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No "circo" da seleção, Dunga já ensina como deve ser um ídolo

postado em 03/09/2009 09:58
Dunga assumiu a seleção brasileira há três anos com a missão de renovar e enquadrar um grupo famoso por dar mais atenções a festas e eventos publicitários do que à Copa do Mundo de 2006. Foi logo contestado por seu currículo e esquema tático com três volantes antes de convencer com os títulos da Copa América e da Copa das Confederações. Credenciais que o permitem, agora, chamar o extra-campo de "circo" e até dar lições de vida. Elogiado também por recolocar o país na liderança do ranking da Fifa e em primeiro lugar nas Eliminatórias Sul-americanas para o Mundial de 2010, o ex-volante diminuiu sua irritação e cara fechada durante as entrevistas. Hoje, acredita que os gritos de "Adeus Dunga" e "Burro" que ouviu em estádios brasileiros serão trocados por muitos aplausos e palavras de incentivo. Ou seja, se vê como ídolo. "O ídolo não é aquele que é melhor sempre, mas aquele que passa uma mensagem positiva e postura correta", ensinou o treinador, sentindo já concentração na Granja Comary que a avaliação de seu trabalho é bem mais positiva. O comandante vê tanta empatia com o torcedor que pede mais critério no acompanhamento da equipe nacional. "A seleção é interessante e é importante o torcedor perceber isso. Todo mundo quer uma coisa diferente, aí criam um circo e vamos nós para o picadeiro dar resposta pelo circo que criaram", metaforizou. "Todo dia tenho que vir e desmentir coisas inventadas. É sempre a mesma coisa. Isso desgasta muito mais do que o trabalho no campo. Neste aspecto, meu trabalho nunca foi tranqüilo." A última polêmica que o irritou foi a divulgação de um plano para convocar Ronaldo para os dois últimos jogos das Eliminatórias, quando o Brasil já deve ter vaga no Mundial. A reação, porém, foi bem mais amistosa em relação a camarotes montados por dois patrocinadores da CBF para acompanhar os treinos em Teresópolis. "Minha questão é técnica. Se tiver campo para treinar, isso não me atrapalha", consentiu. E é no campo que Dunga se refugia do "circo", que teve até integrantes do Pânico, da Rede TV, expulsos da Granja Comary na quarta-feira por ofensas ao atacante Adriano. "Desde o nosso primeiro dia até hoje, criamos um ambiente dentro da seleção com uma postura que se manteve sempre. O dia a dia com os jogadores no campo e o trabalho no grupo sempre foi tranquilo por nossos resultados e pelo comprometimento de todos", elogiou. Mesmo assim, a classificação antecipada para a África do Sul era tão inesperada que o técnico vê até sorte em seu sucesso. "Não digo que foi uma surpresa. Eu esperava mais complicações principalmente fora de casa, mas as coisas correram bem e foram acontecendo porque merecemos. E seguramente tivemos sorte", admitiu.

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