em dias de jogos das seleções nacionais, o Brasileirão continua quando a seleção entra em campo para disputar amistosos e jogos que não são válidos por Eliminatórias.
Para o presidente Ricardo Teixeira, a resposta para o assunto é simples: "Isso acontece porque o calendário da Fifa é feito com base na Europa e não na América do Sul. Por isso pagamos um ônus. Essa é uma das razões para termos o projeto de mudar o calendário", concluiu.