postado em 10/09/2009 20:31
Flagrados por uso de eritropoietina recombinante (EPO) em um teste surpresa no último dia 15 de junho, Bruno Lins Tenório de Barros, Jorge Célio da Rocha Sena, Josiane da Silva Tito, Luciana França e Lucimara Silvestre foram ouvidos pela Comissão de Inquérito Administrativo da Confederação Brasileira de Atletismo (Cbat) na tarde desta quinta-feira, em São Paulo. O grupo confirmou os depoimentos prestados anteriormente e citou a saltadora Maurren Maggi como exemplo.
De acordo com informações da assessoria de imprensa da Cbat, além de reiterar as informações passadas previamente à Rede Atletismo, clube pelo qual competiam e foram demitidos, os atletas prestaram novos esclarecimentos e colaboraram com a investigação. Martinho Nobre dos Santos, superintendente técnico da Cbat, José Antônio Fernandes, presidente da Federação Paulista de Atletismo (FPA), e Thomaz Mattos de Paiva, presidente da Agência Antidoping da Cbat, formaram a Comissão.
Atual campeã olímpica, a saltadora Maurren Maggi, única brasileira a ganhar uma medalha de ouro olímpico em esportes individuais, foi suspensa por doping em 2003 e chegou a encerrar a carreira após se casar e ter uma filha. Livre da punição, retomou as atividades de forma bem-sucedida três anos depois. A volta por cima da atleta foi citada por alguns dos competidores, que abdicaram da contra-prova e começam a cumprir uma punição de dois anos.
"Se a Maurren voltou, por que nós não podemos voltar também?", questionou Josiane Tito, do revezamento 4x100m, que sonha com os Jogos Olímpicos de Londres-2012. "Nós estamos nos espelhando na Maurren. Vamos esperar os dois anos e começar a treinar de novo normalmente no final do que vem como se nada tivesse acontecido. Foi um equívoco e estamos pagando por isso, mas é claro que ainda dá tempo para recomeçar", completou.
Bruno Lins Tenório de Barros, que competia nos 200m e no revezamento 4x100m, também busca inspiração na campeã olímpica do salto em distância. "Ela serve de exemplo para todos nós. Isso não é um obstáculo. A gente não está morto e nada acabou para nós, muito pelo contrário. Dois anos passam rapidinho. Temos que manter a cabeça fria e esperar tudo passar", afirmou. Suspenso, ele já pensa no Pan-Americano de 2011. "Não tenho dúvida de que vou estar lá", disse.
Apenas Luciana França (400m com barreiras) não concedeu entrevista nesta quinta-feira. Entre os atletas que se pronunciaram, Jorge Célio da Rocha Sena era o mais nervoso e incomodado com a situação. Com voz trêmula, ele também recordou o exemplo de Maurren. "Ela conseguiu voltar e ser campeã olímpica. Vamos nos espelhar nela e voltar bem em 2011, ano de Mundial e Pan-Americano", disse o atleta dos 200m e do revezamento 4x100m.
Assim como Lucimara Silvestre, os demais atletas alegaram não saber que estavam usando uma substância proibida, manifestaram confiança no técnico Jayme Netto Júnior, que assumiu a responsabilidade pelo doping coletivo, e pediram o pronunciamento do fisiologista Pedro Balikian. "Foi um erro ter confiado tanto. Hoje, eu faria tudo de novo, porque confiava no meu técnico e continuo confiando", declarou a atleta do heptatlon.
Na parte da manhã, os membros da Comissão de Inquérito Administrativo da Cbat se reuniram com Rafael Trindade, médico da Agência Antidoping da Cbat, e Jorge Queiroz de Moraes Júnior, presidente da Rede Atletismo. Lucimar Teodoro, dos 400m com barreiras, flagrada com femproporex no Troféu Brasil, também foi ouvida. Nesta sexta, foram convocados os técnicos Jayme Netto Júnior e Inaldo Sena e o fisiologista Pedro Balikian.