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Atletas se prendem a técnico que assumiu culpa por doping

postado em 11/09/2009 10:59

Dos cinco atletas suspensos por uso de eritropoietina recombinante (EPO) - hormônio que melhora a capacidade de oxigenação do sangue -, três trabalhavam diretamente com o técnico Jayme Netto Júnior. Depois de dispensar a contraprova, o grupo está proibido de competir pelos próximos dois anos e se prende ao treinador que assumiu a culpa pelo caso de doping coletivo.

Com duas medalhas olímpicas (bronze em Atlanta-1996 e Prata em Sidney-2000), um vice- campeonato mundial (Paris-2003) e três títulos pan-americanos (Winnipeg-1999, Santo Domingo-2003 e Rio de Janeiro-2007) no currírulo, o treinador especialista no revezamento 4x100m mantém contato constante com os atletas dopados.

[SAIBAMAIS]Jayme Netto Júnior ainda costurou um acordo de patrocínio de três anos para os competidores suspensos com a Probiótica Laboratórios, fabricante de suplementos alimentares e esportivos. No momento em que assumiu a culpa, o técnico prometeu encerrar a carreira, mas garantiu que não abandonaria os atletas flagrados com a substância proibida.

Marcelo Bella, gerente de marketing da empresa, defende os competidores. "Na minha visão como profissional de marketing esportivo e nutrição esportiva, o que aconteceu foi um acidente de percurso, motivado por desinformação. Valores como o professor Jayme Netto e os atletas envolvidos não podem se perder precocemente", afirmou.

Antes de prestar depoimento à Comissão de Inquérito Administrativo da Confederação Brasileira de Atletismo (Cbat) na tarde da última quinta-feira, Lucimara Silvestre, do heptatlo, interrompeu sua entrevista para atender a uma ligação de Jayme Netto Júnior. Assim como os demais atletas, ela manifestou uma confiança inabalável no técnico e avisou que pretende seguir com ele.

"Ele nos liga todos os dias. Tenho certeza que meu treinador vai me ajudar nesses dois anos. Estou mais em casa e tenho saído pouco, mas minha vida não vai mudar em nada. A única diferença é que não vou estar recebendo", disse a competidora, que não pensa na possibilidade de exercer outra atividade no período de afastamento.

Jorge Célio da Rocha Sena e Bruno Lins Tenório de Barros (200m e 4x100m) também estão incluídos no programa de patrocínio acertado pelo treinador. "Minha vida ficou complicada no começo, mas com essa ajuda mensal que o Jayme conseguiu, está voltando ao normal", afirmou Sena, visivelmente nervoso e incomodado com a situação.

Lucimar Teodoro, flagrada pelo uso de femproporex no Troféu Brasil, também foi ouvida pela Comissão da Cbat. Após passar os últimos 14 anos ao lado de Jayme Netto, ela aguarda por novas instruções do treinador. "Eu amo ele como se fosse meu pai. Agora, vamos esperar uma posição do Jayme e ver o que ele tem para nos dizer. Ele nos mandou esperar um pouquinho para ver o que vai acontecer daqui para frente", disse.

Descanso


Josiane Tito, do revezamento 4x400m, trabalhava sob o comando do técnico Inaldo Sena. Diferente dos demais atletas punidos por doping, ela pretende parar de treinar temporariamente.

"Vou curtir a vida junto com o meu filho. Depois de 16 anos fazendo isso, quero descansar um pouco. Não quero nem saber de treinar", declarou a atleta. Ela pretende retomar os trabalhos apenas em outubro de 2010.

Com um filho de oito anos, Josiane ficou emocionada ao falar sobre a reação do garoto. "Ele ainda não entende e me pergunta: ;mãe, hoje você não vai treinar?;. Os amiguinhos também perguntam. É difícil de explicar isso para uma criança", disse.

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