Agência France-Presse
postado em 01/09/2009 17:21
Uma festa, mas com rigor, organização e disciplina: esta é a receita para o sucesso da Copa do Mundo de 2014, segundo os participantes do 27º Encontro Econômico Brasil-Alemanha, que começou segunda-feira em Vitória, no Espírito Santo. O Mundial de 2010 na África do Sul está próximo, e o Brasil tem problemas similares aos da nação africana para resolver em termos de organização do evento: infraestrutura, transporte e segurança.
Mas também tem as mesmas virtudes: um povo alegre e apaixonado por futebol, segundo os participantes da conferência que busca apresentar experiência adquirida pela Alemanha na organização do Mundial de 2006. Todos os palestrantes enfatizaram que as infraestruturas do Brasil precisam ser melhoradas para receber o Mundial.
"País, estados, municípios e setor privado estão investindo na infraestrutura. Todos os aeroportos vão sofrer obras. Pistas, terminais, aeronaves e estacionamentos serão ampliados ou modernizados. Terminais portuários serão reformados para receber os passageiros de cruzeiros, cujo número tende a crescer", prometeu Mário Moisés, secretário executivo do ministério brasileiro do Turismo. Em relatório publicado no dia 20 de agosto, a Associação Internacional do Transporte Aéreo (IATA) insistiu na necessidade de modernizar os aeroportos do país.
"Queremos ser associados a iniciativas nos setores de infraestrutura, organização e segurança", declarou o ministro alemão da Economia, Karl-Theodor zu Guttenberg, depois de uma reunião com o ministro brasileiro do Desenvolvimento, da Indústria e do Comércio Exterior, Miguel Jorge. O ministro assinalou que várias empresas alemãs já aprsentaram projetos para recuperação de estradas e a modernização de aeroportos e estádios em todo o país.
Na segunda, os alemães ressaltaram a importância de preservar o legado deixado por um Mundial. "Planejamento é fundamental. Sempre se deve pensar na sustentabilidade das obras de infraestrutura depois do Mundial", alertou Jan Schoening, da Siemens. "É assustador ver o que sobrou dos estádios italianos depois da Copa de 1990", concordou Markus Deecke, diretor de uma empresa de marketing.
O Maracanã e o Morumbi, os dois maiores estádios do país, não correspondem às normas da Fifa, e o custo das reformas foi avaliado em, respectivamente, 218 e 69 milhões de dólares. Moisés também insistiu na necessidade de "renovar e ampliar o parque hoteleiro".
De acordo com Jérôme Valcke, secretário-geral da Fifa, o Brasil já tem uma capacidade de 55.000 quartos. "A África do Sul, onde a Copa começa em menos de um ano, nem chegou aos 40.000", disse o francês há dois meses, logo após a Copa das Confederações no país africano.
Alguns especialistas também destacaram sistematicamente a escassez de vias de comunicação entre as cidades que serão sede durante o Mundial no Brasi. O representante do ministro brasileiro do Turismo também destacou os esforços em termos de segurança. "A segurança tem que discreta. O ideal é ter uma polícia bem treinada e bem preparada, sem armamento pesado. Vamos nos focar na prevenção", afirmou Moisés.
Os funcionários alemães também insistiram na importância da imagem projetada pelo país. "Todo mundo conhece a Alemanha por sua organização, então procuramos apresentar o país de uma forma diferente, ressaltando o lado mais amigável dos habitantes", explicou Dieter Garlick, diretor da consultora Deloitte & Touch, lembrando que o lema da última Copa foi "Alemanha-2006: é hora de fazer amigos".