postado em 11/09/2009 13:19
Presidente da Federação Internacional de Automobilismo (FIA), Max Mosley garantiu que Nelsinho Piquet não será punido pela entidade por supostamente ter batido de forma proposital durante o GP de Cingapura, no ano passado. Segundo o dirigente, o motivo é a colaboração do brasileiro nas investigações.
"Sim, dissemos isso a ele", confirmou Mosley, ao ser questionado pelo jornal inglês The Times se a FIA havia prometido deixar Nelsinho impune em caso de cooperação. "Não sei exatamente como tudo ficou acertado, mas ele realmente foi informado que, se nos dissesse a verdade, não seria processado por nós", afirmou.
Entretanto, ao falar sobre o tema, o presidente da entidade que rege o automobilismo mundial foi cauteloso - caso a farsa seja confirmada, a Renault está sujeita a sérias punições, assim como o chefe da equipe, Flavio Briatore, e o diretor de engenharia, Pat Symonds. Beneficiado pela manobra, Fernando Alonso também pode ser prejudicado se a FIA julgar que ele sabia de tudo.
"Se, e isso é um grande "se", eles forem culpados, obviamente é muito grave", analisou Mosley, que evitou estabelecer uma relação do caso com a descoberta que a McLaren espionava a Ferrari, em 2007 - na ocasião, a escuderia inglesa foi multada e perdeu todos os pontos do Mundial de Construtores. "Não sou eu quem deve dizer se é pior que o caso da McLaren, mas sim o Conselho Mundial. Por outro lado, uma das coisas ruins da McLaren foi a mentira e isso se voltou contra eles", afirmou.
"O que está sendo acusado agora provavelmente é mais grave (que a espionagem da McLaren). Em termos de penalização, se você olhar para outros esportes, verá que casos de manipulação de resultados são levados a sério. É um degrau pior. Se você é ciclista e se dopa, isso é trapacear, mas se você suborna outros ciclistas ou tem uma queda no pelotão para alguém liderar, é mais grave. Você coloca vidas em risco, seja os torcedores, dos fiscais ou dos próprios pilotos", destacou.
Max ainda lembrou que, até que haja provas, a Renault não pode ser considerada culpada. "Insisto: até que se ponha a defesa deles, temos que assumir que são inocente", alegou.
Interesse em derrubar Briatore? - Mosley ainda negou que a investigação do caso tenha como objetivo derrubar Flavio Briatore, seu inimigo político e acusado de ter ajudado no flagra no qual Max foi fotografado em uma orgia sadomasoquista de temática nazista em março de 2008, que quase destituiu o presidente da FIA do caso.
[SAIBAMAIS]"Isso não é plausível", alega Mosley. "Em primeiro lugar, temos a denúncia de um piloto. Precisamos investigá-lo. Se a Renault for inocente, nos dará a resposta completa. Não há motivos para a gente persegui-los, se eles não fizeram nada. Se isso for algum tipo de conspiração, será demonstrado. A única razão pela qual estamos investigando é que fatos nos foram apresentados", argumentou.
De acordo com ele, a FIA só está cumprindo a sua obrigação. "Se a gente ignorasse esta história, todo o mundo iria nos apontar, dizendo que "a Fórmula não é um esporte, mas sim um negócio". Eles também diriam que só porque há uma grande montadora envolvida, ou porque Bernie Ecclestone é amigo de Flavio, ninguém vai fazer nada. O mundo nos veria como corruptos", alegou.
Sobre o documento que circula na Internet, no qual Piquet supostamente confessa ter batido deliberadamente à FIA, Mosley não confirmou a sua veracidade - mas, ao mesmo tempo, não disse que o depoimento é falso. "Não vi nada que me faça acreditar ser uma falsificação", comentou, evasivo.