postado em 01/09/2009 17:25
A batida de Nelsinho Piquet na 14ª volta do Grande Prêmio de Cingapura-2008, vencido pelo espanhol Fernando Alonso, então companheiro do brasileiro na Renault, despertou a suspeita da Federação Internacional de Automobilismo (FIA). A entidade investiga a possibilidade de o italiano Flávio Briatore, chefe do time francês, ter mandado o piloto sul-americano causar o acidente para beneficiar o bicampeão mundial.
O brasileiro Rubens Barrichello, que competida pela Honda e deixou a prova após um problema no carro, não acredita na hipótese. "As curvas em Cingapura eram apertadas. Para mim, não foi tão estranha (a batida), principalmente porque quebrou muito o carro. Se você vai bater de brincadeira, não quebra bastante. Primeiro de tudo, é uma surpresa muito grande um acontecimento como esse", afirmou o veterano.
Atual segundo colocado no Mundial a 16 pontos do inglês Jenson Button, seu companheiro na Brawn GP, Barrichello promoveu uma corrida de kart na tarde desta terça-feira, em Cotia. Ele preferiu não fazer grandes comentários sobre o assunto antes da conclusão da investigação organizada pela FIA sobre a primeira e única prova noturna da Fórmula 1.
"Acho muito fácil ser examinada a telemetria e chegar a uma conclusão", declarou o piloto. Antes de bater e deixar a prova, Nelsinho rodou ainda na volta de apresentação. "A pista de Cingapura é muito difícil e ondulada. Um acidente na saída de uma curva e colocando potência (acelerando) como ele colocou, não me parece estranho. Ali é muito apertado e qualquer um poderia ter batido daquela forma", disse.
Em Cingapura, Alonso conquistou a primeira de suas duas únicas vitórias em 2008. Depois de largar na 15ª posição, ele parou para reabastecer e contou com a providencial entrada do safety car após o acidente de Nelsinho para triunfar. Ao comentar o assunto, Barrichello lembrou do GP da Áustria de 2002, quando obedeceu a uma ordem da Ferrari e deixou Michael Schumacher vencer a prova a poucos metros do final.
"Comigo, aconteceram varias coisas na Ferrari, mas eram coisas públicas. Nunca me pediram algum escândalo nesse sentido. Quando foi pedido no radio para deixar passar, eu quis que fosse na última curva para ser uma coisa pública", explicou. O inglês Bernie Ecclestone, proprietários dos direitos comerciais da categoria, acenou com o final da carreira de Nelsinho na Fórmula 1. Barrichello também se mostrou preocupado.
"Eu espero que no caso do Nelsinho seja comprovado que não é verdade, porque será feio para a Fórmula 1 e feio para a carreira de um piloto brasileiro. Deixar passar já é feio. Existem uma série de coisas que são faladas no rádio e que a gente não gostaria de ouvir, mas existe um ser humano por trás disso. Para aceitar uma coisa dessas, seria muito errado", disse.
Barrichello contou que só tomou conhecimento do caso depois de voltar ao Brasil e ver o noticiário. Apesar de não acreditar em uma possível armação, ele reconhece que o assunto é polêmico. "Não tenha duvidas de que como aconteceu e na volta que aconteceu, isso geraria suspeita até em 1950, quando corriam outros pilotos em outro tipo de evento na Fórmula 1", encerrou.